quarta-feira, 3 de abril de 2019

Ministro Sérgio Moro defende uso de snipers para abater criminosos


Perguntado sobre a intenção do governador do Rio de usar atiradores de elite para abater criminosos, ministro afirma que policial 'não precisa esperar levar tiro de fuzil para reagir'

Sérgio Moro na feira de segurança pública, no Rio(foto: Mauro Pimentel/AFP)

Rio de Janeiro – O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, demonstrou não ser contrário ao uso de atiradores de elite para abater criminosos portando fuzis em vias públicas, como deseja o governador fluminense, Wilson Witzel. Nessa terça-feira (2/4), no Rio, logo após dar palestra fechada na 12ª Laad Defence & Security – a mais importante feira de defesa e segurança pública da América Latina –, Moro não afirmou que é favor do uso desses atiradores (snipers), mas também não fez qualquer objeção à medida. 

“Precisaria saber melhor a que o governador está se referindo. O fato é que um policial não precisa esperar levar um tiro de fuzil para reagir. Mas é preciso averiguar em quais circunstâncias ocorreria essa autorização para o disparo a distância”, disse, admitindo não estar familiarizado com as ordens emitidas pelo chefe do Executivo estadual. Moro também afirmou no evento que a tecnologia pode ajudar a combater o crime organizado e demonstrou confiança na aprovação do seu pacote e do projeto da nova Previdência.

A atuação do crime organizado preocupa o ministro, que encara o problema com uma necessidade de ações intersetoriais. “Não há nenhuma dúvida de que milícias e traficantes são integrantes de organizações criminosas. Para mim, Comando Vermelho, PCC e milícias são a mesma coisa. Muda um pouco o perfil do criminoso, mas constituem uma criminalidade grave e que tem de ser combatida”, afirma. De acordo com ele, há bolsões de pobreza e comunidades em que isso se agrava devido à ausência do Estado. 

“Em locais como o Rio de Janeiro há dificultadores, como o domínio territorial desses grupos. É um desafio grande que não começou de hoje. Já foram tentadas no passado algumas soluções. Para mim, parece óbvio
fazer uma concentração de políticas de segurança, aliadas a políticas urbanísticas e políticas sociais”, disse. Moro destacou que a tecnologia é essencial para um setor tão importante e com dificuldade de recursos, justamente por potencializar resultados e baratear custos.

Reforma

Sobre a nova Previdência, o ministro disse que o tema é primordial. “É um momento de conversa e de exposição aos parlamentares tanto do pacote anticrime quanto da nova Previdência. Se não equalizarmos as regras da Previdência teremos um problema fiscal e vão faltar recursos a várias áreas, como, por exemplo, à segurança pública, à educação e à saúde”, disse. 

Para ele, os dois projetos têm urgência de aprovação. “O projeto anticrime é importante, pois altera questões pontuais da segurança e da Justiça que precisam ser resolvidos. A resolução, por exemplo, por meio de lei, de (ser regra) a execução da pena em segunda instância. Com diálogo, tenho confiança de que em mais ou menos tempo, com eventuais modificações e aprimoramentos o governo vai conseguir aprovar essas medidas”, disse.

O Ministério da Justiça e Segurança é um dos apoiadores da feira e tem estande no evento, assim como a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança Pública e a Polícia Rodoviária Federal. 

“Há muitas empresas trazendo opções para a área de segurança e de tecnologia. Sempre que investimos em tecnologia conseguimos diminuir custos e facilitar o trabalho dos agentes da área de segurança. Isso é muito importante e por isso precisamos acompanhar de perto”, disse. 

De acordo com Moro, algumas áreas chamam mais a atenção do que outras. Uma das áreas que o ministro destacou necessitar de estar à frente na tecnologia empregada é a de segurança dos presídios. “Têm sido avaliadas melhorias tecnológicas como as de raios X, body scam (escaneamento corporal) e inibidores de sinais de celulares. Nas outras áreas buscamos também melhoria na comunicação e soluções de informática”, citou.

Furto de pistola

Enquanto o vice-presidente Hamilton Mourão participava da abertura da LAAD Defence and Security para representantes de forças de segurança do Brasil e de todo mundo, uma pistola que estava exposta no evento foi furtada. O armamento, uma Beretta 9 milímetros, estava preso por um cabo de aço para que as pessoas a manuseassem e experimentassem suas funções. De acordo com a fabricante, o equipamento não é funcional, pois dispõe apenas das peças necessárias para ser exibido.

A segurança do evento é feita pelo Exército, que registrou o ocorrido, mas não informou se algum suspeito foi identificado até o momento. O modelo levado é uma APX Comppact, que custa cerca de 400 euros. Algo em torno de R$ 1.500, sem a incidência dos impostos devidos e taxas de importação que podem fazer com que o modelo chegue ultrapasse os R$ 4 mil.

Fonte: Correio Braziliense