terça-feira, 28 de maio de 2013

Cooperativa é acusada de não pagar motoristas

Coopercam tem caminhões que prestam serviços para o GDF Foto: GDF

O presidente da Coopercam, Valdelino Rodrigues Barcelos, é acusado por cooperados de reter o dinheiro que serviria para pagamento de prestação de serviços. O último salário pago pela cooperativa ocorreu no início do mês de maio referente aos vencimentos de fevereiro. Várias reuniões foram feitas e nenhuma solução foi encontrada. Além dos atrasados, os trabalhadores reivindicam um salário não pago pela entidade referente ao mês de outubro de 2010.

Atualmente, a entidade conta com cerca de 800 cooperados. No entanto, para a Novacap, 80 caminhões, incluindo tratores e escavadeiras prestam serviços de podas e limpeza. Em média, cada caminhoneiro recebe aproximadamente R$ 7 mil por mês.

De acordo com relatos de caminhoneiros, Valdelino, que é amigo pessoal do vice-governador Tadeu Filippelli, usou o dinheiro para comprar ônibus escolares. O presidente da
cooperativa teria confirmado isso em uma reunião com um grupo de cooperados na última semana, justificando que o atraso nos salários se deu por conta do pagamento destas despesas, fato que indignou os trabalhadores. “Como ele pode pagar despesas pessoais com o nosso salário, e a gente ficar passando dificuldades? Isso é um absurdo”, questionou um dos cooperados.

Um motorista, que não quis se identificar, confirma as denúncias. Ele, entretanto, apenas trabalha para um dos cooperados há três anos. O empregado afirma que a Coopercam sempre atrasa o pagamento aos donos dos caminhões, mas neste ano, o pagamento demorou além do normal. “A gente se vira de uma forma ou de outra. Temos que deixar um dinheiro reservado por que não dá para depender desse salário”, reclama.

Outro cooperado afirmou que em alguns momentos Valdelino ameaçou, dizendo que aqueles que não estivessem satisfeitos, poderiam pedir para sair. “Ele nos disse uma vez que se a gente não gostasse, no outro dia seria substituído por um de seus caminhões”, explica.

Nervoso - A reportagem entrou em contato com o presidente do Coopercam, Valdelino Barcelos. Por telefone, ele não negou nem confirmou que que teria caminhões de sua propriedade prestando serviços para a Novacap, fato também denunciado. Para Barcelos, todas as acusações feitas pelos cooperados partiu de uma “uma minoria”. O presidente da Coopercam afirmou ainda que estes cooperados teriam feito “vales” – tipo de adiantamento de pagamento, fato negado por um dos caminhoneiros. “Nunca houve nenhum tipo de ajuda por parte da Coopercam. Essa história de vales não aconteceu”, relata.

Valdelino Barcelos ficou irritado com os questionamentos. Quando começávamos a conversar sobre o valor dos contratos da Coopercam com a Novacap, o presidente da entidade desligou o telefone retrucando o que lhe foi perguntado. “Isso é uma palhaçada”, disparou ele.

Dinheiro tem - De acordo com informações da Novacap, não há motivos para atrasos. “Os pagamentos da Coopercam estão todos em dia e a Novacap se resguarda contratualmente pela manutenção dos serviços e dos equipamentos alugados”, explicou a empresa.

A Coopercam também tem contrato com a Secretaria de Educação num valor de aproximadamente R$ 8 milhões. No ano passado, foi assinado a prorrogação de mais 12 meses do contrato e um aditivo de R$ 560 mil e está em vigência até 10 de outubro deste ano. Mas é um contrato pequeno em relação a outro assinado em 2008, de R$ 40 milhões.

Valdelino Rodrigues Barcelos conseguiu alguns contratos junto ao GDF após as eleições de 2010. Ele tentou uma vaga de deputado distrital. Obteve 11 mil vagas, mas ficou com a suplência. Em sua prestação de contas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) consta apenas despesa de R$ 41.326,75.

Por Elton Santos


Fonte: Guardian Noticias