Polícia
conclui inquérito que apurou a morte da estudante e modelo Natália Ribeiro dos
Santos Costa. O rapaz que entrou com ela no Lago Paranoá será indiciado por
omissão de socorro
A morte da modelo e estudante Natália Ribeiro
dos Santos Costa, 19, foi um acidente. Essa é a conclusão do inquérito da 5ª
Delegacia de Polícia (Área Central), divulgado na tarde desta segunda-feira
(29/4). De acordo com os investigadores, o jovem de 19 anos, morador da Asa
Norte, que entrou com ela no Lago Paranoá, onde ela morreu afogada, será
indiciado por omissão de socorro, cuja pena varia de dois meses a um ano e meio
de prisão.
O delegado-chefe Gleyson Gomes Mascarenhas diz
que, ao todo, 35 testemunhas foram ouvidas durante a investigação sendo que 32
delas estavam no clube onde Natália e outros jovens se divertiam em um
churrasco. Ainda de acordo com a polícia, a vítima e o jovem que chegou a ser
apontado como suspeito se conheceram no dia do evento. "Ficou comprovado
que os dois não tinham nenhum relacionamento anteior. Além disso, as lesões
encontradas no corpo da vítima foram ocasionados pós-morte", esclareceu.
A advogada que representa a família de Natália,
Juliana Porcaro, contestou a tipificação do crime. "Não foi apenas uma
omissão de socorro. Houve um crime. Vou pedir para ter acesso ao relatório
final da Polícia Civil e analisar o caso para saber quais medidas iremos
tomar", disse. Ela afirmou ainda que aguardará o parecer do Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
O defensor do rapaz, Carlos André Praxedes,
fortaleceu que a conclusão do inquérito foi a mesma defendida por ele. “O
relatório final do inquérito policial concluiu que a morte da universitária foi
um afogamento acidental, não tendo qualquer relação ou participação do jovem”,
disse. Quanto ao indiciamento do jovem por omissão de socorro, Carlos Praxedes
considera que “sequer é possível responsabilizá-lo por este delito, pois além
de elevado nível de embriaguez em que se encontrava, também seria prejudicial à
ação da autoridade”, acrescentou.
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Polícia diz que afogamento foi acidental e indicia rapaz que entrou com Natália no lago por omissão de socorro(foto: Darcianne Diogo/CB/D.A. Press) |
Morte no Lago Paranoá
O corpo de Natália
foi encontrado no Lago em 1º de abril. Imagens captadas pelas câmeras de
segurança do Grupamento dos Fuzileiros Navais registraram
os últimos minutos da estudante com vida. O vídeo mostra a universitária
chegando ao espelho d’água, no Clube Almirante Alexandrino (Caalex),
acompanhada do rapaz. Depois, só ele sai da água. O jovem volta a entrar no
Lago Paranoá outras duas vezes. Após não ver mais Natália, ele pega impulso para
subir o barranco para voltar ao churrasco do Caalex.
De acordo com informações da Polícia Civil,
Natália afundou em uma área com 3 metros de profundidade. Conforme o laudo
cadavérico do Instituto de Medicina Legal (IML), Natália morreu vítima de afogamento. Todas
as marcas no corpo dela ocorreram após a morte, durante o tempo em que ela
ficou imersa no Lago Paranoá.
O resultado do exame toxicológico da
universitária também indica que ela consumiu entorpecentes. Contudo, peritos
não puderam precisar se a mulher consumiu as drogas na festa ou em data
anterior. Quase 24 horas após o corpo ser encontrado, ainda havia 0,7 miligrama
de álcool por litro de ar expelido dos pulmões.
Memória
Natália Costa cursou um semestre de jornalismo
na Universidade Paulista (Unip) e foi aprovada para o curso de letras na
Universidade de Brasília (UnB) no segundo semestre de 2018. Morava no Paranoá,
onde nasceu e cresceu. Vaidosa e considerada a mais bonita da turma, Natália
chamava a atenção também pelo carisma. Amigos lembram dela como uma pessoa
carinhosa.
* Estagiária sob supervisão de Mariana
Niederauer
Fonte: Correio Braziliense