quinta-feira, 4 de junho de 2015

Hospital de Santa Maria divulga isolamento de pacientes

Medidas de contenção foram tomadas e não há riscos de contaminação
O Hospital Regional de Santa Maria está com 14 pacientes colonizados e dois infectados pela bactéria acinetobacter, a mesma encontrada em pacientes internados no Hospital Regional do Guará. O funcionamento da unidade, porém, encontra-se dentro da normalidade e sem riscos de contaminação.

“Os pacientes infectados estão sendo tratados e os... colonizados são monitorados. Aqueles que puderem receber alta, receberão. Estamos adotando todas as medidas de contenção que fazem parte do protocolo. Isso inclui higienização da unidade, de materiais e das mãos”, explicou o coordenador do Núcleo de Infectologia do Hospital de Santa Maria, Paulo Cortez.

Todos os pacientes colonizados e infectados têm mais de 50 anos de idade, estão internados na UTI e na Clínica Médica e possuem doenças crônicas graves. “Aqueles infectados podem manifestar infecção no trato respiratório e na corrente sanguínea, por exemplo”, observou Paulo Cortez.

Os profissionais de saúde que entram em contato com estes pacientes usam todos os equipamentos pessoais de segurança, como capote, luvas e máscaras, para evitar
o contágio. “O Hospital Regional de Santa Maria recebeu, nesta hoje, 15 mil capotes, quantidade suficiente para a nossa necessidade. Não há falta de material na unidade para seguir os protocolos de segurança”, informou a diretora do hospital, Milen Mercaldo.

HISTÓRICO – No último dia 28, a emergência do Hospital Regional de Taguatinga precisou ser parcialmente fechada após a equipe constatar que uma paciente de 79 anos de idade estava infectada pela bactéria enterococo. A decisão de restringir o atendimento partiu da direção do hospital, para evitar a contaminação de novos pacientes, já que a unidade é um das que mais recebem demanda na rede pública de saúde do DF.

Todos os pacientes que tiveram contato com esta senhora passaram por exame e foi constatado que além dela, outros quatro estavam colonizados com a bactéria e continuaram isolados no HRT. A idosa morreu na noite desta terça-feira (2). Outro paciente de 81 anos recebeu alta nesta quarta-feira (3). Os demais continuam internados respondendo ao tratamento e estão em estado estável.

No Hospital Regional do Guará, três pacientes foram identificados com KPC e acinetobacter. Um deles já recebeu alta e os outros dois encontram-se internados ainda, porém respondem bem ao tratamento e devem receber alta em breve.

SAIBA MAIS

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a resistência bacteriana é o principal problema de saúde pública enfrentando no mundo inteiro. O combate a estes micro-organismos depende de um esforço conjunto das autoridades, dos profissionais de saúde e da população em geral.

A Secretaria de Saúde do DF está construindo uma política de enfrentamento à resistência bacteriana que não passa apenas pelo fornecimento de insumos. “Isso inclui termos áreas supervisionadas, prescritores capacitados, enfermagem treinada e mecanismos de controle para que a gente use o mais racionalmente possível os antibióticos”, explicou a coordenadora de infectologia da Secretaria de Saúde, Maria de Loudes Lopes.

Ela diz, ainda, que será feita a prevenção 24 horas por dia, sete dias por semana. “A prevenção inclui algumas medidas e a principal delas é a velha higiene das mãos com álcool, que é o que mata bactéria. E conscientização e treinamento constante com profissionais para que haja adesão total desse procedimento”, detalha Maria de Lourdes.

O que é uma bactéria multirresistente?

Segundo Maria de Lourdes Lopes, é uma bactéria capaz de produzir vários mecanismos que a tornam resistente à maioria absoluta dos grupos de antibióticos disponíveis no mercado. Ela explica que nosso organismo é cheio de bactérias. Quando uma pessoa toma antibiótico, algumas se tornam resistentes, emergem de onde estão e se multiplicam, provocando infecção.

Ela é um problema só do Distrito Federal?

Não. Essa resistência está no mundo inteiro, em hospitais públicos e privados, com ou sem estrutura. “Hoje os pacientes estão mais idosos, há mais diagnóstico de câncer, de leucemias e de mais tecnologia invasiva e tudo isso faz com que as pessoas precisem tomar mais antibióticos e o preço disso é a resistência”, diz a coordenadora de infectologia da Secretaria de Saúde, Maria de Loudes Lopes. Há bactérias por toda parte, mas a maioria das pessoas não irá desenvolver nenhuma infecção, a não ser que esteja com o sistema imunológico comprometido.

Quais são as bactérias mais encontradas em ambiente hospitalar?

Todos os hospitais têm várias bactérias, mas as mais preocupantes, segundo Maria de Lourdes Lopes, são a KPC, a Acinetobacter, as Peudonomas, Estafilococos e Enterococo. As três primeiras são mais recorrentes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Já as duas últimas acontecem mais em pacientes com problemas de pele, ortopedia e prótese.

Como as bactérias resistentes são transmitidas nos hospitais?

Por ser o ambiente hospitalar um local onde as pessoas estão mais debilitadas e tomam mais antibióticos, ele é o local mais propício a infecções por bactérias resistentes. Elas podem ser transmitidas de uma pessoa para outra através de contato, seja entre pessoas ou com materiais tocados pelo paciente contaminado. Não existe transmissão respiratória. Essas bactérias têm a capacidade de viver nos ambientes por semanas e até meses. Por isso, a necessidade de limpeza frequente.

Como prevenir a disseminação das bactérias resistentes?

A higienização das mãos no ambiente hospitalar, com álcool, é a principal ferramenta para evitar a contaminação. Ela deve ser feita tanto por profissionais de saúde quanto por acompanhantes e visitantes. Em casos específicos, é recomendado o uso de luvas, capotes e máscaras por profissionais de saúde. 

Como ajudar a evitar o problema?

A grande causa das bactérias resistentes é o uso dos antibióticos de forma indiscriminada. Ele só deve ser utilizado em caso de prescrição médica, deve ser tomado na hora certa e durante o período recomendado, sem interrupção. 

Medidas de prevenção adotadas pela Secretaria de Saúde

Nenhum hospital, por melhor que seja, está imune aos micro-organismos multirresistentes, mas estratégias de controle têm se mostrado úteis para evitar surtos. Como a transmissão ocorre através do contato, da higienização inadequada de ambiente e das mãos, o programa desenvolvido pela Secretaria de Saúde visa capacitar os profissionais de saúde, principalmente os que trabalham em áreas como UTIs, unidades oncohematológicas, de transplantes, de queimados, home care, centros cirúrgicose hemodiálise, para que saibam como evitar essa transmissão e se conscientizem da importância da higienização das mãos.




Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do DF