RIO DE JANEIRO -
É entre fraldas, chupetas e muitos problemas que o dono da Delta tem passado os
dias.
O empresário Fernando
Cavendish, 49, está sendo estimulado a publicar a "única verdade que
conhece". Escreveu um livro, mas ainda não decidiu se vai publicá-lo.
Foi depois da queda de um
helicóptero que levava amigos para sua festa de aniversário na Bahia, em junho
de 2011, que se tornou uma figura conhecida. Na ocasião, morreram sete pessoas,
entre elas a mãe de seus dois filhos gêmeos, de
dois anos, e ficou exposta a
amizade com Sérgio Cabral, governador do Rio, Estado que tem vários contratos
com a Delta.
Mas foi só com a CPI do
Cachoeira -que investigou as ligações do banqueiro do jogo do bicho com
políticos, empresários e órgãos públicos, no ano passado- que seu mundo começou
a ruir. Em especial com a revelação das ligações do diretor Cláudio Abreu,
acusado de ser parceiro de Cachoeira. No livro, Cavendish distancia-se de
Cachoeira, diz que não ia a Goiás havia cinco anos e que seu estilo sempre foi
o de delegar poder.
Demitiu 22 mil funcionários.
Hoje, são 6.500. A Delta, considerada inidônea, está atolada em dívidas.
O empresário narra sua
história. O pai, pernambucano, tinha uma empresa pequena. Em 94, Cavendish
montou uma sala no Rio. Ambicioso, queria fazer a empresa acontecer. Percebeu
que o meio era recheado de vícios, e cresceu na contramão, aceitando ganhar
menos.
Bate na tecla de que o
complicado no seu ramo de negócio é que, a cada dois anos, tem campanha
eleitoral, e o cliente tem necessidade de "apoio empresarial".
Mas o que pode ser mais
explosivo -e que resiste a colocar em detalhes no livro- é sua avaliação de que
a CPI acabou porque bateu no lugar errado, as grandes empresas.
"Ou acabava o Brasil e
fechava para balanço. Ou acabava a CPI", costuma falar. O que restará no
livro?
Fonte: Folha