Eleições 2014 por Edson Sombra
Prévias tucanas decidirão
o nome do partido para enfrentar Agnelo Queiroz (PT) nas urnas e o blog
preparou um perfil de cada pré-candidato para que nossos leitores façam a
avaliação. ...
O PSDB do Distrito Federal
deve decidir nos próximos dias o nome da legenda que disputará a principal
cadeira do Palácio do Buriti. A postura do partido reflete a necessidade da
oposição de marcar posicionamento contra a gestão do governador Agnelo Queiroz,
do Partido dos Trabalhadores. É a primeira vez que, abertamente, o partido no
DF fará prévias para a escolha do nome para a chapa majoritária.
Pelo PSDB, até agora pelo
menos três tucanos já anunciaram a intenção de disputar o Buriti, São eles: os
deputados federais Luiz Pitiman, Izalci Lucas e o ex-presidente regional da
sigla, Márcio Machado.
Nos bastidores, há uma
romaria aos gabinetes da direção nacional dos tucanos com o objetivo de que
cada pré-candidato convença os comandantes do partido que seu nome é o mais
apropriado para levantar a bandeira do partido e, com isso, garantir um bom
palanque para o presidenciável tucano Aécio Neves no Distrito Federal.
Nos bastidores comenta-se
que apesar da pressa em anunciar o nome ao Buriti, o PSDB não descarta
conversas com aliados a fim de negociar uma grande composição para vencer o PT
nas eleições deste ano. Na prática, isso representaria a possibilidade do
partido abrir mão da cabeça de chapa, caso todas as legendas cheguem a um
consenso que não seja o nome apresentado pelos tucanos. Como na política tudo é
possível, nesse caso, aceitaria, por exemplo, a vaga de vice ou mesmo uma
cadeira ao Senado.
Com esse cenário, o Blog
decidiu apurar e destrinchar a vida pregressa dos três possíveis candidatos ao
Buriti pelo Partido da Social Democracia Brasileira. Confira:
Izalci Lucas
O deputado Izalci Lucas
foi eleito em 2010, com 97.914 votos, na mesma legislatura quando o seu hoje
companheiro de partido, Luiz Pitiman, conquistou uma cadeira pelo PMDB.
Izalci esteve entre os
primeiros candidatos mais votados no Distrito Federal. Mineiro da cidade de
Araújos, chegou à Brasília ainda menino. Formou-se em Contabilidade e
pós-graduou-se em Gestão Financeira. É professor, empresário, contador,
auditor, ex-juiz do trabalho e líder sindical. Foi presidente de várias
entidades de classe.
Antes de ingressar no
Congresso, como deputado distrital no ano de 2002, apresentou aproximadamente
170 projetos na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Na eleição seguinte,
tentou concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, porém, apesar dos mais de
67 mil votos que conquistou, acabou ficando como primeiro suplente para a
Câmara Federal em 2006, mas garantiu a cadeira titular em 2010.
Na vida pública, Izalci
foi secretario de Ciência e Tecnologia do governo do Distrito Federal durante
as gestões de Arruda e Joaquim Roriz. Foi um dos idealizadores do projeto
Parque Cidade Digital, que pretendia incluir Brasília como capital digital. No
entanto, mudanças nos governos acabaram atrapalhando continuidade da proposta.
Nessa época, acabou alvo
de denúncias de que teria sido beneficiado com doações para sua campanha das
empresas Sapiens e Patamar, ligadas ao ex-bicheiro Carlinhos Cachoeira. A
informação foi publicada pela revista Época. Izalci afirmou desconhecer o fato.
No histórico partidário,
Izalci começou filiado ao PSDB, por onde foi eleito pela primeira vez como
deputado distrital. No entanto, divergências com a ex-presidente do partido,
Maria de Lourdes Abadia, deputada federal na época, o fizeram deixar a legenda.
Escolheu, então, o Partido da República, por onde foi eleito na última eleição
como deputado federal. No entanto, decisão do partido de apoiar a gestão
petista de Agnelo Queiroz o fizeram pedir o desligamento do partido. Assim,
retornou ao PSDB e hoje tenta ser o nome do partido para disputar o Palácio do
Buriti.
Márcio Machado
Márcio Machado é
engenheiro e empresário do ramo da construção civil. Foi presidente do PSDB-DF
por três mandatos consecutivos.
