A
instituição de Brasília sofre com instrumentos sucateados, prédio sem reforma e
falta de professores
Os professores Oswaldo Amorim, Davson Souza e Ilke Takada reclamam da falta de estrutura para trabalhar: perda de qualidade |
A Escola de Música de Brasília chega aos 52 anos sem ter o
que comemorar. Não bastasse o sucateamento da estrutura e dos instrumentos, a
EMB enfrenta problemas com a mudança do plano pedagógico, que coloca mais
alunos em sala, põe em risco a qualidade do ensino. A reclamação vem de
professores e alunos, que celebraram o aniversário da instituição com
protestos. Eles temem que o nível aprendizado caia. A direção da escola alega
que a normatização do ensino faz parte de um projeto de universalização da educação,
na qual mais alunos teriam acesso à escola. Sem grandes reformas há 40 anos, um
projeto arquitetônico de ampliação independente está
engavetado no GDF.
Atualmente, apenas 17% na área da escola abriga salas de aula, menos da metade
da taxa de 40% prevista legalmente pela Norma de Gabarito de Brasília (NGB).“Em qualquer lugar do mundo a aula de instrumento é feita de maneira individual. Em menos de uma hora, é impossível o aluno aprender em grupo. Não temos salas que comportem essa demanda”, argumenta o professor de contrabaixo Oswaldo Amorim. Ele faz parte de um extenso grupo de professores e alunos que defendem o ensino singular. Na contramão, está a direção da escola que aposta na “democratização” do ensino. “Essa é uma forma de atrair mais alunos. A cada 100 pessoas uma vai ter o nível de Tom Jobim, se tiver. E, se formos educar um por um, muitos talentos serão desperdiçados”, justifica o diretor da EMB, Ayrton Macedo Pisco.
Na quarta-feira, dia do aniversário da escola, professores e alunos fizeram um protesto contra as modificações. “Se os professores ganhassem por aluno, não estariam reclamando da normatização. Para eles, é cômodo ter menos educandos. Mas isso é ruim porque se torna uma relação de amizade entre o professor e o aluno. Professor de verdade dissemina o conhecimento para um, dois ou 20 alunos com o mesmo grau de qualidade”, acredita Pisco.
Fonte: Correio Braziliense