Além
do ex-presidente, também se tornaram réus a filha, Maristela, João Batista Lima
Filho - o coronel Lima, amigo pessoal do emedebista - e sua esposa, Maria Rita
Fratezi
(foto: Minervino Junior/CB/D.A Press) |
A Justiça Federal em São Paulo aceitou nesta
quinta-feira (4/4) uma nova denúncia contra o ex-presidente Michel Temer. Desta
vez, o emedebista é acusado de lavagem de dinheiro em um esquema que envolveu a
reforma da casa de sua filha, Maristela Temer, no bairro de Alto de Pinheiros,
na capital paulista. É a quarta vez que o ex-presidente se torna réu.
A denúncia feita pelo Ministério Público
Federal (MPF) na terça -feira (2/4) foi aceita pelo juiz Diego Paes Moreira, da
6ª Vara Federal Criminal de São Paulo. Além de Temer, também se tornaram réus a
filha, Maristela, João Batista Lima Filho — o coronel Lima, amigo pessoal do
emedebista — e sua esposa, Maria Rita Fratezi.
Segundo a denúncia, a reforma da casa de
Maristela custou R$ 1,6 milhão e foi feita com dinheiro de propina e desvios
nas obras da Usina Nuclear de Angra 3, em Angra dos Reis (RJ). Essas mesmas
obras foram investigadas na Operação Descontaminação, um desdobramento da
Lava-Jato no Rio de Janeiro e que chegou a levar
Michel Temer para a cadeia, em 21 de março.
Também conforme o MPF, a denúncia é agravada
pelo fato de o dinheiro da reforma ter sido obtido por uma organização
criminosa, a mesam que foi alvo da denúncia do Quadrilhão do MDB.
A reportagem entrou em contato com a defesa de
Michel Temer, mas não obteve retorno até a última atualização.
Em nota, o advogado de Michel Temer, Eduardo
Carnelós, nega irregularidades, afirma que o MPF formulou "a denúncia a
galope" e avalia que a acusação "além de não possuir base em provas
idôneas, é infame": "Essa acusação estapafúrdia revela, além do
desrespeito de seus autores pelo Direito, o propósito vil de usar a filha de
Michel Temer para atingi-lo, o que merece o repúdio de quem, mesmo em relação a
adversários políticos, preserva íntegro o senso de decência".
Confira a nota da defesa na íntegra:
"A acusação de lavagem de dinheiro por
meio da reforma da casa de uma das filhas de Michel Temer, além de não possuir
base em provas idôneas, é infame.
Os fatos relacionados àquela reforma foram
indevidamente inseridos no inquérito que apurava irregularidades na edição do
chamado Decreto dos Portos, que tramitou perante o STF, o qual, aliás,
transformou-se em verdadeira devassa, sem nenhum respeito à norma do Juiz
Natural. Naquela fase, a filha do ex-Presidente foi ouvida e prestou todos os
esclarecimentos quanto à origem dos recursos utilizados nas obras, e agora, sem
promover investigação sobre as explicações por ela apresentadas, o MPF-SP
formulou a denúncia a galope, logo depois que os mesmos fatos foram usados pelo
MPF-RJ para requerer e obter a decretação da prisão de Temer. Quando o tema
surgiu naquele inquérito 4621 do STF, dizia-se que os recursos destinados à
reforma teriam vindo de corrupção envolvendo empresa que presta serviços ao
Porto de Santos. Num momento seguinte, o dinheiro teria vindo a JBS, e,
finalmente, eis que a fonte pagadora teria sido empresa de outro delator cujo
acordo foi distribuído ao mesmo relator do inquérito 4621, apesar de ele tratar
de assuntos relacionados à Eletronuclear, em nada vinculados ao Porto de Santos.
O fato é que nenhum dinheiro fruto de corrupção foi empregado na obra da
reforma, pela simples razão de que o ex-Presidente não recebeu dinheiro dessa
espécie.
Essa acusação estapafúrdia revela, além do
desrespeito de seus autores pelo Direito, o propósito vil de usar a filha de
Michel Temer para atingi-lo, o que merece o repúdio de quem, mesmo em relação a
adversários políticos, preserva íntegro o senso de decência.
Eduardo Carnelós"
Fonte: Correio Braziliense