terça-feira, 10 de julho de 2012

Relator indica que vai atender Planalto em texto sobre Código Florestal


Apesar da pressão da bancada ruralista, o governo recebeu indicações nesta terça-feira de que o relatório da MP (medida provisória) que reformula o Código Florestal vai preservar pontos considerados essenciais pelo Planalto.
Entre eles está a maioria das regras para o reflorestamento em margens de rios e deixar claro que o objetivo da lei é proteger as florestas nativas.
Os sinais estão em um relatório preliminar repassado pelo senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) a parlamentares da comissão mista do Congresso que discute a matéria. O ministro tentou apresentar hoje seu texto depois de uma reunião com ministros no Planalto.
Diante das incertezas das demandas atendidas, a bancada ruralista ameaçou obstruir a pauta de votações e a leitura foi adiada para amanhã. Mas o grupo, que é maioria na comissão, já sinaliza que vai trabalhar para a votação do texto após o recesso de julho.
No encontro com ministros, Luiz Henrique não fez promessas, mas ouviu os
limites de negociação do governo. A conversa parece ter surtido efeito. No texto, o peemedebista não cedeu aos ruralistas e preservou as regras para a recuperação das chamadas APPs (Áreas de Preservação Permanente) na beira de rios.
Ficou a determinação da chamada escadinha, com minifúndios recompondo apenas 5 metros em margem de rios estreitos e médias e grandes propriedades reconpondo 30 metros.
O ruralistas querem flexibilizar os limites para os médios produtores de 4 a 10 módulos fiscais, estabelecendo uma recuperação de 15 metros nessas áreas. Eles prometem derrotar o relator nesse ponto.
Luiz Henrique, acolheu em parte a demanda da bancada. Ele manteve 20 metros de recuperação para médios produtores de 4 a 10 módulos em margens de rios de dez metros, desde que isso não ultrapasse a 25% da propriedade. Isso não teria validade para áreas na Amazônia.
O peemedebista também rejeitou a demanda para derrubar as mudanças do governo no artigo primeiro do código que tornava o código um mero disciplinador de atividades rurais. Ele encontrou um meio termo entre produção e proteção.
Mas acrescentou aos princípios da lei que a importância do setor agropecuário para o "crescimento econômico, a melhoria da qualidade de vida da população e a presença do país nos mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia".
Para evitar ainda brechas para o lobby da indústria, ele ainda retirou as regras previstas para a preservação de áreas nas cidades. Com isso, ficam valendo regras fixadas no código, com limites vão de 30 metros a 500 metros, dependendo da dimensão do rio.
Outra modificação, desta vez que atende aos ruralistas, afirma que a preservação na Amazônia é de 80% do imóvel. A reclamação era de que com as regras do governo a APP mais a chamada reserva legal poderia somar 100% da propriedade e inviabilizar qualquer produção.