Pedro Barusco depositou na
Suíça dinheiro recebido como propina. Repatriação é resultado de acordo de
delação premiada do ex-gerente.
O Ministério Público Federal
(MPF) informou nesta quarta-feira (11) que obteve a repatriação da Suíça de R$
182 milhões enviados para aquele país pelo ex-gerente da PetrobrasPedro
Barusco, um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras investigado
pela Operação Lava Jato.
A operação de repatriação do
dinheiro desviado da estatal foi conduzida pela Secretaria de Cooperação
Internacional do MP e é resultado do acordo de delação premiada firmado entre
Barusco e o Ministério Público.
No início da tarde, o MPF
tinha anunciado que o valor repatriado era de R$ 139 milhões, quantia
depositada na conta da 13ª Vara da Justiça Federal, em
Curitiba, onde tramitam
processos referentes à Lava Jato.
Mais tarde, informou que
também houve a recuperação de outros R$ 43 milhões. Esse valor extra, no
entanto, ainda estava dividido em várias moedas, como dólar, euro, libra e
franco suíço e ainda não tinha sido convertido para real. Após a conversão,
também será depositado na conta da Justiça, totalizando assim R$ 182 milhões.
Total recuperado
Os valores repatriados da Lava Jato já são o maior montante recuperado no exterior. Segundo o Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça (DRCI), até novembro de 2014, o Brasil havia trazido de volta cerca de R$ 45 milhões em recursos desviados para fora do país.
Segundo nota divulgada nesta
quarta pela 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, que conduz o caso na capital
paranaense, o valor repatriado será posteriormente devolvido à Petrobras, “com
eventuais condicionamentos para o seu emprego”.(Veja a íntegra da nota
no final da reportagem)
No total, Pedro Barusco
admite ter depositado em bancos suíços US$ 97 milhões – cerca de R$ 298
milhões, ao câmbio deste quarta. Pelo acordo de delação premiada, ele aceitou
colaborar com as investigações e devolver os recursos em troca da possibilidade
de redução da pena.
A nota da 13ª Vara Federal
Criminal de Curitiba informa ainda que o valor exato do depósito do dinheiro
repatriado é de R$ 139.666.471,17. Segundo o texto, no acordo de delação
premiada, Barusco se comprometeu a depositar em juízo R$ 3,25 milhões
referentes a multa compensatória penal e a devolver US$ 67,5 milhões acrescidos
de rendimentos financeiros.
Viagem à Suiça
Em novembro, uma delegação do Ministério Público Federal foi à Suíça para tentar a repatriação de US$ 26 milhões depositados em bancos suíços pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Segundo a delação premiada, ele desviava recursos em favor do PP.
Na viagem à Suíça, os
procuradores da República buscaram identificar outras contas onde era
depositado dinheiro "sujo", bloquear essas contas e rastrear o
dinheiro que passou por elas.
Movimentações assim são
típicas de lavagem de dinheiro, crime que consiste em dar aparência de
legalidade a recursos obtidos irregularmente.
CPI
Nesta terça-feira (10), Barusco prestou depoimento à CPI da Petrobras e admitiu publicamente ter recebido propina e desviado dinheiro de contratos firmados pela estatal com outras empresas.
Nesta terça-feira (10), Barusco prestou depoimento à CPI da Petrobras e admitiu publicamente ter recebido propina e desviado dinheiro de contratos firmados pela estatal com outras empresas.
“É um caminho que não tem
volta. Você começa a receber no exterior um recurso ilegal, é uma espada na sua
cabeça, não tem saída, não tem saída”, afirmou aos deputados. “Se no começo eu
tive a fraqueza de começar, teve uma fase que fiquei um pouco feliz, mas depois
veio um temor e quase um apavoramento de ter todo esse dinheiro”, disse.
Durante a audiência na CPI, Barusco reafirmou o que
já dissera em sua delação premiada: que repassou US$ 300 mil à campanha
presidencial de Dilma Rousseff em 2010 – o que o PT nega – e que acumulou,
desde 1997, US$ 97 milhões em propina, quantia a ser devolvida aos cofres
públicos.
Segundo Barusco, dos US$ 97 milhões, US$ 70 milhões eram
referentes às propinas recebidas desde 1997 e US$ 27 milhões, rendimentos de
aplicações financeiras dos valores obtidos ilegalmente.
Nota
Leia abaixo a íntegra da nota sobre a devolução de dinheiro de Barusco divulgada pela 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba:
Nota de informação da 13ª
Vara Federal Criminal de Curitiba
Tendo em vista dúvidas sobre
o acordo de colaboração premiada celebrado entre o Ministério Público Federal e
Pedro José Barusco Filho, a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba presta os
seguintes esclarecimentos públicos.
No acordo celebrado e
apresentado ao Juízo, o investigado Pedro Barusco comprometeu-se a depositar em
Juízo R$ 3.250.000,00 a título de multa compensatória penal e a devolver aos
cofres públicos cerca de USD 67.500.000,00, acrescidos dos interesses
financeiros, que seriam produto de crimes de corrupção.
Foi o Juízo informado de que
outra parcela do produto do crime de corrupção (USD 29.500.000,00) seria
devolvido diretamente à Justiça Federal do Rio de Janeiro, perante a qual
tramita outro processo em relação ao investigado Pedro Barusco.
Relativamente aos valores
acordados para devolução na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, toma-se a
liberdade de informar, para dissipar dúvidas, que já se encontram depositados,
em conta judicial vinculada ao processo, R$ 139.666.471,17, havendo ainda
outros montantes em curso de repatriação.
Concluída a repatriação, o
produto dos crimes de corrupção será devolvido à vitima, no caso a empresa
Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras, com eventuais condicionamentos para o seu
emprego. Quanto à multa penal compensatória, será destinada a outras
finalidades públicas.
Fonte:
G1