quarta-feira, 17 de junho de 2015

Comissão aprova regras do governo para reajuste do mínimo entre 2016 e 2019

Pelo texto, reajuste anual do mínimo será a soma da inflação acumulada no ano anterior com o crescimento do PIB apurado dois anos antes.
Comissão mista aprova Medida Provisória com regras para reajuste do salário mínimo entre 2016 e 2019.
A comissão mista que analisou a Medida Provisória 672 aprovou nesta terça-feira, em uma rápida votação, o parecer do senador João Alberto Souza, do PMDB do Maranhão, que mantém, na íntegra, o texto enviado pelo governo ao Congresso Nacional.
Pelo texto aprovado, o reajuste anual do salário mínimo será a soma da inflação acumulada no ano anterior, medida pelo INPC, com o crescimento do Produto Interno Bruto (o PIB) apurada dois anos antes. Por exemplo: o salário de 2016 será reajustado pelo INPC de 2015, acrescido da variação do PIB de 2014. No texto da
Medida Provisória também está previsto que os aumentos serão estabelecidos pelo Poder Executivo, anualmente, por decreto.
Esta é a mesma regra que vem sendo usada para reajustar o salário mínimo desde 2012. Este modelo de reajuste foi negociado no governo Lula com as centrais sindicais.
A MP 672 determina que até o final de 2019 o governo enviará ao Congresso Nacional projeto definindo o modelo de reajuste para o período 2020-2023.
A MP será analisada agora no Plenário da Câmara dos Deputados. O texto ainda pode sofrer mudanças, pois a oposição deverá tentar incluir na MP 672 um dispositivo que concede o mesmo reajuste do salário mínimo para os aposentados e pensionistas da Previdência que ganham acima do mínimo. Hoje eles têm um critério diferenciado de aumento, geralmente apenas com a reposição da inflação, sem ganho real.
O relator da MP 672 acredita que o texto será aprovado no Congresso porque mantém uma política que ele considera vitoriosa. Entre 2010 e 2014, o salário mínimo subiu, em termos nominais, 54,5%, passando de 510 reais para os atuais 788 reais. No mesmo período, a inflação acumulada pelo INPC somou 34,5%.
"Eu não acho nada bom mudar o que está dando certo. E a política do salário mínimo está dando certo. O trabalhador está tendo ganho".
Ele lembrou que no passado recente uma das bandeiras políticas do sindicalismo brasileiro era elevar o mínimo para o equivalente a cem dólares.
"Hoje, mesmo o dólar estando na faixa de três ponto um (3.1), o salário mínimo é mais de 250 dólares. Essa política tem que continuar."
Único parlamentar presente à votação a se manifestar contra o texto do senador, o deputado Bebeto, do PSB da Bahia, reivindica que o modelo de reajuste do salário mínimo seja aplicado a todos os benefícios da Previdência Social. Segundo ele, não existe nenhum estudo, por parte do governo, mostrando que a ampliação da regra cause um déficit na Previdência.
"Acho que é um equívoco. [...] Não há nenhum estudo analítico que indique que esta politica de valorização do salário mínimo extensiva aos demais aposentados pensionistas do RGPS cause um déficit na Previdência."
Para o deputado, o governo deveria se preocupar com a sonegação fiscal que atinge a Previdência Social e coloca em riscos as suas contas.
Ele afirmou ainda que vai levar agora o debate para o Plenário da Câmara, onde espera ganhar a adesão de outros parlamentares.
Reportagem — Janary Júnior


Fonte: Radio Agencia