Ex-presidente diz ter consciência
tranquila sobre acusações do MPF. Procuradores afirmam que Lula era o
'comandante' da Lava Jato.
Em
evento do diretório do PT em São Paulo, com a presença de várias lideranças
políticas e de movimentos sociais, Lula voltou a negar irregularidades e
afirmou que ganhou o direito de "andar de cabeça erguida" no país.
Ele chegou a chorar em alguns momentos do discurso.
"Todas
essas denúncias, tenho a consciência tranquila, e mantenho o bom humor, porque
me conheço, sei de onde vim, sei para onde vou, sei quem me ajudou a chegar
onde estou, sei quem quer que eu saia, sei quem quer que eu volte."
Lula
disse falar como um "cidadão indignado", e não como político.
"Nunca pensei em passar por isso." Para o ex-presidente,
"construíram uma mentira" e agora é hora de "concluir a
novela". "Vão agora dar o desfecho, acabar com a vida política do
Lula. Não existe outra explicação para o espetáculo de pirotecnia que fizeram
ontem [quarta]."
Para
Lula, a lógica de coletivas de imprensa como a do MPF é dar manchete,
"mostrar quem vamos demonizar. Isso acontece desde 2005". "O PT
é tido como partido que tem que ser extirpado da política brasileira." Ele
questionou como se convoca uma entrevista para apresentar a prova de um crime e
diz: "Eu não tenho prova, mas tenho convicção". "Eu não posso
dizer que convicção eu tenho deles."
O
ex-presidente defendeu o fortalecimento do Ministério Público e da Polícia
Federal, mas disse que é preciso ter responsabilidade. "Respeito as
instituições e respeito as leis. Vou prestar quantos depoimentos quiserem. É só
me chamar", afirmou.
"Quando
eu transgredir a lei, me punam para servir de exemplo. Mas quando eu não
transgredir, procurem outro para criar problema." O ex-presidente declarou
ainda que "ninguém está acima da lei, nem um ex-presidente, nem um
procurador da República, nem um ministro do Supremo Tribunal Federal".
Lula
disse não tem espaço para ficar triste. Com lágrimas nos olhos, o ex-presidente
afirmou que "sabe o que é, num domingo de chuva, com cinco irmãos, em São
Bernardo do Campo, esperando a hora do almoço sem ter um bocado