Medidas de contenção foram tomadas e não há
riscos de contaminação
O Hospital Regional de Santa Maria está com 14 pacientes colonizados e
dois infectados pela bactéria acinetobacter, a mesma encontrada em pacientes
internados no Hospital Regional do Guará. O funcionamento da unidade, porém,
encontra-se dentro da normalidade e sem riscos de contaminação.
“Os pacientes infectados
estão sendo tratados e os... colonizados são monitorados. Aqueles que puderem
receber alta, receberão. Estamos adotando todas as medidas de contenção que
fazem parte do protocolo. Isso inclui higienização da unidade, de materiais e
das mãos”, explicou o coordenador do Núcleo de Infectologia do Hospital de
Santa Maria, Paulo Cortez.
Todos os pacientes
colonizados e infectados têm mais de 50 anos de idade, estão internados na UTI
e na Clínica Médica e possuem doenças crônicas graves. “Aqueles infectados
podem manifestar infecção no trato respiratório e na corrente sanguínea, por
exemplo”, observou Paulo Cortez.
Os profissionais de saúde que
entram em contato com estes pacientes usam todos os equipamentos pessoais de
segurança, como capote, luvas e máscaras, para evitar
o contágio. “O Hospital
Regional de Santa Maria recebeu, nesta hoje, 15 mil capotes, quantidade
suficiente para a nossa necessidade. Não há falta de material na unidade para
seguir os protocolos de segurança”, informou a diretora do hospital, Milen
Mercaldo.
HISTÓRICO – No último dia 28,
a emergência do Hospital Regional de Taguatinga precisou ser parcialmente
fechada após a equipe constatar que uma paciente de 79 anos de idade estava infectada
pela bactéria enterococo. A decisão de restringir o atendimento partiu da
direção do hospital, para evitar a contaminação de novos pacientes, já que a
unidade é um das que mais recebem demanda na rede pública de saúde do DF.
Todos os pacientes que
tiveram contato com esta senhora passaram por exame e foi constatado que além
dela, outros quatro estavam colonizados com a bactéria e continuaram isolados
no HRT. A idosa morreu na noite desta terça-feira (2). Outro paciente de 81
anos recebeu alta nesta quarta-feira (3). Os demais continuam internados
respondendo ao tratamento e estão em estado estável.
No Hospital Regional do
Guará, três pacientes foram identificados com KPC e acinetobacter. Um deles já
recebeu alta e os outros dois encontram-se internados ainda, porém respondem
bem ao tratamento e devem receber alta em breve.
SAIBA MAIS
Segundo a Organização Mundial
de Saúde, a resistência bacteriana é o principal problema de saúde pública
enfrentando no mundo inteiro. O combate a estes micro-organismos depende de um
esforço conjunto das autoridades, dos profissionais de saúde e da população em
geral.
A Secretaria de Saúde do DF
está construindo uma política de enfrentamento à resistência bacteriana que não
passa apenas pelo fornecimento de insumos. “Isso inclui termos áreas
supervisionadas, prescritores capacitados, enfermagem treinada e mecanismos de
controle para que a gente use o mais racionalmente possível os antibióticos”,
explicou a coordenadora de infectologia da Secretaria de Saúde, Maria de Loudes
Lopes.
Ela diz, ainda, que será
feita a prevenção 24 horas por dia, sete dias por semana. “A prevenção inclui
algumas medidas e a principal delas é a velha higiene das mãos com álcool, que
é o que mata bactéria. E conscientização e treinamento constante com
profissionais para que haja adesão total desse procedimento”, detalha Maria de
Lourdes.
O que é uma bactéria
multirresistente?
Segundo Maria de Lourdes
Lopes, é uma bactéria capaz de produzir vários mecanismos que a tornam
resistente à maioria absoluta dos grupos de antibióticos disponíveis no
mercado. Ela explica que nosso organismo é cheio de bactérias. Quando uma
pessoa toma antibiótico, algumas se tornam resistentes, emergem de onde estão e
se multiplicam, provocando infecção.
Ela é um problema só do
Distrito Federal?
Não. Essa resistência está no
mundo inteiro, em hospitais públicos e privados, com ou sem estrutura. “Hoje os
pacientes estão mais idosos, há mais diagnóstico de câncer, de leucemias e de
mais tecnologia invasiva e tudo isso faz com que as pessoas precisem tomar mais
antibióticos e o preço disso é a resistência”, diz a coordenadora de
infectologia da Secretaria de Saúde, Maria de Loudes Lopes. Há bactérias por
toda parte, mas a maioria das pessoas não irá desenvolver nenhuma infecção, a
não ser que esteja com o sistema imunológico comprometido.
Quais são as bactérias mais
encontradas em ambiente hospitalar?
Todos os hospitais têm várias
bactérias, mas as mais preocupantes, segundo Maria de Lourdes Lopes, são a KPC,
a Acinetobacter, as Peudonomas, Estafilococos e Enterococo. As três primeiras
são mais recorrentes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Já as duas
últimas acontecem mais em pacientes com problemas de pele, ortopedia e prótese.
Como as bactérias resistentes
são transmitidas nos hospitais?
Por ser o ambiente hospitalar
um local onde as pessoas estão mais debilitadas e tomam mais antibióticos, ele
é o local mais propício a infecções por bactérias resistentes. Elas podem ser
transmitidas de uma pessoa para outra através de contato, seja entre pessoas ou
com materiais tocados pelo paciente contaminado. Não existe transmissão
respiratória. Essas bactérias têm a capacidade de viver nos ambientes por
semanas e até meses. Por isso, a necessidade de limpeza frequente.
Como prevenir a disseminação
das bactérias resistentes?
A higienização das mãos no
ambiente hospitalar, com álcool, é a principal ferramenta para evitar a
contaminação. Ela deve ser feita tanto por profissionais de saúde quanto por
acompanhantes e visitantes. Em casos específicos, é recomendado o uso de luvas,
capotes e máscaras por profissionais de saúde.
Como ajudar a evitar o
problema?
A grande causa das bactérias
resistentes é o uso dos antibióticos de forma indiscriminada. Ele só deve ser
utilizado em caso de prescrição médica, deve ser tomado na hora certa e durante
o período recomendado, sem interrupção.
Medidas de prevenção adotadas
pela Secretaria de Saúde
Nenhum hospital, por melhor
que seja, está imune aos micro-organismos multirresistentes, mas estratégias de
controle têm se mostrado úteis para evitar surtos. Como a transmissão ocorre
através do contato, da higienização inadequada de ambiente e das mãos, o
programa desenvolvido pela Secretaria de Saúde visa capacitar os profissionais
de saúde, principalmente os que trabalham em áreas como UTIs, unidades
oncohematológicas, de transplantes, de queimados, home care, centros
cirúrgicose hemodiálise, para que saibam como evitar essa transmissão e se
conscientizem da importância da higienização das mãos.
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do DF