terça-feira, 19 de novembro de 2013

Magela e suas falácias para para aprovar o PPCUB

Hoje, no Correio Braziliense foi publicada entrevista com o Secretário Geraldo Magela sobre o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – O PPCUB. Magela mais uma vez, falta com a verdade dizendo que a UNESCO quer que o PPCUB seja aprovado!

 Assim como faltou com a verdade em uma audiência pública do PPCUB, há duas semanas, ao afirmar que nunca houve a recomendação 36 da UNESCO, que pede a paralisação do PPCUB e a criação de um grupo composto pela UNB, IAB, GDF , IPHAN e Sociedade Civil para elaborar o PPCUB.  ...

O Secretário, Magela, também faltou com a verdade quando disse que iria responder a todos os questionamentos feitos pela sociedade civil sobre o PPCUB na audiência pública seguinte e sequer esteve presente no dia 14 de Novembro na CLDF, a fim de nos dar respostas. A verdade é que o PPCUB apresenta sérios problemas em seu
processo de elaboração e no que apresenta como proposta de cidade, pois “fere de morte” as concepções urbanísticas de Brasília.

Além disso, o Projeto de lei em questão foi nitidamente pautado por interesses políticos demonstrando completa falta de coerência como Estado. Estado este que tem o dever de seguir as 38 recomendações feitas pela missão da UNESCO em visita a Brasília sob o risco de colocar a cidade na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo. O que seria extremamente vexatório para o Brasil  perante as centenas de  países signatários do Acordo Internacional assinado pelo país.

As entidades como IAB - Instituto dos Arquitetos do Brasil; CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNB - FAU/UNB; Instituto Histórico e do DF - IHGDF ( Conselho de Preservação) ; o Conselho Comunitário da Asa Sul; O movimento Urbanistas por Brasília; o ICOMOS - Conselho Internacional de Monumentos e Sítios; o CAFAU/UNB - Centro Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNB se posicionaram contra o PPCUB que está cheio de falhas, foi criado em um processo açodado e juridicamente questionável e  está nitidamente a serviço de interesses de especuladores imobiliários.  

Cabe aqui a seguinte pergunta: Por que tantas entidades de especialistas não são respeitadas pelo Governo do Distrito Federal em suas posições sobre o PPCUB?  Governo esse, que sequer apresentou uma tabela comparativa e um mapa ilustrando como a cidade ficaria com as novas propostas do PPCUB. Isso sim pode ser chamado de má fé!

A Arquiteta Vera Ramos, representante do Instituto Histórico e Geográfico do DF, produziu esse mapa comparativo que contou com a ajuda do Arquiteto Cristiano Nascimento, integrante do Movimento “Urbanistas por Brasília”. O mapa causou espanto a todos porque mostra um adensamento gigantesco no Plano Piloto, com a criação de novos lotes em áreas verdes da cidade e pelo desmembramento de lotes já existentes. Entre outros problemas. ( Notem que toda área amarela e laranjada do MAPA mostra a criação dos novos lotes seja por criação em áreas verdes ou adensamento). Estão fatiando e vendendo Brasília!

Quem perde se o Projeto do PPCUB não for aprovado agora são os especuladores e não a sociedade!

Por que essa pressa em aprovar um projeto tão polêmico, que envolve interesses econômicos, exatamente a um ano das eleições?  Se não houve proposta tão discutida como o PPCUB, também não houve proposta mais criticada do que esta por especialistas e pela sociedade em geral.

A opinião pública é contrária a aprovação do PPCUB, isso está comprovado até por enquete do maior jornal da cidade que apresenta um índice de mais de 90% de reprovação da proposta! E ainda assim, o GDF e a Câmara Legislativa fazem ouvidos mocos ao apelo da população.

Por fim, interesses inconfessáveis podem ser atribuídos somente a pessoas que tem urgência em aprovar um Projeto de Lei com vários questionamentos judiciais, e de conteúdo! 

De onde será que vem essa pressão sobre o GDF para aprovar o PPCUB ainda esse ano? Será que a pressão vem daqueles que realmente estão sendo beneficiados pelas propostas do PPCUB que adensam a cidade? A quem interessa o adensamento? A mudança de destinação de áreas? A privatização das áreas destinadas a escolas públicas disfarçada de concessão? A quem interessa as mudanças de gabarito (altura) dos prédios, o aumento do potencial construtivo? A venda das áreas verdes, a privatização da orla do lago Paranoá, o loteamento do eixo monumental, a criação da quadra 500 do Sudoeste e a criação da 901 norte e de um bairro atrás da Rodoferroviária com prédios de 27 metros (9 andares) ?

O que favorece a ilegalidade, o que favorece o que não é bom para o tombamento de Brasília é a aprovação deste PPCUB que em nada preserva o Plano Piloto! Portanto, o que o Secretário Magela diz não passa de falácias!

Má fé é entregar para votação um projeto que tem mais de 200 artigos e dezenas de anexos, e em apenas um deles tem 70 planilhas e dizer que a sociedade de Brasília está ciente e em condições de entender o que nem mesmo os técnicos da SEDHAB consideram propostas consistentes!

O PPCUB nas palavras da técnica da SEDHAB, Rejane Jung em entrevista à TV RECORD contém: “questões ainda pouco consistentes ou que levam a interpretações equivocadas”,  Isso nada mais é do que uma confissão de técnicos do governo admitindo que o processo deveria voltar ao estágio inicial e não deveria ser levado ainda para votação na Câmara Legislativa!

Mudar o PPCUB com emendas é tentar "consertar o que não tem conserto".  Aqui corre-se o risco de a emenda sair pior que o soneto.




Fonte: Blog da Leiliane Rebouças - 18/11/2013