Eleito ontem presidente
nacional do PSDB com quase 98% dos votos dos delegados, o senador Aécio Neves
(MG) assumiu um discurso de resgate do governo Fernando Henrique Cardoso e
defendeu as privatizações feitas pela gestão tucana, um tema que se tornou tabu
nas campanhas em que o partido acabou derrotado nas urnas pelo PT. A escolha do
mineiro para o comando da sigla é vista como uma etapa para sua can-didaturaao
Palácio do Planalto, no próximo ano.
"Hoje, presidente Fernando Henrique, não realizamos apenas mais uma convenção do PSDB. Hoje, nos reencontramos com nossa própria história, com nossosvalores e princípios, mas,sobretudo, com a nossa responsabilidade de mudar o
Brasil", discursou Aécio. "(Somos) O partido das
privatizações que tão bem fizeram ao Brasil. Somos o partido da Lei de
Responsabilidade Fiscal." ..."Hoje, presidente Fernando Henrique, não realizamos apenas mais uma convenção do PSDB. Hoje, nos reencontramos com nossa própria história, com nossosvalores e princípios, mas,sobretudo, com a nossa responsabilidade de mudar o
A venda de estatais à iniciativa privada foi tema contornado nas últimas campanhas presidenciais tucanas. O assunto virou tabu em especial em 2006, quando Luiz Inácio Lula da Silva, que disputava a reeleição, atacou as privatizações conduzidas por FHC. Os próprios tucanos admitem que a resposta do partido, à época, foi ruim: o então candidato Geraldo Alckmin reagiu posando para fotos com boné do Banco do Brasil e uma jaqueta com as logomarcas das estatais Caixa Econômica Federal, Petrobrás e Correios.
Ontem, lideranças tucanas também falaram em defesa das privatizações. Inclusive o ex-go-vernadorde São Paulo,José Serra, que pouco tratou do tema ao disputar o Planalto, em 2002 e 2010. "Presidente FHC, sabe qual é a pior privatização que existe? Éa privatização do Estado, senador Aécio Neves", disse Serra, que atribuiu ao mineiro a tarefa de unir a oposição, mas não o citou como candidato ao Planalto.
Ofensiva
Os ataques ao PT e aos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff foramuma constante nos discursos, em uma convenção que mais parecia lançamento de candidatura presidencial. Cerca de 6 mil militantes participaram do evento, segundo o PSDB.
No ato, o deputado Roberto Freire (SP) deu a entender que seu recém-criado MD poderia estar ao lado de Aécio em 2014 -semanas atrás, ele dizia que a sigla tendia a apoiar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), se ele sair candidato. Depois do evento, Freire afirmou que se referia à união da oposição ao governo.
Aécio citou indiretamente o julgamento do mensalão e a reação do PT à condenação de ex-dirigentes e a tramitação das novas regras partidárias no Congresso, que beneficiaria a presidente na campanha pela reeleição e está parada por liminar do Supremo Tribunal Federal.
"Vamos enfrentar um partido que se encastelou no Estado, se ocupou do Estado e inverteu uma lógica básica e primária de democracia: os partidos são feitos para servir ao Estado. O PT inverteu a lógica e colocou o Estado a serviço de um partido e do seu projeto de poder", disse o senador. "Os nossos adversários, e aqui isso já foi dito, vêm atentando contra a democracia,q uerendo colocar um garrote no Supremo Tribunal Federal, inibir as ações do Ministério Público, cercear a imprensa, inibir a livre movimentação das forças partidárias."
Aécio ainda ironizou o "surrado slogan do governo federal de que país rico é país sem miséria". "O slogan correto é país rico é país com educação."
Atraso
O ex-presidente Fernando Henrique também exaltou medidas de seu governo e criticou o PT. "Enfrentamos de cara o maior problema do País, que levava o pobre à miséria, que era a inflação. Dizem que eles fizeram a estabilidade do Brasil, mas não", disse FHC. "Quando resolveram fazer as coisas certas - como fazem agora, a lei dos portos - fazem de maneira equivocada, não explicando a todos e não compondo interesses."
Fonte: Jornal Estado de São Paulo - 19/05/2013