sexta-feira, 25 de abril de 2025

Justiça Seletiva: Por que só Collor está preso?

 A prisão de Fernando Collor escancara a desigualdade na aplicação da lei após a Lava Jato. Enquanto alguns têm condenações anuladas, outros enfrentam a força total do Judiciário.


A prisão do ex-presidente e ex-senador Fernando Collor reacendeu uma discussão necessária: a forma seletiva com que o Poder Judiciário tem tratado os réus da Operação Lava Jato.

Não se trata de defender Collor. A culpa ou inocência dele já foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal. O ponto aqui é outro: por que ele é o único condenado da Lava Jato que está cumprindo pena em regime fechado? O que justifica que outros nomes — alguns com penas maiores, outros com diversas ações — estejam em liberdade?

A resposta parece estar menos nas leis e mais no jogo político e jurídico. A frase atribuída a Maquiavel resume bem esse cenário:

“Aos amigos, os favores; aos inimigos, a lei.”

Hoje temos um presidente da República cujas condenações também vieram da Lava Jato, mas que foram anuladas pelo STF, não por mudança dos fatos, mas por decisões baseadas em competência territorial e vícios processuais. A mesma Corte que anulou condenações importantes para uns, manteve a de Collor e determinou sua prisão imediata.

Essa disparidade levanta sérias dúvidas sobre a imparcialidade do sistema de Justiça. A Constituição Federal, em seu artigo 5º, afirma que “todos são iguais perante a lei.” Mas a prática mostra que a Justiça tem adotado pesos e medidas diferentes, muitas vezes influenciada por fatores externos — como alinhamentos políticos, interesses institucionais ou conveniências momentâneas.

Se a Justiça quer manter sua credibilidade, precisa ser coerente. Não se pode agir com dureza seletiva, punindo uns com rigor enquanto oferece benevolência a outros. Isso não é justiça — é perseguição travestida de legalidade.

A prisão de Collor, em si, não é o problema. O problema é que só ele está preso. E, num Estado Democrático de Direito, isso não é normal — é preocupante.

Fonte: A redação