PLENÁRIO DO SENADO VOTA, A PARTIR DAS 10H00 DA
QUARTA-FEIRA 11, A
INTERRUPÇÃO DO MANDATO DO SENADOR DEMÓSTENES TORRES; NOS ÚLTIMOS DIAS, EM
DISCURSOS SEM AUDIÊNCIA, ELE NÃO CONVENCEU NINGUÉM; NEM O VOTO SECRETO PODERÁ
SALVÁ-LO DA DEGOLA
Unanimidade
entre seus pares da Comissão de Ética, que no voto aberto recomendaram a perda
de seu mandato e, outra vez na Comissão de Constituição e Justiça, com todos os
votos favoráveis à lisura do processo de sua cassação, o senador Demóstenes
Torres chega nesta quarta-feira 11 ao fim da linha. A partir das dez horas da
manhã, o plenário do Senado começa o julgamento final de sua cassação, pelo
sistema do escrutíneo secreto. O que poderia ser para ele uma vantagem
decisiva, não fará, segundo os prognósticos, grande diferença
a seu favor. Afinal, mesmo indo votar longe dos
olofotes da mídia, os
senadores não obtiveram nenhum motivo concreto para poupar Demóstenes da
cassação.
Em seu rosário de discursos ao plenário
vazio, nos últimos dias, o senador cujo mandato sobe ao cadafalso da cassação
não conseguiu sensibilizar ninguém com sua autocrítica tardia, baseada na
garantia de que, agora, estaria mais maduro para exercer o mandato. No caso do
senador por Goiás, além de um passado que o condena, pelas ligações provadas e
comprovadas com o contraventor Carlinhos Cachoeira, há a permanente postura da
dubiedade. Antes, em franca atuação favorável a atividades moralmente
discutíveis como o jogo, ele se perfilava da tribuna como arauto da ética.
Agora, quem pode acreditar que ele estaria mais maduro para, enfim, exercer com
dignidade seu mandato?
Ainda que se lhe conceda o benefício da
dúvida, o fato superveniente é o de que é tarde demais para absolver
Demóstenes. O mal que ele fez aos costumes políticos, agindo de maneira ambivalente
diante de seus eleitores, a quem deveria ter dedicado o mandato, e de seu chefe
real, o hoje prisioneiro Cachoeira, é inaceitável para aos próprios senadores.
Com seu jogo duplo, ele lançou mais manchas à já tisnada reputação pública do
Senado, com suas regalias e mordomias criticadas em todo o País.
Tirar de Demóstenes o mandato que lhe foi
conferido pelo povo, pelo motivo de traição aos compromissos assumidos
publicamente em troca de acordos espúrios com uma organização crimimosa, será
um bem que o Senado fará à própria instituição. Casa dos sábios na antiga
Grécia, a chamada Câmara Alta saíra mais limpa do episódio ao cumprir sua
obrigação de sintonia com o clamor popular. O exemplo da degola de Demóstenes,
por outro lado, deverá servir para que futuros usurpadores de mandatos
populares pensem bem mais que duas vezes antes de jogarem seus votos no lixo em
troca de ligações perigosas.
Fonte: Brasil 247