quarta-feira, 17 de junho de 2015

Justiça pode ter envolvimento em máfia de próteses

CPI que investiga denúncias deve funcionar por mais um mês. Deputados aprovaram mais pedidos de investigação e de convocações.
João Maurício Gomes da Silva é réu confesso. O esquema do qual ele fez parte teria desviado aproximadamente 10 milhões de reais da gerência de saúde dos Correios no Rio de Janeiro. Uma única cirurgia de coluna custou quase 1 milhão de reais. No mercado, sairia por 200 mil. O que assusta não é só o custo, mas também a rapidez com que foi aprovada. Como lembra o próprio João Maurício. Nesta terça-feira, João Maurício confirmou as informações aos deputados da CPI da Máfia de Órteses e Próteses.
"Ela deu uma passagem dentro da gerência que nenhuma outra cirurgia havia dado. Parece que em 20 e poucos dias ela
deu entrada, foi aprovada e paga."
Urgência é algo que aproxima o formato do esquema do Rio com aqueles investigados pela CPI das Órteses e Próteses. Mas, nesse caso, havia um componente extra: a justiça. Quem explica é o presidente da CPI, o deputado Geraldo Resende, do PMDB-MS.
"São médicos, são distribuidoras, são pessoas de... operadores de direito, ou seja, advogados, que fazem uma profusão de liminares, recorrem aos tribunais com um único objetivo: auferir lucros, através de propinas."
O deputado Pompeo de Mattos, do PDT do RS, acha que a mudança passa pelo judiciário.
"Estão usando o judiciário de forma malandra e o judiciário está de olhos vendados, ou rendido, validando esse tipo de procedimento. E nós temos que desmontar esse esquema. E essa é a razão de ser da CPI."
A preocupação dos deputados agora é com o prazo: a CPI deve funcionar por mais um mês, até o dia 17 de julho, a menos que seja prorrogada. O relator, deputado André Fufuca, do PEN do Maranhão, trabalha com as duas hipóteses.
"As pessoas que foram indiciadas na CPI, as autoridades irão investigá-las. As notas, as quais a CPI pediu por requerimento e teve acesso, elas serão averiguadas pelas autoridades competentes. Então, nós não podemos dizer que nós vamos ter um prejuízo absurdo na CPI. Poderá sim que com um, dois, três meses a mais nós também tenhamos avanços, porém o que vem demonstrando em todo o país e em todas as fábricas que fazem isso é a utilização do mesmo método: cirurgias superfaturadas, cirurgias sem necessidade e médicos recebendo comissão."
Os deputados aprovaram ainda 17 requerimentos, ou seja, mais pedidos de investigação ou de convocações. Boa parte deles tem relação direta com Montes Claros, em Minas Gerais. A Polícia Federal realizou uma operação na cidade e apontou a existência de um esquema de desvio de materiais de hospitais públicos e a realização de cirurgias em troca de propina. A CPI deve ir até a cidade para ouvir vítimas, testemunhas e acusados.
Reportagem — Tiago Ramos


Fonte: Radio Agencia