CPI que
investiga denúncias deve funcionar por mais um mês. Deputados aprovaram mais
pedidos de investigação e de convocações.
João Maurício Gomes da Silva é réu confesso. O
esquema do qual ele fez parte teria desviado aproximadamente 10 milhões de
reais da gerência de saúde dos Correios no Rio de Janeiro. Uma única cirurgia
de coluna custou quase 1 milhão de reais. No mercado, sairia por 200 mil. O que
assusta não é só o custo, mas também a rapidez com que foi aprovada. Como lembra
o próprio João Maurício. Nesta terça-feira, João Maurício confirmou as
informações aos deputados da CPI da Máfia de Órteses e Próteses.
"Ela deu uma passagem dentro da gerência que
nenhuma outra cirurgia havia dado. Parece que em 20 e poucos dias ela
deu
entrada, foi aprovada e paga."
Urgência é algo que aproxima o formato do esquema
do Rio com aqueles investigados pela CPI das Órteses e Próteses. Mas, nesse
caso, havia um componente extra: a justiça. Quem explica é o presidente da CPI,
o deputado Geraldo Resende, do PMDB-MS.
"São médicos, são distribuidoras, são pessoas
de... operadores de direito, ou seja, advogados, que fazem uma profusão de
liminares, recorrem aos tribunais com um único objetivo: auferir lucros,
através de propinas."
O deputado Pompeo de Mattos, do PDT do RS, acha que
a mudança passa pelo judiciário.
"Estão usando o judiciário de forma malandra e
o judiciário está de olhos vendados, ou rendido, validando esse tipo de
procedimento. E nós temos que desmontar esse esquema. E essa é a razão de ser
da CPI."
A preocupação dos deputados agora é com o prazo: a
CPI deve funcionar por mais um mês, até o dia 17 de julho, a menos que seja
prorrogada. O relator, deputado André Fufuca, do PEN do Maranhão, trabalha com
as duas hipóteses.
"As pessoas que foram indiciadas na CPI, as
autoridades irão investigá-las. As notas, as quais a CPI pediu por requerimento
e teve acesso, elas serão averiguadas pelas autoridades competentes. Então, nós
não podemos dizer que nós vamos ter um prejuízo absurdo na CPI. Poderá sim que
com um, dois, três meses a mais nós também tenhamos avanços, porém o que vem
demonstrando em todo o país e em todas as fábricas que fazem isso é a
utilização do mesmo método: cirurgias superfaturadas, cirurgias sem necessidade
e médicos recebendo comissão."
Os deputados aprovaram ainda 17 requerimentos, ou
seja, mais pedidos de investigação ou de convocações. Boa parte deles tem
relação direta com Montes Claros, em Minas Gerais. A Polícia Federal realizou
uma operação na cidade e apontou a existência de um esquema de desvio de
materiais de hospitais públicos e a realização de cirurgias em troca de
propina. A CPI deve ir até a cidade para ouvir vítimas, testemunhas e acusados.
Reportagem
— Tiago Ramos
Fonte: Radio Agencia