sexta-feira, 5 de abril de 2019

Temer vira réu pela 4ª vez, agora por reforma na casa da filha Maristela


Além do ex-presidente, também se tornaram réus a filha, Maristela, João Batista Lima Filho - o coronel Lima, amigo pessoal do emedebista - e sua esposa, Maria Rita Fratezi

(foto: Minervino Junior/CB/D.A Press)

A Justiça Federal em São Paulo aceitou nesta quinta-feira (4/4) uma nova denúncia contra o ex-presidente Michel Temer. Desta vez, o emedebista é acusado de lavagem de dinheiro em um esquema que envolveu a reforma da casa de sua filha, Maristela Temer, no bairro de Alto de Pinheiros, na capital paulista. É a quarta vez que o ex-presidente se torna réu.

A denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) na terça -feira (2/4) foi aceita pelo juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo. Além de Temer, também se tornaram réus a filha, Maristela, João Batista Lima Filho — o coronel Lima, amigo pessoal do emedebista — e sua esposa, Maria Rita Fratezi.


Segundo a denúncia, a reforma da casa de Maristela custou R$ 1,6 milhão e foi feita com dinheiro de propina e desvios nas obras da Usina Nuclear de Angra 3, em Angra dos Reis (RJ). Essas mesmas obras foram investigadas na Operação Descontaminação, um desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro e que chegou a levar Michel Temer para a cadeia, em 21 de março.

Também conforme o MPF, a denúncia é agravada pelo fato de o dinheiro da reforma ter sido obtido por uma organização criminosa, a mesam que foi alvo da denúncia do Quadrilhão do MDB.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Michel Temer, mas não obteve retorno até a última atualização.

Em nota, o advogado de Michel Temer, Eduardo Carnelós, nega irregularidades, afirma que o MPF formulou "a denúncia a galope" e avalia que a acusação "além de não possuir base em provas idôneas, é infame": "Essa acusação estapafúrdia revela, além do desrespeito de seus autores pelo Direito, o propósito vil de usar a filha de Michel Temer para atingi-lo, o que merece o repúdio de quem, mesmo em relação a adversários políticos, preserva íntegro o senso de decência". 

Confira a nota da defesa na íntegra
"A acusação de lavagem de dinheiro por meio da reforma da casa de uma das filhas de Michel Temer, além de não possuir base em provas idôneas, é infame.

Os fatos relacionados àquela reforma foram indevidamente inseridos no inquérito que apurava irregularidades na edição do chamado Decreto dos Portos, que tramitou perante o STF, o qual, aliás, transformou-se em verdadeira devassa, sem nenhum respeito à norma do Juiz Natural. Naquela fase, a filha do ex-Presidente foi ouvida e prestou todos os esclarecimentos quanto à origem dos recursos utilizados nas obras, e agora, sem promover investigação sobre as explicações por ela apresentadas, o MPF-SP formulou a denúncia a galope, logo depois que os mesmos fatos foram usados pelo MPF-RJ para requerer e obter a decretação da prisão de Temer. Quando o tema surgiu naquele inquérito 4621 do STF, dizia-se que os recursos destinados à reforma teriam vindo de corrupção envolvendo empresa que presta serviços ao Porto de Santos. Num momento seguinte, o dinheiro teria vindo a JBS, e, finalmente, eis que a fonte pagadora teria sido empresa de outro delator cujo acordo foi distribuído ao mesmo relator do inquérito 4621, apesar de ele tratar de assuntos relacionados à Eletronuclear, em nada vinculados ao Porto de Santos. O fato é que nenhum dinheiro fruto de corrupção foi empregado na obra da reforma, pela simples razão de que o ex-Presidente não recebeu dinheiro dessa espécie.

Essa acusação estapafúrdia revela, além do desrespeito de seus autores pelo Direito, o propósito vil de usar a filha de Michel Temer para atingi-lo, o que merece o repúdio de quem, mesmo em relação a adversários políticos, preserva íntegro o senso de decência.

Eduardo Carnelós" 

Fonte: Correio Braziliense