A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) afirmou nesta
quinta-feira (5) que não há a "menor possibilidade" de trazer
discussões sobre as eleições municipais para dentro do governo Dilma Rousseff.
A ministra citou
o exemplo da disputa na cidade de São Paulo, onde partidos da base aliada são
adversários, e disse que esse tema deve ser tratado no "âmbito dos
partidos e da situação local".
"Vamos citar
o exemplo de São Paulo. Vai ter a candidatura do [Fernando] Haddad, do PT, com
vários partidos da base, mas também tem a
candidatura do [Gabriel] Chalita, do
PMDB, que é nada mais nada menos que o partido do vice-presidente da República.
Então não há menor possibilidade de trazer, às vezes, a disputa partidária
eleitoral local para ointerno do
governo", explicou.
Apesar da
afirmação de Ideli, a Folha apurou que a presidente Dilma Rouseff
agiu para se contrapor a articulação do senador Aécio Neves (PSDB-MG), seu
virtual rival na eleição de 2014, na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte.
Em reunião na
segunda-feira, Dilma deu aval à candidatura do petista Patrus Ananias e
costurou apoio do PMDB, PDT, PC do B e PSD.
A articulação
ocorreu após a quebra de um acordo entre tucanos e petistas na cidade, sob
comando de Márcio Lacerda (PSB), candidato à reeleição.
O roteiro de
ações que resultou na candidatura Patrus foi desenhado no Palácio do Alvorada,
na segunda, durante uma reunião de Dilma com o vice-presidente Michel Temer
(PMDB); o presidente do PT, Rui Falcão; e o ministro Fernando Pimentel
(Desenvolvimento), ex-prefeito de BH.
A operação contou
com a ajuda do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).
INAUGURAÇÕES
Ideli voltou a
citar a frase de Dilma de que a melhor maneira de contribuir com o processo
eleitoral é "continuar se preocupando com o Brasil".
"É continuar se
preocupando de manhã, tarde, madrugada, um dia sim, outro também, no
enfrentamento da crise, que o Brasil continue crescendo, distribuindo renda,
geração de empregos e tal", explicou.
Questionada se as
inaugurações que a presidente participará nas cidades de São Bernardo do Campo
hoje e no Rio de Janeiro amanhã não constituem "agenda eleitoral",
Ideli desconversou: "Ela está lançando obras".
Em relação à
participação de ministros na campanha eleitoral, Ideli afirmou que os
integrantes do governo têm liberdade para atuar em suas bases eleitorais, porém
fora do horário de expediente.
A ministra não
respondeu à pergunta se a aliança de Paulo Maluf (PP) com Haddad poderia
prejudicar a imagem do PT ou do governo Dilma.
MENSALÃO
Ideli afirmou
também que o mensalão é um assunto "da esfera do Judiciário", mas
disse que torce para que 'a justiça seja feita'.
"Nós
torcemos para que tudo corra de forma tranquila e também que a justiça seja
feita conforme as provas e autos, que é o que todos nós aguardamos e torcemos
para que aconteça", disse Ideli.
A afirmação foi
feita durante o programa de rádio "Bom dia, ministro", produzido e
veiculado pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação).
Em junho, o
ministro Ricardo Lewandowski concluiu o seu voto sobre o mensalão e liberou o
processo para ser julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O julgamento está
previsto para acontecer em agosto.