terça-feira, 17 de julho de 2012

Presidente do PSDB: denúncias contra Perillo são 'fraudulentas'


Os tucanos saíram em defesa, na tarde desta terça-feira, do governador Marconi Perillo (PSDB-GO), suspeito de envolvimento no esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. O presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), classificou as denúncias contra o tucano de "fraudulentas e absolutamente equivocadas" e voltou a afirmar que o partido confia na conduta do governador. "O PSDB não tem dúvidas sobre a conduta do governador Perillo", disse Guerra durante coletiva de imprensa na liderança do partido na Câmara dos Deputados. ...

Perillo voltou ao foco da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) depois de reportagem
da revista Época deste final de semana dando conta de que ele teria liberado os pagamentos do governo à empresa Delta depois de receber dinheiro do grupo de Cachoeira supostamente pela venda de uma casa.

Na noite de segunda-feira, o Psol protocolou requerimento de convocação de Perillo para novo depoimento à CPI, fato que motivou os tucanos a atirarem na blindagem que vem sendo feita ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB-RJ), de partido aliado ao governo. "Se o assunto é investigar a Delta, a investigação tinha que começar pelo Estado do Rio de Janeiro, que todos sabemos que é o centro de operações da Delta", disse Guerra.

O PSDB questionou a falta de investigação acerca dos contratos da empresa Delta no Estado do Rio de Janeiro, alegando ser o foco da CPI uma "luta política". "Querem uma cortina de fumaça agora para desviar a atenção para o julgamento dos petistas do mensalão", afirmou o presidente do PSDB.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Por Elaine Lina

Fonte: Terra - 17/07/2012