terça-feira, 16 de junho de 2015

Comissão aprova aperfeiçoamento de regras para uso de cão-guia

Relatório deixa clara permissão de ingresso do animal em todos os serviços de transporte e criminaliza discriminação contra cegos com cão-guia.
Comissão de Seguridade Social da Câmara aprova aperfeiçoamento das regras de uso de cão-guia. Quatro propostas sobre o tema (PL 3568/08 e apensados) tramitam juntas e receberam um texto consolidado (substitutivo) do relator, deputado Darcísio Perondi, do PMDB gaúcho. As regras para o uso de cão-guia por cegos já constam de uma lei (11.126/05) e um decreto (5.904/06) federais. Mas a proposta da Câmara deixa clara a permissão de ingresso e permanência do animal em todas as jurisdições do serviço de transporte público de passageiros, inclusive os internacionais que tiverem o Brasil como ponto de partida. A regra será válida também para os treinadores de cão-guia. A lei atual dava margem a resistências por parte de operadores
de transporte, sobretudo o municipal e o intermunicipal. Os deputados também tipificam como crime a conduta discriminatória contra cegos acompanhados de cão-guia, com pena de três meses a um ano de detenção. Darcísio Perondi ressalta que o principal objetivo é facilitar o direito de locomoção dos deficientes visuais.

"Temos milhões de deficientes físicos e muitos deprimidos, sem poder sair de casa porque a família trabalha. E aí entra a figura querida do cão-guia. Deveria ser normal, mas há preconceitos e resistências e, daí, é preciso uma normatização, que já existe e será mais fortalecida. Uma sociedade, para ser mais humana, deve respeitar todos os cidadãos com igualdade. E essa lei vai ousar neste sentido".
O relator admitiu apenas uma restrição ao ingresso de cão-guia: exatamente em setores críticos da saúde, como áreas de manipulação de medicamentos, quimioterapia, assistência a queimados, centros cirúrgicos e UTIs. Pelo texto de Perondi, outros setores poderão ser incluídos nesta lista, de acordo com determinação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar dos serviços de saúde. A proposta tem o apoio do Instituto Íris, que, desde 2002, treina e doa cães-guias para cegos de todo o país, mediante uma lista de espera. Para o presidente do instituto, Marcelo Panico, o papel dos cães-guias vai além da mobilidade.
"(A proposta) É muito interessante e vem contribuir principalmente como projeto social. Eu digo isso porque o cão-guia não garante simplesmente mobilidade para a segurança da pessoa cega, mas, principalmente, um fator, muito grande, de inclusão social".
A proposta que aperfeiçoa as regras de uso de cães-guias no país ainda passará pela análise das Comissões de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e de Constituição e Justiça.
Reportagem — José Carlos Oliveira


Fonte: Radio Agencia