As crianças que se afogaram em um
berçário de Goiânia na última segunda-feira (2) podem ter caído juntas na
piscina. Essa é a afirmação da delegada Renata Freitas, responsável pela
investigação do acidente. Até então, acreditava-se que o menino Isaque Sousa
Faleiro, 2, tinha caído na piscina após Andressa Morais Vieira, 1. Desde o
afogamento, as duas crianças permanecem internadas.
Segundo a delegada, as averiguações na infraestrutura do berçário
Alegria do Saber, no setor Serrinha, contradizem os depoimentos das monitoras
da unidade. Titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA),
Renata diz que é
quase impossível o menino Isaque ter ido para a piscina depois
do resgate de Andressa. Isso porque ele teria que passar pelas monitoras na
hora em que elas prestavam socorro à menina.
"Para Isaque ir até a piscina teria que passar pelo corredor,
onde Andressa era socorrida pelas monitoras. Uma monitora, que é novata na
unidade, disse que sentiu a ausência somente de Andressa", afirmou.
O quadro clínico de Isaque permanece grave –ele está
internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Instituto Goiano de
Pediatria (Igope), onde a família permanece de vigília.
O pai da criança, Rodrigo Almeida Sousa, 29, agradeceu as orações
e o apoio, mas não quis dar detalhes sobre o quadro do filho. "Estamos
confiantes na recuperação do Isaque.” Segundo ele, não houve alterações significativas
na situação do filho desde ontem. A previsão é de que a criança passe por uma
tomografia na quinta-feira.
Já a menina Andressa apresentou melhoras: o quadro passou de grave
para estável e a criança foi transferida da UTI para a unidade intermediária do
Hospital da Criança.
“Não viram Isaque”
A delegada acredita que, como a piscina é coberta por uma lona, as
funcionárias não viram que Isaque também estava na água e resgataram primeiro
Andressa. Na manhã de segunda-feira (2), duas monitoras cuidavam de sete
crianças no berçário. Apenas Isaque e Andressa estariam acordados.
Uma das monitoras disse à polícia que, inicialmente, só sentiu
falta de Andressa. A outra monitora, que teria mais tempo de trabalho no
berçário, encontrou então a menina na piscina e fez o resgate. Como a piscina
era coberta por uma lona, ela não teria visto Isaque, que ficou embaixo da água
por 15 minutos.
Somente após buscar ajuda para o resgate da menina, foi que uma
das monitoras sentiu falta de Isaque. O garoto foi retirado desacordado da água
e teve os primeiros socorros prestados pelo pai de outro aluno da unidade.
As apurações começaram na terça-feira (3) e três funcionárias e
dois proprietários já foram ouvidos. Uma vizinha que acionou o resgate também
deve prestar depoimento hoje.
Os proprietários do berçário prestaram depoimento no início da
tarde de hoje. Cairo Caixeta e Sandra Maria Caixeta disseram que vão aumentar a
segurança da porta da cozinha da unidade, que oferece acesso à piscina. A
polícia investiga se houve dolo eventual e negligência por parte do berçário.