segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Conheça aquele que poderá ser o candidato tucano para disputar o Palácio do Buriti

Eleições 2014 por Edson Sombra

Prévias tucanas decidirão o nome do partido para enfrentar Agnelo Queiroz (PT) nas urnas e o blog preparou um perfil de cada pré-candidato para que nossos leitores façam a avaliação. ...

O PSDB do Distrito Federal deve decidir nos próximos dias o nome da legenda que disputará a principal cadeira do Palácio do Buriti. A postura do partido reflete a necessidade da oposição de marcar posicionamento contra a gestão do governador Agnelo Queiroz, do Partido dos Trabalhadores. É a primeira vez que, abertamente, o partido no DF fará prévias para a escolha do nome para a chapa majoritária.

Pelo PSDB, até agora pelo menos três tucanos já anunciaram a intenção de disputar o Buriti, São eles: os deputados federais Luiz Pitiman, Izalci Lucas e o ex-presidente regional da sigla, Márcio Machado.

Nos bastidores, há uma romaria aos gabinetes da direção nacional dos tucanos com o objetivo de que cada pré-candidato convença os comandantes do partido que seu nome é o mais apropriado para levantar a bandeira do partido e, com isso, garantir um bom palanque para o presidenciável tucano Aécio Neves no Distrito Federal.

Nos bastidores comenta-se que apesar da pressa em anunciar o nome ao Buriti, o PSDB não descarta conversas com aliados a fim de negociar uma grande composição para vencer o PT nas eleições deste ano. Na prática, isso representaria a possibilidade do
partido abrir mão da cabeça de chapa, caso todas as legendas cheguem a um consenso que não seja o nome apresentado pelos tucanos. Como na política tudo é possível, nesse caso, aceitaria, por exemplo, a vaga de vice ou mesmo uma cadeira ao Senado.

Com esse cenário, o Blog decidiu apurar e destrinchar a vida pregressa dos três possíveis candidatos ao Buriti pelo Partido da Social Democracia Brasileira. Confira:

Izalci Lucas
O deputado Izalci Lucas foi eleito em 2010, com 97.914 votos, na mesma legislatura quando o seu hoje companheiro de partido, Luiz Pitiman, conquistou uma cadeira pelo PMDB.

Izalci esteve entre os primeiros candidatos mais votados no Distrito Federal. Mineiro da cidade de Araújos, chegou à Brasília ainda menino. Formou-se em Contabilidade e pós-graduou-se em Gestão Financeira. É professor, empresário, contador, auditor, ex-juiz do trabalho e líder sindical.  Foi presidente de várias entidades de classe.

Antes de ingressar no Congresso, como deputado distrital no ano de 2002, apresentou aproximadamente 170 projetos na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Na eleição seguinte, tentou concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, porém, apesar dos mais de 67 mil votos que conquistou, acabou ficando como primeiro suplente para a Câmara Federal em 2006, mas garantiu a cadeira titular em 2010.

Na vida pública, Izalci foi secretario de Ciência e Tecnologia do governo do Distrito Federal durante as gestões de Arruda e Joaquim Roriz. Foi um dos idealizadores do projeto Parque Cidade Digital, que pretendia incluir Brasília como capital digital. No entanto, mudanças nos governos acabaram atrapalhando continuidade da proposta.

Nessa época, acabou alvo de denúncias de que teria sido beneficiado com doações para sua campanha das empresas Sapiens e Patamar, ligadas ao ex-bicheiro Carlinhos Cachoeira. A informação foi publicada pela revista Época. Izalci afirmou desconhecer o fato. 

No histórico partidário, Izalci começou filiado ao PSDB, por onde foi eleito pela primeira vez como deputado distrital. No entanto, divergências com a ex-presidente do partido, Maria de Lourdes Abadia, deputada federal na época, o fizeram deixar a legenda. Escolheu, então, o Partido da República, por onde foi eleito na última eleição como deputado federal.  No entanto, decisão do partido de apoiar a gestão petista de Agnelo Queiroz o fizeram pedir o desligamento do partido. Assim, retornou ao PSDB e hoje tenta ser o nome do partido para disputar o Palácio do Buriti.


Márcio Machado
Márcio Machado é engenheiro e empresário do ramo da construção civil. Foi presidente do PSDB-DF por três mandatos consecutivos. 

