segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Lewandowski assume o STF, mas não deve assinar prisão de João Paulo Cunha

Vice-presidente do Supremo comanda a Corte a partir desta segunda-feira

A partir de segunda-feira, o comando do Supremo Tribunal Federal (STF) passará provisoriamente às mãos do ministro Ricardo Lewandowski, vice-presidente da Corte. No mesmo dia, o titular do cargo, ministro Joaquim Barbosa, embarca para a Europa, onde cumprirá agenda oficial. Lewandowski ficará responsável por decidir questões urgentes até 2 de fevereiro. No dia 3, o recesso forense termina e Barbosa retoma o posto. Uma das pendências deixadas pelo presidente é o mandado de prisão do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no processo do mensalão. Em tese, Lewandowski poderia mandar o petista para a cadeia, mas deve deixar a missão para ser executada por Barbosa, em fevereiro. ...

O presidente do tribunal chegou a decretar a prisão de João Paulo, mas não formalizou o documento a ser entregue à Polícia Federal para que a ordem seja cumprida. Segundo o STF, não houve tempo hábil de deixar o mandado de prisão pronto antes de Barbosa sair de férias, no dia 7. João Paulo está em liberdade, aguardando a decisão.

Quando voltar de viagem, o presidente do STF também deverá decidir se manda prender o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), outro condenado no processo do mensalão, ou se determina o cumprimento da pena dele em regime domiciliar, devido à
condição frágil de saúde do ex-parlamentar. Jefferson também aguarda a decisão em liberdade.

O STF está em recesso desde 20 de dezembro passado. Barbosa ficou responsável pelo plantão até 6 de janeiro. Barbosa entraria de férias no dia 10, mas antecipou o descanso. No dia 7, a ministra Cármen Lúcia assumiu a presidência provisoriamente e preferiu não assinar o mandado de prisão de João Paulo, como revelou o colunista do GLOBO, Ancelmo Gois, no último dia 9. Agora, Lewandowski passa a ser o responsável pelo plantão.

Inicialmente, Barbosa estaria de férias até o fim de janeiro. Mas, segundo a assessoria de imprensa do STF, o descanso foi parcialmente cancelado para que o ministro pudesse atender aos compromissos profissionais na Europa. As passagens do ministro foram pagas pela King's College, na Inglaterra, e pela Universidade Paris-Sorbonne, na França, que fizeram o convite para ele participar de eventos. Barbosa vai dar uma palestra e, em seguida, participar de um debate em cada uma das instituições.

Em Paris, Barbosa também tem um encontro com o presidente do Conselho Constitucional da França, Jean-Louis Debré, e com a ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira. Em Londres, ele participa de um evento na Ordem dos Advogados da Inglaterra e Gales.

Delator do esquema do mensalão, Jefferson foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a de sete anos e 14 dias de prisão. Em 2012, ele foi submetido a cirurgia para a retirada de um tumor no pâncreas. João Paulo foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Na última quinta-feira, em Osasco (SP), o petista reclamou do suspense causado por Barbosa em relação à sua prisão.

- Veja que barbaridade, além de tudo o ministro Joaquim Barbosa é cruel. Ele acha que eu não tenho mãe, mulher, acha que sou um bandoleiro andando pelo Brasil - lamentou, no lançamento de uma publicação na qual dá sua versão ao mensalão.



Fonte: Carolina Brígido - O globo - 19/01/2014