Por Ludmila Rocha
Paredes descascadas e mato alto; jornais, papel
higiênico, documentos oficiais e até uma faca encontrados no chão. Parece
o cenário de uma casa mal assombrada, mas é o antigo prédio do 18ª Companhia
Independente de Polícia Militar, na Quadra 304 do Recanto das Emas. O
local foi desativado há cerca de um ano e meio e, hoje, abandonado,
é abrigo de moradores de rua e usuários de droga.
De acordo com a administração regional, o terreno foi
cedido à Polícia Militar há 14 anos. Antes da concessão, um banco
funcionava no local. A corporação teria permanecido ali até 2012, quando o
efetivo militar foi transferido para o 27º Batalhão da PM, construído a duas
quadras dali, na 306.
Na manhã de ontem, homens do 27º BPM foram designados
para fazer a poda de uma árvore no terreno. Eles confirmaram o recebimento
constante de denúncias, feitas por moradores e comerciantes, sobre
movimentações suspeitas. Os policiais aproveitaram a
visita para fazer uma
ronda e verificar a presença de pessoas estranhas, mas, às 10h, não
havia ninguém no local. ...
O vendedor Raimundo Rogério, 38 anos, disse
que o entra e sai de pessoas no lugar começa depois das 16h. “São
mendigos e viciados. Mas usuários de droga, que levam uma vida
relativamente normal, também aparecem. Já vi uma garota que conhecemos de
vista saindo dali e indo direto para o trabalho”.
A dona de uma padaria próxima Maria de Fátima Silva,
53 anos, conta que o movimento no prédio é intenso. “Ouvimos dizer que
seria construída uma unidade de saúde, mas até agora nada. Seria muito útil. O
governo precisa tomar uma atitude”, reclama.
Polícia não inibe ladrões
Moradores reclamam ainda que, apesar de haver um
batalhão da PM e uma delegacia da Polícia Civil bem próximas do lugar, o
comércio e as casas ao redor são alvos constantes dos bandidos. “O supermercado
em frente à delegacia já foi assaltado várias vezes, a presença da polícia não
inibe os meliantes” diz um deles.
Procurada, a assessoria de imprensa da Administração
do Recanto das Emas informou que o terreno ainda pertence à Polícia
Militar. No entanto, após a transferência do efetivo para o novo endereço,
vários órgãos solicitaram a concessão do espaço, entre elas a Secretaria de
Saúde a própria administração. Segundo o órgão, a Secretaria de Saúde já teve o
pedido indeferido. Já a administração, que pretendia transformar o local em um
polo onde funcionariam um Conselho de Segurança e a Diretoria de Obras, ainda
aguarda a decisão do comando da PM. Não há prazo pré-definido para a conclusão
dessa análise.
O comandante do 27º Batalhão, coronel Fernando
Caravelas, ratificou que já existe uma solicitação da administração em
andamento, formalizada no ano passado, para adquirir a concessão do terreno.
“Essa solicitação já foi encaminhada para o Comando Geral da Polícia Militar do
Distrito Federal e está, inclusive, em um estágio avançado. No entanto, não é possível
fixar um prazo para que a demanda seja atendida, o processo é lento e passa por
várias instâncias”, concluiu.
Fonte:
Jornal de Brasília - 29/01/2014 - - 08:22:52