sábado, 30 de novembro de 2013

PGR prepara ações para cassar mais de uma dezena de políticos 'infiéis'

Alvo é quem migrou para nova legenda e depois para partido já existente. Procurador disse que pedirá à Justiça Eleitoral cassação de mandatos.


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta quinta-feira (28) que entrará com "mais de uma dezena de ações" na Justiça Eleitoral para pedir a cassação de mandatos de parlamentares que mudaram de legenda de olho nas eleições do ano que vem.
Segundo o procurador, o foco será nos casos daqueles que deixaram seus partidos, se filiaram a uma legenda recém-criada e depois migraram para partidos já existentes. Janot não adiantou os nomes dos parlamentares "infiéis" que serão alvos das ações. Segundo a Procuradoria, o teor das ações será divulgado o breve.

"Já tomamos a iniciativa judicial. Serão mais de uma dezena de ações para cassação desses mandatos. Vou tentar fazer uma figura de linguagem. Quando eu pego um voo daqui para Fortaleza e faço uma escala em Salvador, meu voo continua sendo Brasília-Fortaleza, o que eu fiz foi uma simples escala em Salvador. Quando esses parlamentares
vão de um partido existente a outro existente já antigamente com uma escala em um novo, na verdade isso é uma forma de superar o obstáculo da fidelidade partidária, por isso nós estamos entrando com mais de uma dezena de demandas para a cassação dos mandatos", disse o procurador.

Encontro com procuradores

Janot falou com a imprensa após um encontro com procuradores regionais eleitorais para discutir as linhas de atuação do Ministério Público para as eleições do ano que vem.
Ele afirmou que o foco das iniciativas do MP será avaliar o financiamento ilegal de campanha, mas não anunciou quais instrumentos serão utilizados para isso.
"É importante que a gente consiga antecipar hoje, em 2013, as linhas mestras de atuação do Ministério Público Eleitoral em 2014. Com isso a gente garante que não haverá surpresa no processo e permite que todos os candidatos se adequem à forma de atuação do MP."
Durante o encontro, ele afirmou aos procuradores que a "irrigação ilegal" de campanhas é "fonte inexorável" de corrupção.
Rodrigo Janot destacou que aos procuradores, que é preciso "isonomia" para não atrapalhar o processo eleitoral.
O vice-procurador eleitoral, Eugênio Aragão, destacou que os procuradores precisam intervir sem prejudicar o debate.
"No processo eleitoral não somos os atores mais importantes, são os candidatos. Precisamos intervir para garantir a igualdade entre os candidatos e evitar o abuso de poder daqueles que têm mais condições de se expor. Reflete no financiamento ilegal de campanha e olho clínico na propaganda eleitoral. Isso não pode inibir o debate político saudável. A gente sabe que a linha que separa é muito tênue", destacou.
Na palestra aos procuradores, Aragão completou que alguns candidatos já começaram a campanha, mas não deu nomes.
"Temos visto que muitos partidos buscam compensar inserções partidárias como propaganda. Não podemos também ser hipócrita. Sabemos que todos bem ou mal estão fazendo campanha, coibir propaganda antecipada tem que ser dentro de limite que não sufoque o debate político."


Fonte: G1