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PSB e a nota tardia no Senado: uma ‘autocrítica e ‘compromisso com a ética’ |
Dona de quatro votos, a bancada do PSB no Senado
divulgou nota sobre a eleição do novo presidente da Casa. No texto, o partido
critica a opção da maioria pelo multi-alvejado senador alagoano Renan
Calheiros. Faz isso sem mencionar o nome do favorito do PMDB. O PSB reconhece
três obviedades:
1) a sucessão de José Sarney (PMDB-AP) ocorre sob um
“quadro de desgaste da imagem institucional” do Senado.
2) a sociedade espera dos senadores, além de
“autocrítica”, um “compromisso firme com a ética”.
3) “além de uma plataforma que resgate a dignidade do
Senado, é preciso que o nome do novo presidente esteja associado, perante a
opinião pública, a esse ideal de renovação.”
Foi
o mais próximo que o partido do neopresidenciável Eduardo Campos conseguiu
chegar de uma manifestação anti-Renan. A legenda reage a 48 horas da eleição e
se esquiva de citar o nome do seu alvo. De resto, não oferece nenhum nome
alternativo nem informa se apoia um dos dois disponíveis: Pedro Taques (PDT-MT)
e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Assinam
a nota do PSB a líder do partido, Lídice da Mata (BA), e os colegas Rodrigo
Rollemberg (DF), Antonio Carlos Valadares e
João Capiberibe (AP).
Manifestaram-se depois de uma reunião com o vice-presidente do PSB federal,
Roberto Amaral. Disponível aqui,
o texto dos “socialistas” vai reproduzido abaixo:
O
Brasil vem passando por mudanças que enchem de alegria e esperança o povo
brasileiro. Durante as últimas décadas, consolidamos a democracia,
universalizamos o acesso à educação básica e derrotamos a inflação. Mais
recentemente, reduzimos as desigualdades de “raça”, renda, gênero e região. A
taxa de desemprego nunca foi tão baixa e os índices de mortalidade infantil
também caíram drasticamente.
Temos
pela frente uma agenda de investimentos que, se cumprida, constituirá a base do
crescimento econômico e do bem-estar da população brasileira por um longo
período. Temos também que dar conta de tarefas gigantescas no plano
social. Porém, embora haja ainda um longo caminho a percorrer até a conquista
de uma educação de alta qualidade, de serviços de saúde adequados e acessíveis
a todos, de transporte público digno e eficaz, de cidades menos assombradas
pela criminalidade violenta, o povo brasileiro está cada vez mais mobilizado
para a realização desses objetivos.
No
plano institucional, aprovamos importantes dispositivos como as leis da
Transparência, da Ficha Limpa, do Acesso à Informação e do Combate à Lavagem de
Dinheiro. Não há dúvidas de que avançou o combate à corrupção e à ineficiência
nas instituições públicas. O povo brasileiro está mais vigilante e exigente e
isso é essencial para o aperfeiçoamento do Estado de Direito.
Exatamente
por isso, o nosso povo está insatisfeito com os políticos, como confirmam as
pesquisas de opinião, de quem espera um comportamento mais condizente com os
desafios que o país enfrenta. Isso se reflete, de modo contundente, nos baixos
índices de aprovação da atuação e da imagem do Congresso Nacional e do Senado
Federal, em particular. E é preciso reconhecer: nosso povo está com a razão!
Embora tenha também contribuído para o bom momento que o Brasil vive, a atuação
desta Casa tem deixado a desejar.
Os
cidadãos e cidadãs, com toda a justeza, se queixam da ineficiência, do
desrespeito à ética, da falta de maior sintonia com as grandes aspirações da
nação. O resultado é um Senado amesquinhado, enfraquecido, submisso até, na sua
relação com o Poder Executivo. Ao mesmo tempo, a omissão reiterada ou a
dificuldade em decidir tem aberto espaço para que o Poder Judiciário encampe
questões que cabem a esta Casa resolver. Isso acarreta grave prejuízo para
a República, uma vez que esta se assenta no equilíbrio entre os poderes.
Da
mesma forma, o Senado compromete seu papel como representação igualitária dos
26 estados brasileiros e do Distrito Federal no Congresso Nacional. Debilitada,
esta Casa falha em sua missão de porta-voz e defensora dos reclamos e
interesses das entidades federadas aqui representadas. Isso acarreta grave
prejuízo para a Federação, que se assenta na cooperação equânime das entidades
que a compõem.
É
nesse quadro de desgaste de sua imagem institucional que se realiza a eleição
para a Presidência e a Mesa desta Casa.
O
que a sociedade espera de nós, muito além de uma necessária autocrítica, é um
compromisso firme com a ética e com a continuidade do processo de transformação
do Brasil em uma nação justa e próspera. Devemos, portanto, utilizar esta
oportunidade para encontrar a melhor maneira de recuperar a credibilidade desta
Casa.
Assim,
além de uma plataforma que resgate a dignidade do Senado Federal, é preciso que
o nome do novo presidente esteja associado, perante a opinião pública, a esse
ideal de renovação.
São enormes os desafios que
pesam sobre os membros desta Casa. Somente com o devido senso de
responsabilidade histórica, seremos capazes de fazer com que o Senado Federal
se ponha à altura do papel que efetivamente lhe cabe, como instituição
fundamental para a promoção dos valores e a realização dos objetivos maiores da
República.“
Fonte: Blogosfera