Interlocutores que estiveram com o ministro da
Economia, Paulo Guedes, na quarta-feira (3 de abril), depois de toda a confusão
na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, e na manhã desta quinta
(4 de abril), perceberam o quanto ele ficou devastado com o constrangimento ao
qual foi submetido.
Contudo, esses mesmos interlocutores reconhecem
que, apesar de todo o aborrecimento, Guedes não entregará os pontos. “Quem
conhece o ministro sabe o quanto ele está comprometido com os projetos de
mudanças no país, a começar pela reforma da Previdência”, diz um amigo.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil |
Guedes ficou surpreso com a organização da
oposição durante seu depoimento na CCJ e assustado com a falta de ação da base
do governo. Ele reconhece que errou em alguns momentos, ao aceitar as
provocações. Mas não se arrepende de ter partido para o confronto com o
deputado Zeca Dirceu (PT-PR), que o agrediu com palavras de baixo calão ao
chamá-o de “tigrão” e “tchutchuca”.
Bolsonaro
Quem conhece o ministro espera que a reação do
governo, mais precisamente do presidente Jair Bolsonaro, seja contundente em
defesa do ministro. “O Palácio do Planalto precisa mostrar, de forma enfática,
que não deixará o ministro sozinho, entregue aos leões”, assinala um técnico da
equipe econômica.
Entre os auxiliares do ministro da Economia, a
determinação é para que a “guerra pela nova Previdência” seja levada adiante. A
percepção é de que, neste momento, a oposição está na frente do debate, mas, se
o governo conseguir agir rápido e montar uma base sólida, a reforma será
aprovada dentro do cronograma previsto.
“Não há dúvidas de que, mais do que nunca, o
futuro da reforma está nas mãos do governo. O ministro Paulo Guedes continuará
fazendo o seu trabalho, não se furtará de voltar ao Congresso, quando
convidado, mas, certamente, o Planalto terá que lhe dar suporte. Creio que a
lição foi apreendida com toda a confusão na CCJ”, afirma um assessor de Guedes.
Fonte: Correio Braziliense