Concluiu seu comando em maio do ano passado. Pelo estatuto partidário, esse é o tempo máximo que um presidente pode permanecer a frente da legenda. A gestão foi considerada diplomática, quando conseguiu abrir o diálogo com vários partidos aliados.

Ganhou notoriedade na vida pública ao assumir a secretaria de Obras durante o governo Arruda. Garante ter sido ele o responsável por apresentar e comandar as duas mil obras tocadas durante aquela gestão. Seu objetivo foi realizar a construção das vilas olímpicas, dos postos policiais, das escolas e assim melhorar a infraestrutura das Regiões Administrativas do DF, com projetos como a reforma da Estrada Parque Taguatinga Guará (EPTG), foi na sua gestão que foi construída a Torre Digital.

Por conta da operação Caixa de Pandora e, consequentemente, a mudança de governo no DF, várias obras iniciadas em sua gestão tiveram de ser interrompidas. Uma delas foi o projeto inicial do estádio Mané Garrincha, quando foi contrário à elevação da capacidade de espectadores do local. Machado defendia um estádio que se enquadrasse com as características de Brasília, para que não corresse o risco de construir um espaço que ficasse sem uso após a Copa do Mundo. 

Márcio Machado respondeu a um processo iniciado por denúncia do Ministério Público. O órgão acusou o então secretário de dispensa de licitação na reforma do ginásio Nilson Nelson, que receberia uma copa de futsal. Chegou a ser condenado em primeira instância, mas inocentado quando o processo foi analisado por um colegiado de desembargadores. Assim, ficou sem impedimento legal para disputar qualquer cargo eletivo.

Mineiro de Cordisburgo, chegou em Brasília há 35 anos, quando constituiu família e criou sua empresa de construção. Formou-se pela Escola de Engenharia Kennedy de Belo Horizonte, Márcio Machado integrou o Conselho de Gestão da Área de Preservação de Brasília (Conpresb), sendo um dos defensores da manutenção e preservação do projeto de Lúcio Costa.

Foi ainda membro do Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Indústria da Construção Civil do Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior, esteve à frente de dois mandatos no Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon/DF), além de ser vice-presidente da entidade. O ex-secretário já trabalhou na Petrobrás, participou do conselho da Federação da Indústria e do Sebrae.


Luiz Carlos Pitiman
Eleito com menor votação entre todos os deputados, inclusive menos que muitos suplentes , como o delegado aposentado Laerte Bessa (PSC).

A postura e atuação dentro da Câmara dos Deputados podem até dar a impressão de uma imagem majestosa para Luiz Carlos Pietschmann, ou apenas Pitiman(PMDB-DF), como prefere ser chamado agora. 

No entanto, Pitiman não consegue apagar de seu histórico, por exemplo, que ocupa uma cadeira no Congresso Nacional apenas por mérito de uma coligação peemedebista com partidos que o ajudaram com o coeficiente eleitoral. Namorou até garantir a filiação no PSDB. Mas nada o impede de tentar flertar com outras siglas para enfrentar uma eleição majoritária. O problema é que, com toda essa vontade, vem diversas histórias de relações políticas mal resolvidas, ele é tido por pessoas próximas como uma pessoa de instabilidade emocional e que não aceita ser contestado nos seus pontos de vistas.

Poucos sabem, mas a carreira de Pitiman começou discreta, ainda no Acre. Em 1992, foi chefe da Casa Civil na gestão do então governador do Acre, Edmundo Pinto, que foi alvo de uma série de graves denúncias de corrupção. Pinto chegou a ser convocado para depor na CPI do Collor, mas na véspera do esperado depoimento foi assassinado num hotel em São Paulo. Pitiman que estava no quarto ao lado diz que nada viu. "Alguns inimigos não declarados dizem que Pitiman é arrogante e prepotente e que o mesmo teve que sair do Acre para não ser massacrado."

Com uma boa relação com o vice governador Tadeu Filipelli, Pitiman ressurge no DF a convite do então governador José Roberto Arruda para assumir a direção da Companhia Urbanizadora de Brasília (Novacap), empresa responsável por boa parte das obras e dos recursos no Distrito Federal. 

