Segundo os analistas, a taxa de desemprego deve saltar dos atuais 12,4% para quase 16% em 2020
(foto: Kleber Sales/CB/D.A Press)
Apesar da surpresa positiva do Caged de junho, ainda não é
possível esperar um alívio no desemprego. Especialistas explicam que o mercado
pode até parar de destruir vagas, mas não vai ter força para reabsorver todos
os que foram demitidos nos últimos meses, já que a recuperação econômica vai
ser lenta. E ainda preveem um aumento da taxa de desemprego quando o
distanciamento social e o auxílio emergencial chegarem ao fim. Por isso, dizem
que, no fim do ano, o saldo do emprego ainda será negativo.
“Tivemos dados melhores que o esperado
em junho, mas o resultado acumulado no primeiro semestre ainda é o pior da
história”, lembrou a economista da Coface para a América Latina, Patrícia
Krause. Ela acrescentou que, apesar do alívio observado nos indicadores
econômicos de maio e junho, a recuperação deve ser lenta e rodeada de
incertezas. E isso não deve estimular um grande número de contratações nos
próximos meses, fazendo com que muitos trabalhadores não consigam voltar a suas
ocupações. “O mercado de trabalho é o último a se acomodar em uma crise. Por
isso, o problema ainda não está resolvido”, reforçou o economista do Insper,
Fábio Astrauskas.
Além disso, os economistas ainda enxergam alguns fatores de risco a curto prazo. Os principais são o fim do auxílio emergencial e o fim do distanciamento social, já que, devido a essas medidas, muitos desocupados ainda não estão à procura de uma vaga e, por isso, não pressionam a taxa de desemprego. “Quando isso acabar, as pessoas vão voltar a procurar trabalho, o que vai manter a taxa de desemprego em alta nos próximos meses”, explicou Patrícia.