segunda-feira, 1 de junho de 2015

Brasília-DF: Nova estratégia para aprovar alta de tributos

Conhecendo as dificuldades para aprovar na Câmara Legislativa as propostas de aumento de tributos, dada a fragilidade de sua base e a impopularidade das medidas, o governo Rollemberg adotou uma estratégia de pressão a favor do pacote. Apesar do confronto com sindicatos, manifesto no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade dos reajustes vindos do governo anterior, espera contar com eles. Acredita que também os servidores públicos deverão ajudar... Com as complicações das contas do Buriti, existem riscos reais
para os funcionários, inclusive os efetivos. A formação de uma aliança branca com servidores e sindicatos em favor das propostas tributárias ajudaria no processo.

Primeira placa de inauguração

O vice-governador Renato Santana determinou a implantação em tempo recorde da primeira biblioteca pública de Vicente Pires. A cidade, que completou seis anos como região administrativa, tem uma série de problemas graves enfrenta a falta de equipamentos públicos. Como Renato Santana exigiu pressa, foram exatos 12 dias entre a cobrança e a inauguração do espaço, onde antes funcionava um depósito de entulho da Administração. Tudo se fez sem troca de ofícios, substituídos por mensagens de whatsapp. A biblioteca, já inaugurada por grupos de alunos, tem mais de 20 mil livros, físicos e digitais. Tudo o que há no espaço foi fruto de doação e a obra, que recebeu a primeira placa de inauguração oficial do novo governo, não teve sequer um real de dinheiro público. 

Tesoura gigante não só para cortar fita

Na inauguração, o vice recebeu do cerimonial uma tesoura gigante para cortar a fita de abertura do espaço e não perdeu a deixa: “A tesoura, que pode representar outros cortes em meio ao momento caótico que vivemos, aqui representa o corte na burocracia governamental. Que vire rotina transformarmos espaços como esses e agirmos mais rápido na solução dos problemas do Distrito Federal”.

Como na Copa do Mundo

O Ministério do Esporte já enviou recados sobre a ocupação do Estádio Mané Garrincha por três secretarias. O problema está nas Olimpíadas, no ano que vem. As regras de ocupação das arenas são as mesmas da Copa do Mundo e, para complicar, o controle caberá mais uma vez à Fifa. O Buriti sinalizou que desocupará os setores do estádio onde funcionam as secretarias. O time do ministério entende que isso é, sim, viável — mas pressuporia que até lá se rompa o impasse sobre o centro administrativo.

De urso desconhecido a grande marca de mercado 

Em um dos mais completos dossiês sobre o panda, o curioso The Way of Panda parte de um mistério. Como é possível, diz seu autor Henry Nichols, que o maior símbolo do movimento de preservação de espécies seja um ursinho difícil de encontrar, misógino, mal humorado e, ainda por cima, totalmente desconhecido do ser humano até um século e meio atrás. É preciso muito carisma, sugere. Justamente isso é mostrado pelo livro, ainda não traduzido para o Português, cujo título poderia ser, caso isso aconteça, como O Jeito Panda de Ser. Traz muitas descobertas interessantes, mas mantém dúvidas atrozes. Ainda não se tem sequer ideia de quantas pandas gigantes vivem hoje em estado selvagem. Menos de 2 mil? Mais de 4 mil? Talvez mais estranho ainda, continua a haver um debate nunca extinto sobre o que exatamente é um panda. Um tipo de urso? Um parente de quati? Está bem, o bicho é parecidíssimo com um urso. Só que os ursos tem 74 cromossomos — o ponto de partida para descobrir parentescos entre os animais — enquanto o panda exibe apenas 42. Mais do que diferente.

Virtual que faz sombra ao real

Há apenas 150 anos, nenhum ocidental tinha visto um panda gigante. E pouquíssimos dos vizinhos chineses dos pandas sabiam sequer de sua existência. Claro, os bichinhos vivem em espaços remotos, quase inacessíveis, e se mudam tão logo percebam agressões a seu habitat. Um missionário católico francês, Armand David, foi o primeiro, quando, em 1869, um caçador local mostrou-lhe a pele de "um excelente urso preto-e-branco". Em uma evolução surpreendente, hoje os pandas — mesmo sendo cada vez mais raros — estão entre as mais familiares e mais antropomorfizadas das espécies animais. Pandas são reconhecidos em logotipos, animações cinematográficas e emblemas de mercadoria. Como registra Nicholls, um jornalista especializado em ciência, o "panda virtual" quase substituiu a espécie real.

Imagem estilizada veio do Zoo

A principal força por trás da criação do panda virtual foi o World Wildlife Fund. Fundado em 1961, o WWF escolheu uma imagem estilizada e inspirada em Chi-Chi, uma panda-fêmea chegada pouco antes ao Zoo de Londres em inédita transação com a China. Seriam precisos mais 18 anos, no entanto, antes que o WWF se engajasse efetivamente em qualquer trabalho concreto de proteção ao panda. Por fim, chegou-se a uma composição com a agência de proteção ambiental da China, o que levou ao primeiro grande estudo sobre o animal e ao embrião de um plano de salvação. O centro de preservação do panda, em Chengdu, constitui hoje uma espécie de área de peregrinagem, ao mesmo tempo em que permanece no duro esforço para preservar a espécie. Mas, como lembra Henry Nicholls, o que mais importa é o panda selvagem, o que vive no habitat natural e que, ele sim, é o herói dessa história.

Questão de interesse

A panda Chi-Chi é uma das personagens centrais da história de Nicholls. Como ocorreria com tantos pandas em zoológicos ocidentais, ela provocou uma explosão no número de visitantes e despertou o apetite na imprensa que parecia insaciável. Sob atenção de fazer inveja a um Big Brother, a performance de Chi-Chi só não contou, infelizmente, com sexo. Por mais que tentassem, os cuidadores de Chi-Chi não poderia convencê-la a acasalar. Chegaram a levá-la para Moscou para atender um determinado An-An, mas os animais se recusaram a cumprir seu dever conjugal. Esse drama só ajudou a criar a impressão na mente do público que pandas não são muito interessados em sexo e portanto, em termos evolutivos, uma criatura meio sem futuro. Não se levou em conta que, na vida real, os pandas chegam a percorrer muitos quilômetros para alcançar os parceiros — nem que a espécie sobrevive há mais tempo que a humana, tão orgulhosa de sua própria performance na área.




Fonte: Por Eduardo Brito do Jornal de Brasília