Em 2013, foram R$ 586,8 mil;
gasolina é suficiente para 58 voltas na Terra. Distritais foram intimados para
justificar gasto; Justiça do DF decidirá tema.
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Chefe da 4º Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do MPDFT, Fábio Macêdo Nascimento (Foto: Mateus Rodrigues/G1) |
Os 24 deputados da Câmara
Legislativa do Distrito Federal receberam
intimações da Justiça local nesta terça-feira (25) para apresentar argumentos
que justifiquem o uso de verba indenizatória para pagar combustível e
lubrificante de veículos privados. O tema é alvo de ação do Ministério Público
do DF, que questiona o reembolso de R$ 586,8 mil aos distritais em 2013 com
abastecimento dos carros particulares.
Segundo o chefe da 4º
Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do MP, Fábio Macêdo Nascimento, a
ação não questiona o dinheiro empenhado anteriormente, mas tenta impedir a
repetição do gasto. “O uso da verba indenizatória para combustível é regulado
por um ato de 2012 da Mesa Diretora da Câmara. A ação civil pública pede uma
‘obrigação de não fazer’, ou seja, que a Justiça proíba essa utilização do
dinheiro público”, afirma.
Em 2013, o preço da gasolina
no DF variava próximo a R$ 3. A este valor, seria possível comprar 196 mil
litros de gasolina com os R$ 586,8 mil ressarcidos aos
distritais no mesmo
período.
A soma seria suficiente para
encher 3.563 tanques de um carro popular, com capacidade para 55 litros. A um
desempenho médio de 12 quilômetros por litro na cidade, seria possível
percorrer 2,352 milhões de quilômetros – mais de seis vezes a distância média
da Terra à Lua, ou quase 60 voltas em torno da Terra.
Economia
Segundo o promotor, há um contrato em execução na Câmara para abastecimento “ininterrupto” dos carros oficiais, no valor anual de R$ 130,8 mil. O MP sugere que o combustível dos carros privados, para uso dos distritais em serviço, também seja incluído na licitação para baratear o custo.
Segundo o promotor, há um contrato em execução na Câmara para abastecimento “ininterrupto” dos carros oficiais, no valor anual de R$ 130,8 mil. O MP sugere que o combustível dos carros privados, para uso dos distritais em serviço, também seja incluído na licitação para baratear o custo.
“Em uma licitação, você
trabalha com o menor valor. Se todo esse dinheiro fosse licitado em um único
contrato, o poder de barganha aumentaria muito. Isso permitiria um desconto
sobre a gasolina paga, talvez não fosse necessário gastar tanto”, diz.
O processo tramita no
Tribunal de Justiça do DF e já estava em fase final, mas o magistrado decidiu
abrir espaço para a manifestação dos novos distritais, empossados em janeiro.
Os deputados da legislatura anterior já apresentaram defesas, documentos e
esclarecimentos à Justiça sobre o tema, mas foram intimados novamente.
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Fachada da Câmara Legislativa do DF, com escultura da artista plástica paulista Maria Pi Zampieri (Foto: Silvio Abdon/Câmara Legislativa) |
Verba alta
Além de combustível e lubrificante veicular, os 24 distritais podem recorrer à verba indenizatória para ressarcir despesas com locação de imóveis e veículos, materiais de limpeza, contratação de consultoria e material de escritório.
Além de combustível e lubrificante veicular, os 24 distritais podem recorrer à verba indenizatória para ressarcir despesas com locação de imóveis e veículos, materiais de limpeza, contratação de consultoria e material de escritório.
A lista se refere a compras
“extras”. No prédio da Câmara Legislativa, os gabinetes já são equipados com
computadores, material elétrico e de escritório. A verba é chamada
“indenizatória” porque é liberada após o gasto, mediante apresentação de notas
fiscais.
Cada parlamentar pode usar
até R$ 20 mil mensais, desde que comprove os gastos. Se todo o valor fosse
resgatado, o gasto seria de R$ 480 mil por mês, ou R$ 23,04 milhões nos quatro
anos de legislatura.
Na última sessão legislativa
de 2014, os parlamentares aprovaram decreto com reajuste de 26,2% nos próprios
salários. Desde janeiro, os distritais recebem R$ 25,2 mil mensais, valor
próximo ao vencimento da presidente Dilma Rousseff (R$ 26,7 mil).
Os parlamentares recebem,
ainda, auxílio pré-escolar de R$ 657,59 e auxílio alimentação de R$ 1.034,59.
Esses adicionais e a verba indenizatória não foram reajustados no decreto do
ano passado.
Fonte:
G1