Concluiu seu comando em
maio do ano passado. Pelo estatuto partidário, esse é o tempo máximo que um
presidente pode permanecer a frente da legenda. A gestão foi considerada
diplomática, quando conseguiu abrir o diálogo com vários partidos aliados.
Ganhou notoriedade na vida
pública ao assumir a secretaria de Obras durante o governo Arruda. Garante ter
sido ele o responsável por apresentar e comandar as duas mil obras tocadas
durante aquela gestão. Seu objetivo foi realizar a construção das vilas
olímpicas, dos postos policiais, das escolas e assim melhorar a infraestrutura
das Regiões Administrativas do DF, com projetos como a reforma da Estrada
Parque Taguatinga Guará (EPTG), foi na sua gestão que foi construída a Torre
Digital.
Por conta da operação
Caixa de Pandora e, consequentemente, a mudança de governo no DF, várias obras
iniciadas em sua gestão tiveram de ser interrompidas. Uma delas foi o projeto
inicial do estádio Mané Garrincha, quando foi contrário à elevação da
capacidade de espectadores do local. Machado defendia um estádio que se enquadrasse
com as características de Brasília, para que não corresse o risco de construir
um espaço que ficasse sem uso após a Copa do Mundo.
Márcio Machado respondeu a
um processo iniciado por denúncia do Ministério Público. O órgão acusou o então
secretário de dispensa de licitação na reforma do ginásio Nilson Nelson, que
receberia uma copa de futsal. Chegou a ser condenado em primeira instância, mas
inocentado quando o processo foi analisado por um colegiado de desembargadores.
Assim, ficou sem impedimento legal para disputar qualquer cargo eletivo.
Mineiro de Cordisburgo,
chegou em Brasília há 35 anos, quando constituiu família e criou sua empresa de
construção. Formou-se pela Escola de Engenharia Kennedy de Belo Horizonte,
Márcio Machado integrou o Conselho de Gestão da Área de Preservação de Brasília
(Conpresb), sendo um dos defensores da manutenção e preservação do projeto de
Lúcio Costa.
Foi ainda membro do Fórum
de Competitividade da Cadeia Produtiva da Indústria da Construção Civil do
Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior, esteve à frente de dois
mandatos no Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon/DF),
além de ser vice-presidente da entidade. O ex-secretário já trabalhou na
Petrobrás, participou do conselho da Federação da Indústria e do Sebrae.
Luiz Carlos Pitiman
Eleito com menor votação
entre todos os deputados, inclusive menos que muitos suplentes , como o
delegado aposentado Laerte Bessa (PSC).
A postura e atuação dentro
da Câmara dos Deputados podem até dar a impressão de uma imagem majestosa para
Luiz Carlos Pietschmann, ou apenas Pitiman(PMDB-DF), como prefere ser chamado
agora.
No entanto, Pitiman não
consegue apagar de seu histórico, por exemplo, que ocupa uma cadeira no
Congresso Nacional apenas por mérito de uma coligação peemedebista com partidos
que o ajudaram com o coeficiente eleitoral. Namorou até garantir a filiação no
PSDB. Mas nada o impede de tentar flertar com outras siglas para enfrentar uma
eleição majoritária. O problema é que, com toda essa vontade, vem diversas
histórias de relações políticas mal resolvidas, ele é tido por pessoas próximas
como uma pessoa de instabilidade emocional e que não aceita ser contestado nos
seus pontos de vistas.
Poucos sabem, mas a
carreira de Pitiman começou discreta, ainda no Acre. Em 1992, foi chefe da Casa
Civil na gestão do então governador do Acre, Edmundo Pinto, que foi alvo de uma
série de graves denúncias de corrupção. Pinto chegou a ser convocado para depor
na CPI do Collor, mas na véspera do esperado depoimento foi assassinado num
hotel em São Paulo. Pitiman que estava no quarto ao lado diz que nada viu.
"Alguns inimigos não declarados dizem que Pitiman é arrogante e prepotente
e que o mesmo teve que sair do Acre para não ser massacrado."
Com uma boa relação com o
vice governador Tadeu Filipelli, Pitiman ressurge no DF a convite do então
governador José Roberto Arruda para assumir a direção da Companhia Urbanizadora
de Brasília (Novacap), empresa responsável por boa parte das obras e dos
recursos no Distrito Federal.
