O ano mal começou e as
projeções do governo federal para 2013 já começaram a esbarrar em fatos, que
apontam para um cenário nada otimista, bem diferente do que a presidente Dilma
Rousseff previu e fez propaganda.
Em
seu último pronunciamento público de 2012, Dilma não só prometeu um
"pibão" para este ano, como considerou "ridículo" o risco
de racionamento de energia, subestimando dificuldades que se apresentam de
forma bastante óbvia. ...
Efetivamente,
o Brasil lidera hoje os maus resultados entre os Brics - grupo de países
emergentes do qual faz parte juntamente com Rússia, Índia, China e África do
Sul - e na América Latina tem ajudado a puxar os índices econômicos da
região
para baixo.
Na
tentativa de encobrir tal realidade, a equipe econômica lançou mão de manobras
fiscais para fingir o cumprimento do superávit primário. O correto teria sido
encarar o problema de frente e solicitar a colaboração de todos. Já o gargalo
da infraestrutura se agrava.
O
governo decidiu intervir no setor de energia elétrica para garantir a redução
do preço das tarifas, mas não foi capaz de produzir regras claras e ainda
tentou partidarizar a discussão, ciente de que os níveis dos reservatórios das
hidrelétricas estavam baixos e que o acionamento das termelétricas seria inevitável,
assim como o aumento de custo da produção energética.
Produção
insuficiente e redução de preços não combinam. Quem produz reclama e quem
consome fica sujeito a apagões como os seis registrados em apenas quatro meses
do segundo semestre do ano passado. De forma arrogante, Dilma chegou a ironizar
a preocupação de setores da sociedade com o risco de novos apagões. Ninguém
torce para que haja apagões. Mas o fato de esta preocupação existir está longe
de ser "ridículo". É, no mínimo, grave.
E
o que falar da Petrobras? Não faz muito tempo, o ex-presidente Lula chegou a
anunciar a autossuficiência do país na produção de petróleo diante da
descoberta das bacias do pré-sal. De lá para cá, o Brasil foi obrigado a
aumentar as importações de petróleo, a Petrobras perdeu o posto de maior
empresa da América Latina e sua nova diretoria, nomeada por Dilma, promete
sanear os problemas administrativos herdados do governo Lula.
O
mesmo governo que, há alguns anos, prometeu resolver o problema da seca no Nordeste
com as obras de transposição do Rio São Francisco já gastou R$ 7 bilhões e
ainda não foi capaz de levar uma gota d"água à região, que sofre a maior
estiagem dos últimos 40 anos. Tampouco prosperou a tentativa da presidente de
desmontar o esquema de corrupção instalado no Ministério dos Transportes.
Ninguém foi punido. E as estradas continuam como estavam, em petição de
miséria.
Essa
é a verdadeira marca do atual governo: a absoluta incapacidade gerencial. Para
quem fotografava a presidente Dilma como grande gerente é, no mínimo,
decepcionante o cenário atual. E o PT parece mais preocupado em arrecadar para
saldar as multas impostas pelo Supremo aos condenados no julgamento do
mensalão.
Fonte:
O Globo - 24/01/2013