O
candidato do PMDB a prefeito de São Paulo, deputado federal Gabriel Chalita,
cobrou nesta terça-feira, 10, que o ex-governador e adversário na corrida
eleitoral, José Serra (PSDB), dê explicações sobre sua relação com o ex-diretor
da empresa estatal Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) Paulo Vieira de
Souza, conhecido como Paulo Preto. O nome de Preto voltou à evidência, porque
ele foi convocado a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura
o envolvimento do contraventor Carlinhos Cachoeira e da empreiteira Delta
Construções com o governo.
Chalita visitou a Comunidade Real Parque em SP
Chalita
comentou o impacto do julgamento do mensalão e da CPI do Cachoeira na campanha
à prefeitura. Para ele, as diferentes versões
dadas por Serra sobre conhecer ou
não Preto e o julgamento do mensalão, maior escândalo do primeiro governo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vão influenciar a disputa.
Nesta
terça, o peemedebista listou ainda outra polêmica que envolve a gestão de Serra
na Prefeitura – a investigação do suposto enriquecimento ilícito de Hussain
Aref Saab, diretor que aprovava edificações no Município – e declarações
públicas do tucano de que cumpriria os quatro anos de mandato se eleito em
2004, o que não ocorreu.
“O
governador José Serra disse que não conhecia o Paulo Preto, depois teve que
dizer que conhecia. Acho que essas questões são relevantes. Como a história do
Aref que o Serra dizia que não nomeou. Depois saiu (na imprensa) que ele nomeou. Essas inverdades vão pesar
também na campanha. Ele tem muito o que explicar a respeito dessas declarações
que fez anteriormente”, cobrou o peemedebista.
Ligado
aos tucanos, Preto atuou na Dersa em obras de estradas paulistas. Ele deve
depor sobre contratos da estatal com a Delta Construções. A construtora já foi
declarada inidônea e perderá contratos públicos. Mas segue na mira das
investigações dos parlamentares, por causa de suposta ligação com o esquema de
Cachoeira.
O
nome de Paulo Preto veio à tona na campanha presidencial de 2010, quando ele
foi acusado de desviar dinheiro que teria sido arrecada de forma irregular para
o caixa tucano. Preto negou e sustentou conhecer Serra – contradizendo o
ex-governador, que dera entrevista antes afirmando não conhecê-lo. Depois da
declaração pública de Preto, Serra mudou a versão e disse ter se confundido.
Desafeto declarado de Serra, Chalita ajudou à época a campanha da presidente
Dilma Rousseff (PT).
Chalita
também afirmou que o mensalão pode atrapalhar o candidato petista Fernando
Haddad. Mas que a relação não é direta, porque ele não esteve ainda envolvido
no caso: “Acho que pode (ser negativo a
Haddad). Não é matemático, isso. Depende, porque o candidato do PT
até aqui não tem nenhum envolvimento com o mensalão”.
“Não
vai ser um fator decisivo, mas acho que vai impactar, porque as pessoas vão
acompanhar não só o julgamento do mensalão como a CPI do Cachoeira e quem foi
convocado de todos os lados. Não teve muito impacto ainda a convocação do Paulo
Preto, mas é significativa, está muito ligada ao governo do Estado e ao
ex-governador José Serra. Então, tem ali elementos que eu espero que possam
explicar uma série de problemas que estão acontecendo na política brasileira.
Quanto mais eles (parlamentares)
não protegerem lado nenhum e passarem isso a limpo, melhor é para a política”,
pregou Chalita durante visita à favela Real Parque, zona sul da capital
paulista.