Foi com o apoio do hoje
vice-governador Tadeu Filippelli, que preside o PMDB-DF, que Pitiman conseguiu
bom espaço dentro do partido e total apoio dos candidatos majoritários da
coligação vitoriosa com o Partido dos Trabalhadores do governador Agnelo
Queiroz. Contou, também, com o apoio fundamental, de toda estrutura de campanha
do ex-governador Arruda para sua eleição.
Em janeiro de 2011 assumiu
a Secretaria de Obras do governo Agnelo, Pitiman demonstrou vontade própria de
alçar voo, o que desagradou o governador, isso gerou sua saída do GDF após
menos de seis meses no cargo.
Fontes ouvidas garantem
que a demissão ocorreu por uma tentativa de queda de braço com Tadeu
Filippelli, responsável por essa fatia do governo. Agnelo com sua demissão,
teria atendido, então, o pedido de seu vice. Mas outras figuras do governo
dizem que não havia mais clima para uma convivência dele, Pitiman com o
restante do governo. A relação de confiança não durou muito tempo.
Irritado, Pitiman começou
a acenar com um afastamento da base governista. Já sem espaço no governo e de
volta a Câmara dos Deputados, ameaçava em discursos inflamados contar as
“mazelas” do governo petista da Capital da República. Chegou a denunciar
“perseguição”dos líderes do partido e reclamar da censura que teria sofrido por
não terem veiculado suas inserções em rádio e televisão por fazerem duras
críticas ao governo apoiado por seu partido, o PMDB.
Com esse argumento,
solicitou na Justiça a desfiliação do PMDB, para não correr o risco de perder o
mandato por infidelidade partidária. Avançou conversas com várias lideranças
nacionais que integram partidos com tradicional histórico de oposição ao PT.
Chegou a ventilar que chegaria no PSDB com as bênçãos do presidente nacional,
senador Aécio Neves, o que nunca foi confirmado pela Executiva Nacional. Dentro
do seu partido outras fontes falaram ao blog que ele só acabou filiado após
acordos com o presidente regional, Eduardo Jorge.
Uma fonte ligada ao
ex-peemedebista garante que a intenção de Pitiman começou tímida, mas ganhou
espaço graças ao seu afastamento da base de Agnelo Queiroz. Mas o parlamentar,
segundo relato, sabe da dificuldade de tentar conseguir, por exemplo, ganhar o
diretório local do ninho tucano, conhecido pela característica heterogênea.
Tanto que o partido hoje está rachado.
Pitiman sempre declarou
que seu desejo é ser candidato a governador , mas sabe que uma campanha
majoritária poderia devastar a sua pouco conhecida história de vida. E, segundo
contam pessoas próximas, a estratégia é mantida por dois motivos: com a
postura, Pitiman se cacifaria para uma negociação vantajosa nas próximas
eleições e ainda conquistaria uma eleição para deputado federal mais expressiva
do que os 51.491 votos que recebeu em 2010.
Pitiman não tem uma
história de vida política que possa ser avaliada pela população, tenta se
cacifar dizendo que quando Presidente da Novacap, executou 2000 obras.
Ele ficou no cargo apenas
10 meses, o governo Arruda teve 3 anos e dois meses de duração.
Tem tentado cooptar
membros do PSDB na tentativa de obter espaço e apoio para sua aventura. Pitiman
esquece, no entanto, que no próprio PSDB existem filiados com um potencial de
votos e perspectiva eleitoral muito maior do que a sua.
Dentro do PSDB o acusam de
ter criado uma situação divisiocionista dentro do partido. Na direção Nacional
do PSDB, segundo outras fontes ouvidas pelo blog, existe uma grande preocupação
com o perfil do deputado Pitiman, o que pode prejudicar a campanha do Senador
Aécio Neves à Presidência da República.
“Falta-lhe senso
crítico, experiência política e capacidade de agregar”, diz uma figura
importante do PMDB-DF.
"Se Pitiman não
conseguiu conviver com harmonia nas hostes do PMDB, mesmo tendo como padrinho o
vice-governador Tadeu Filipelli, como conseguirá controlar seu estilo
individualista, será ele capaz de conviver com os partidos de oposição,
principalmente num momento que deve haver um grande entendimento em torno
de um candidato que reúna todas as condições de agregar os partidos que estarão
enfrentando o candidato do PT?" Conclui.
Diversos políticos do
PSDB, DEM e PPS foram ouvidos pelo blog, disseram não enxergar nele um legítimo
representante da oposição para enfrentar a dobradinha PT-PMDB.
Fonte:
Redação do Edson Sombra - 20/01/2014