Conhecendo as dificuldades
para aprovar na Câmara Legislativa as propostas de aumento de tributos, dada a
fragilidade de sua base e a impopularidade das medidas, o governo Rollemberg
adotou uma estratégia de pressão a favor do pacote. Apesar do confronto com
sindicatos, manifesto no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade dos
reajustes vindos do governo anterior, espera contar com eles. Acredita que
também os servidores públicos deverão ajudar... Com as complicações das contas
do Buriti, existem riscos reais
para os funcionários, inclusive os efetivos. A
formação de uma aliança branca com servidores e sindicatos em favor das
propostas tributárias ajudaria no processo.
Primeira placa de inauguração
O vice-governador Renato
Santana determinou a implantação em tempo recorde da primeira biblioteca
pública de Vicente Pires. A cidade, que completou seis anos como região
administrativa, tem uma série de problemas graves enfrenta a falta de
equipamentos públicos. Como Renato Santana exigiu pressa, foram exatos 12 dias
entre a cobrança e a inauguração do espaço, onde antes funcionava um depósito
de entulho da Administração. Tudo se fez sem troca de ofícios, substituídos por
mensagens de whatsapp. A biblioteca, já inaugurada por grupos de alunos, tem
mais de 20 mil livros, físicos e digitais. Tudo o que há no espaço foi fruto de
doação e a obra, que recebeu a primeira placa de inauguração oficial do novo
governo, não teve sequer um real de dinheiro público.
Tesoura gigante não só para
cortar fita
Na inauguração, o vice
recebeu do cerimonial uma tesoura gigante para cortar a fita de abertura do
espaço e não perdeu a deixa: “A tesoura, que pode representar outros cortes em
meio ao momento caótico que vivemos, aqui representa o corte na burocracia
governamental. Que vire rotina transformarmos espaços como esses e agirmos mais
rápido na solução dos problemas do Distrito Federal”.
Como na Copa do Mundo
O Ministério do Esporte já
enviou recados sobre a ocupação do Estádio Mané Garrincha por três secretarias.
O problema está nas Olimpíadas, no ano que vem. As regras de ocupação das
arenas são as mesmas da Copa do Mundo e, para complicar, o controle caberá mais
uma vez à Fifa. O Buriti sinalizou que desocupará os setores do estádio onde
funcionam as secretarias. O time do ministério entende que isso é, sim, viável
— mas pressuporia que até lá se rompa o impasse sobre o centro administrativo.
De urso desconhecido a grande
marca de mercado
Em um dos mais completos
dossiês sobre o panda, o curioso The Way of Panda parte de um mistério. Como é
possível, diz seu autor Henry Nichols, que o maior símbolo do movimento de
preservação de espécies seja um ursinho difícil de encontrar, misógino, mal
humorado e, ainda por cima, totalmente desconhecido do ser humano até um século
e meio atrás. É preciso muito carisma, sugere. Justamente isso é mostrado pelo
livro, ainda não traduzido para o Português, cujo título poderia ser, caso isso
aconteça, como O Jeito Panda de Ser. Traz muitas descobertas interessantes, mas
mantém dúvidas atrozes. Ainda não se tem sequer ideia de quantas pandas
gigantes vivem hoje em estado selvagem. Menos de 2 mil? Mais de 4 mil? Talvez
mais estranho ainda, continua a haver um debate nunca extinto sobre o que
exatamente é um panda. Um tipo de urso? Um parente de quati? Está bem, o bicho
é parecidíssimo com um urso. Só que os ursos tem 74 cromossomos — o ponto de
partida para descobrir parentescos entre os animais — enquanto o panda exibe
apenas 42. Mais do que diferente.
Virtual que faz sombra ao
real
Há apenas 150 anos, nenhum
ocidental tinha visto um panda gigante. E pouquíssimos dos vizinhos chineses
dos pandas sabiam sequer de sua existência. Claro, os bichinhos vivem em
espaços remotos, quase inacessíveis, e se mudam tão logo percebam agressões a
seu habitat. Um missionário católico francês, Armand David, foi o primeiro,
quando, em 1869, um caçador local mostrou-lhe a pele de "um excelente urso
preto-e-branco". Em uma evolução surpreendente, hoje os pandas — mesmo
sendo cada vez mais raros — estão entre as mais familiares e mais
antropomorfizadas das espécies animais. Pandas são reconhecidos em logotipos,
animações cinematográficas e emblemas de mercadoria. Como registra Nicholls, um
jornalista especializado em ciência, o "panda virtual" quase
substituiu a espécie real.
Imagem estilizada veio do Zoo
A principal força por trás da
criação do panda virtual foi o World Wildlife Fund. Fundado em 1961, o WWF
escolheu uma imagem estilizada e inspirada em Chi-Chi, uma panda-fêmea chegada
pouco antes ao Zoo de Londres em inédita transação com a China. Seriam precisos
mais 18 anos, no entanto, antes que o WWF se engajasse efetivamente em qualquer
trabalho concreto de proteção ao panda. Por fim, chegou-se a uma composição com
a agência de proteção ambiental da China, o que levou ao primeiro grande estudo
sobre o animal e ao embrião de um plano de salvação. O centro de preservação do
panda, em Chengdu, constitui hoje uma espécie de área de peregrinagem, ao mesmo
tempo em que permanece no duro esforço para preservar a espécie. Mas, como
lembra Henry Nicholls, o que mais importa é o panda selvagem, o que vive no
habitat natural e que, ele sim, é o herói dessa história.
Questão de interesse
A panda Chi-Chi é uma das
personagens centrais da história de Nicholls. Como ocorreria com tantos pandas
em zoológicos ocidentais, ela provocou uma explosão no número de visitantes e
despertou o apetite na imprensa que parecia insaciável. Sob atenção de fazer
inveja a um Big Brother, a performance de Chi-Chi só não contou, infelizmente,
com sexo. Por mais que tentassem, os cuidadores de Chi-Chi não poderia
convencê-la a acasalar. Chegaram a levá-la para Moscou para atender um
determinado An-An, mas os animais se recusaram a cumprir seu dever conjugal.
Esse drama só ajudou a criar a impressão na mente do público que pandas não são
muito interessados em sexo e portanto, em termos evolutivos, uma criatura meio
sem futuro. Não se levou em conta que, na vida real, os pandas chegam a
percorrer muitos quilômetros para alcançar os parceiros — nem que a espécie
sobrevive há mais tempo que a humana, tão orgulhosa de sua própria performance
na área.
Fonte:
Por Eduardo Brito do Jornal de Brasília