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Deputado Pitiman, em plenário, criticando as cadeiras do estádio Foto: Divulgação |
O
deputado federal Luiz Pitiman não “engole” a censura da qual foi vítima dentro
do próprio partido, o PMDB. Por fazer críticas à gestão do Governo do Distrito
Federal, a direção da legenda decidiu proibir a veiculação de vídeos do
parlamentar e seu horário eleitoral. Foi o estopim em uma relação que já andava
conturbada.
Considerando uma “decisão de vida”, o parlamentar revela se vai ou
não sair do PMDB em entrevista em que ele concedeu ao jornal Guardião Notícias. “Acho que já teve bastante desgaste”, avalia Pitiman.
Avaliando negativamente o modelo de gestão do governador Agnelo
Queiroz, o peemedebista diz que a atual gestão inverteu as prioridades e por
isso tem baixa popularidade. Alerta ainda que o PMDB está se “apequenando” por
causa desta situação, o que poderia fragilizar a credibilidade da legenda.
Guardian Notícias - O senhor
vai sair do PMDB?
Luiz Pitiman - Não é minha intenção. Minha intenção é ser tratado pelo partido de
forma correta, desde a participação na instâncias dirigentes locais do partido
e também na propaganda gratuita.
GN - Se sair, vai para qual
partido?
Pitiman - Não vou falar sobre hipóteses. Mas, na verdade, há muitos partidos
reformulando seus quadros com vistas às eleições do ano que vem inclusive o
próprio PMDB. Converso com todas as lideranças políticas da cidade. Até porque,
ao me eleger deputado federal, esta foi à delegação que recebi daqueles que me
escolheram.
GN - O PMDB não deixou que
fosse veiculado propagandas eleitorais em que o senhor critica o GDF. Como o
senhor analisa esta situação? Acha que foi anti-democrático?
Pitiman – Eu me sentir amordaçada, censurado e lembrei como deveria ser
difícil as pessoas que queriam falar no regime militar, onde não podia se
expressar por que senão, por antecipação seriam condenados. Quando um cidadão
já é proibido de falar já é complicado. Agora quando m deputado federal, eleito
pelo povo não pode falar é frustrante.
Esta situação te possibilita
procurar outro partido sem perder o mandato...
Pitiman - Sim, mas eu quero fazer isso em última instância.
GN - Mas está próximo dessa
última instância?
Pitiman - Acho que já teve bastante desgaste. Agora é um procedimento que é
uma decisão de vida. Para decidir eu tenho que ter muito cuidado, muita cautela.
GN - Pretende ser candidato a
governador?
Pitiman - Não necessariamente.
O que quero é construir uma proposta séria para recolocar Brasília num rumo
certo de desenvolvimento e gestão pública eficiente.
GN - Desde quando a relação do
senhor com o PMDB não está bem?
Pitiman - Não gostaria de colocar nesses termos. Mas diria que a partir do
momento que o partido não se manifestou quando fui obrigado a sair da
Secretaria de Obras por pressão do PT, esta relação começou a sofrer abalos.
GN - Há chances de
reconciliação com o PMDB?
Pitiman - Sempre há. Política é a arte da conversa. Mas, nesse caso, a
conversa tem que necessariamente passar por um projeto que resgate o orgulho de
morar em Brasília, o que, infelizmente, hoje está totalmente abandonado.
GN - Acha que foi traído pelo
presidente do PMDB, Tadeu Filippelli?
Pitiman - Tenho o maior respeito pelo vice-governador. Agora, só acho que o
partido e Brasília são maiores que qualquer projeto pessoal.
GN - Qual a sua avaliação do
governo de Agnelo Queiroz?
Pitiman - Quando resolvi sair do GDF foi justamente por discordar do modelo
de gestão pública que estava sendo implementado já naquele primeiro momento do
governo que se elegera em 2010. De lá para cá, a situação só piorou e isso tem
se refletido nos baixos índices de realizações do Governo e também na avaliação
popular aferida pelas mais diversas pesquisas de opinião.
GN – O que, especificamente,
o senhor critica no modelo de gestão de Agnelo?
Pitiman - O governo peca na escolha de prioridades. Ele erra em escolher
como prioridade as 72 mil cadeiras do estádio enquanto ao mesmo tempo, as
cadeiras dos hospitais do Paranoá estão todas quebradas, seguradas por pedras,
cadeiras furadas nos hospitais de Taguatinga, da Ceilândia, do Gama. Ele está
invertendo as necessidades da população.
GN - Se não for candidato ao
Buriti, quem o senhor pretende apoiar para o GDF?
Pitiman - Não gosto de fazer conjecturas, principalmente de coisas
ainda tão distantes. Mas, com certeza, vou procurar estar do lado de quem tiver
projetos para tirar Brasília do buraco.
GN - No tempo em que atuou na
Câmara Federal, tem algum projeto que o senhor gostaria de destacar?
Pitiman - Desde o final do ano passado tive a honra de ser escolhido
coordenador da bancada do DF no Congresso Nacional. Trabalhamos duro e
conseguimos um bom volume de recursos no Orçamento Geral da União para o DF.
Além disso, tenho procurado atuar em outras frentes, como a da Gestão Pública.
Tenho alguns projetos mais específicos nos quais acredito muito, entre eles o
Trabalhante, que prevê maiores facilidades para o empregador contratar
estudantes e também o das Creches Comunitárias. Mas a Câmara Federal é uma Casa
muito ampla e complexa e estamos trabalhando para vencer várias barreiras.
GN - O que acha da atuação da
Câmara Legislativa?
Pitiman - Acredito que todos os deputados distritais procuram trabalhar da
melhor forma pela cidade. De qualquer forma, não acho correto fazer uma
avaliação porque não vivo o dia a dia do trabalho deles.
GN – O PMDB enfrentou o governo
federal na votação da MP dos Portos. Quase não deu tempo para aprovar o texto.
Qual foi o seu voto?
Pitiman - Quando o (deputado Antony) Garotinho fez a denúncia de que a MP e
principalmente a emenda aglutinativa que juntava uma série sugestões dos
deputados e até chamou de “MP dos Porcos” e disse que tinham outros interesses
nada republicanos. A partir daí eu então decidir se abster de votar. Pela
primeira vez eu não votei nem para o governo e nem para as emendas por entender
que o debate foi feito de forma errado. Poderia ter sido um projeto de lei com
regime de urgência que daria tempo para haver audiências públicas e para saber
quem realmente estaria se beneficiando. O que causou preocupação é que nos
debates internos (da última semana) deu a impressão que alguns, empresas
principalmente, estariam se beneficiando. Então eu fiquei inseguro.
Por Elton Santos
Fonte:
Guardian Noticias