A família do professor Marcos
Antônio Damasceno tenta há oito anos sepultar o filho, enterrado como indigente
por erro da Polícia Civil do DF
O olhar entristecido acompanha Jacilda
Cavalcante Damasceno há oito anos. Em julho de 2005, a aposentada de 69
anos perdeu o filho, atropelado e morto por um motorista que trafegava em alta
velocidade no Pistão Sul, em Taguatinga. Após o choque pela tragédia com o
professor de física Marcos Antônio Damasceno, então com 36 anos, a mãe só
queria enterrá-lo com dignidade. Mas uma sucessão de erros da Polícia Civil do
Distrito Federal fez com que o educador fosse sepultado como indigente no
Cemitério de Brazlândia.
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Antônio e Jacilda Damasceno, pais de Marcos Antônio: "Ainda não admito que perdi o meu filho" |
O Correio Braziliense denunciou o drama vivido à época. Por
meio de duas reportagens, o jornal mostrou que a família passou sete meses à
procura do docente até conseguir as primeiras pistas sobre o destino dele.
Mesmo Marcos tendo a Carteira de Identidade tirada no DF, os investigadores
falharam ao tentar
identificá-lo — do período entre a morte e o enterro do
corpo, passaram-se 24 dias. Dessa forma, Marcos morreu na condição de
desaparecido.Uma semana antes de ser atropelado, o professor da Secretaria de Educação foi assaltado e, por causa disso, estava sem os documentos. Na hora do acidente, ele seguia para a Universidade Católica de Brasília, onde daria uma palestra. Só depois de uma foto publicada no Correio, descobriu-se que um corpo dado como indigente era o de Marcos (veja fac-símiles). Uma perita criminal que tinha feito exames no cadáver reconheceu a imagem estampada no periódico e avisou a chefia do Instituto de Medicina Legal (IML).
Após série de constrangimentos sofridos na porta do IML, o órgão reconheceu o erro. Dias após a reportagem do Correio, o então diretor do Instituto de Identificação (II), Iverton Batista de Carvalho, admitiu, em memorando, que o suposto indigente era mesmo Marcos. À reportagem, afirmou que a ficha datiloscópica dele não foi encontrada no setor de pesquisa, onde o trabalho é feito manualmente.
Fonte: Correio Brazileinse