As possíveis
mudanças no formato do ensino público do Distrito Federal não foram bem
recebidas pela comunidade escolar. Conforme o projeto ainda em tramitação na
Secretaria de Educação, já em 2013 o atual sistema utilizado no Ensino
Fundamental, que divide o ensino por séries, poderá ser substituído por um novo
modelo de ciclos de ensino de dois ou quatro anos. Já no Ensino Médio, existe a
possibilidade de se adotar a semestralidade. ...
Apesar de toda movimentação interna para a rápida implementação do sistema, a Secretaria recusa-se a fornecer mais informações sobre o andamento da proposta que, em tese, colocaria um fim nas reprovações da rede pública de ensino. O que se
pretende com a novidade é estimular e permanência dos estudantes nas salas
de aula até que se complete todo o processo de ensino.Apesar de toda movimentação interna para a rápida implementação do sistema, a Secretaria recusa-se a fornecer mais informações sobre o andamento da proposta que, em tese, colocaria um fim nas reprovações da rede pública de ensino. O que se
Descontentamento
A novidade, porém, é motivo de descontentamento na Comissão de Negociação do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF). Em dezembro, em reunião com o governo, foram discutidas as novas implementações do modelo de ensino. Os membros do sindicato, no entanto, vêm se mostrando apreensivos com a forma e a rapidez com que o governo pretende atuar para colocar em vigor as alterações. Para o Sinpro, a proposta deve ser debatida com a comunidade com antecedência.
Durante a reunião, o Sinpro se posicionou contrário à entrada imediata em vigor da proposta em 2013 por acreditar que não foram dadas as condições para que as escolas e o corpo docente se preparem para as mudanças. A entidade argumenta, ainda, que as escolas públicas não estão preparadas para receber esse modelo. De acordo com o sindicato, é preciso haver uma transformação estrutural prévia, não somente dos colégios, mas com relação à população que, a princípio, poderá não compreender as alterações propostas pelo projeto.
“Alguns pais estão argumentando que não querem o filho aprovado sem que ele aprenda o necessário. O que colocamos é que consideramos o projeto bom, mas somos contra iniciá-lo já em
Professor acusa falta de diálogo
Na mira das alterações previstas, estão as escolas classes que deverão ter modificações no Bloco Inicial de Alfabetização (BIA), compreendido do primeiro ao quinto ano, cuja reprovação só poderá ocorrer no último ano. Segundo o projeto, os profissionais destas escolas passarão por um processo de formação e haverá novos materiais pedagógicos e técnicos a serem alinhados à nova proposta. Para as séries finais do Ensino Fundamental, do sexto ao nono ano, a reprovação também só poderá ocorrer no ano de conclusão. Somente 24 das 87 escolas de Ensino Médio no DF atendem todas as características exigidas para implementar as mudanças, porém a adesão ao ciclo será, inicialmente, optativa.
A metodologia de ensino de ciclo a ser adotada baseia-se no fato de que os alunos aprendem de formas diferentes e cada um em seu tempo. Por isso, a remodelação do sistema de ensino seria uma forma de combater o possível motivo de tantos repetentes e desistentes ao longo do processo educacional.
A pedagoga Luciana Custódio trabalha como alfabetizadora há dez anos e está preocupada com as mudanças, principalmente pelo fato de não ter tido a opção de acompanhar o projeto. Ela reclama também da falta de diálogo e de um possível debate a respeito da concepção, estrutura e metodologia da proposta. “Nós queremos um projeto de educação que seja inclusivo, qualificador e trabalhe o aluno na sua integralidade. A questão é que nós, professores, somos os atores principais para o sucesso de qualquer projeto de educação, porque vamos fazer acontecer na prática. Então, não dá para sermos alijados”, diz.
Por Fábio Magalhães e Júlia Carneiro
Fonte: Blog do Washington Dourado /
Clica Brasília - 03/01/2013