Por Saulo Araújo
Ministério Público recebe inquérito da Polícia Civil
e tem 15 dias para decidir se denuncia os ex-gestores de Águas Claras e
Taguatinga por participação em suposta máfia da emissão de alvarás. Em caso de
condenação, eles podem pegar mais de 10 anos de cadeia.
Carlos Alberto Jales e Carlos Sidney de Oliveira
foram presos em novembro do ano passado: suspeita de acordos e propina
A Polícia Civil indiciou os ex-administradores de
Taguatinga e de Águas Claras Carlos Alberto Jales e Carlos Sidney de Oliveira,
respectivamente. Presos em novembro do ano passado, depois de deflagrada a
Operação Átrio, eles são suspeitos de receberem propina de empresários da
cidade para facilitar a emissão de alvarás de construção. Após o escândalo, os
dois acabaram exonerados. ...
Durante as diligências, os investigadores da
Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) encontraram indícios de que os
ex-gestores se valiam dos cargos para fazer acordos escusos. Indiciados por
associação criminosa, falsidade
ideológica e corrupção ativa e passiva, podem
pegar mais de 10 anos de prisão, caso sejam condenados.
O inquérito está nas mãos do Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Membros da 2ª Promotoria Criminal de
Taguatinga — que também participaram das apurações da Operação Átrio — são
responsáveis pela ação. Eles têm 15 dias para oferecer denúncia contra os
envolvidos ou pedir que a Polícia Civil faça mais diligências. Não foi revelado
se empresários do ramo imobiliário também são alvos do indiciamento.
Além dos acusados, outras 12 pessoas, entre
comerciantes, servidores e funcionários de empresas particulares prestaram
depoimentos. Os dois ex-administradores, de acordo com as investigações,
recebiam dinheiro vivo e mimos, como viagens e apartamentos, para burlar todas
as etapas que envolvem a concessão de um alvará. Sem fraude, a autorização para
que um empreendimento de grande porte seja erguido gira em torno de 60 dias a
um ano. No esquema, a documentação poderia ser liberada em15 dias.
Dinheiro em casa
Carlos Sidney foi detido em casa. Com ele, policiais
civis e promotores apreenderam R$ 50 mil em espécie. Carlos Alberto Jales
conseguiu fugir antes da chegada dos agentes e se apresentou no dia seguinte,
no Hospital Santa Marta, em Taguatinga, pois alegava crise hipertensiva e dores
no peito. Os dois cumpriram os cinco dias da prisão temporária e, agora,
aguardam a conclusão do processo em liberdade.
Chamou a atenção dos investigadores o fato de Jales
morar em um apartamento luxuoso de Águas Claras. O imóvel teria sido um
presente de um empresário. A Operação Átrio também revelou que o mesmo
empresário deu de presente a Jales e a Carlos Sidney cerca de R$ 40 mil em
espécie.
Um dos empreendimentos erguidos supostamente sem
passar por todas as etapas de emissão de alvarás foi o Shopping Jk & Tower,
entre Ceilândia e Taguatinga. Inaugurado em dezembro do ano passado, é um dos
maiores centros de compras da região. Outros cinco também são citados na
investigação da Deco e do Ministério Público: Centro Clínico de Taguatinga, o
Vinícius Condomínio Resort, Residencial Península, Le Boulevard e Kimberley
Plain.
Fonte:
Jornal Correio Braziliense