Foi com o apoio do hoje vice-governador Tadeu Filippelli, que preside o PMDB-DF, que Pitiman conseguiu bom espaço dentro do partido e total apoio dos candidatos majoritários da coligação vitoriosa com o Partido dos Trabalhadores do governador Agnelo Queiroz. Contou, também, com o apoio fundamental, de toda estrutura de campanha do ex-governador Arruda para sua eleição.

Em janeiro de 2011 assumiu a Secretaria de Obras do governo Agnelo, Pitiman demonstrou vontade própria de alçar voo, o que desagradou o governador, isso gerou sua saída do GDF após menos de seis meses no cargo. 

Fontes ouvidas garantem que a demissão ocorreu por uma tentativa de queda de braço com Tadeu Filippelli, responsável por essa fatia do governo. Agnelo com sua demissão, teria atendido, então, o pedido de seu vice. Mas outras figuras do governo dizem que não havia mais clima para uma convivência dele, Pitiman com o restante do governo. A relação de confiança não durou muito tempo. 

Irritado, Pitiman começou a acenar com um afastamento da base governista. Já sem espaço no governo e de volta a Câmara dos Deputados, ameaçava em discursos inflamados contar as “mazelas” do governo petista da Capital da República. Chegou a denunciar “perseguição”dos líderes do partido e reclamar da censura que teria sofrido por não terem veiculado suas inserções em rádio e televisão por fazerem duras críticas ao governo apoiado por seu partido, o PMDB.

Com esse argumento, solicitou na Justiça a desfiliação do PMDB, para não correr o risco de perder o mandato por infidelidade partidária. Avançou conversas com várias lideranças nacionais que integram partidos com tradicional histórico de oposição ao PT. Chegou a ventilar que chegaria no PSDB com as bênçãos do presidente nacional, senador Aécio Neves, o que nunca foi confirmado pela Executiva Nacional. Dentro do seu partido outras fontes falaram ao blog que ele só acabou filiado após acordos com o presidente regional, Eduardo Jorge.

Uma fonte ligada ao ex-peemedebista garante que a intenção de Pitiman começou tímida, mas ganhou espaço graças ao seu afastamento da base de Agnelo Queiroz. Mas o parlamentar, segundo relato, sabe da dificuldade de tentar conseguir, por exemplo, ganhar o diretório local do ninho tucano, conhecido pela característica heterogênea. Tanto que o partido hoje está rachado.

Pitiman sempre declarou que seu desejo é ser candidato a governador , mas sabe que uma campanha majoritária poderia devastar a sua pouco conhecida história de vida. E, segundo contam pessoas próximas, a estratégia é mantida por dois motivos: com a postura, Pitiman se cacifaria para uma negociação vantajosa nas próximas eleições e ainda conquistaria uma eleição para deputado federal mais expressiva do que os 51.491 votos que recebeu em 2010. 

Pitiman não tem uma história de vida política que possa ser avaliada pela população, tenta se cacifar dizendo que quando Presidente da Novacap, executou 2000 obras. 

Ele ficou no cargo apenas 10 meses, o governo Arruda teve 3 anos e dois meses de duração. 

Tem tentado cooptar membros do PSDB na tentativa de obter espaço e apoio para sua aventura. Pitiman esquece, no entanto, que no próprio PSDB existem filiados com um potencial de votos e perspectiva eleitoral muito maior do que a sua. 

Dentro do PSDB o acusam de ter criado uma situação divisiocionista dentro do partido. Na direção Nacional do PSDB, segundo outras fontes ouvidas pelo blog, existe uma grande preocupação com o perfil do deputado Pitiman, o que pode prejudicar a campanha do Senador Aécio Neves à Presidência da República. 

 “Falta-lhe senso crítico, experiência política e capacidade de agregar”, diz uma figura importante do PMDB-DF. 

"Se Pitiman não conseguiu conviver com harmonia nas hostes do PMDB, mesmo tendo como padrinho o vice-governador Tadeu Filipelli, como conseguirá controlar seu estilo individualista, será ele capaz de conviver com os partidos de oposição, principalmente num momento que deve haver um grande entendimento  em torno de um candidato que reúna todas as condições de agregar os partidos que estarão enfrentando o candidato do PT?" Conclui.

Diversos políticos do PSDB, DEM e PPS foram ouvidos pelo blog, disseram não enxergar nele um legítimo representante da oposição para enfrentar a dobradinha PT-PMDB.


Fonte: Redação do Edson Sombra  - 20/01/2014