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Coopercam tem caminhões que prestam serviços para o GDF Foto: GDF |
O
presidente da Coopercam, Valdelino Rodrigues Barcelos, é acusado por cooperados
de reter o dinheiro que serviria para pagamento de prestação de serviços. O
último salário pago pela cooperativa ocorreu no início do mês de maio referente
aos vencimentos de fevereiro. Várias reuniões foram feitas e nenhuma solução
foi encontrada. Além dos atrasados, os trabalhadores reivindicam um salário não
pago pela entidade referente ao mês de outubro de 2010.
Atualmente, a entidade conta com cerca de 800 cooperados. No
entanto, para a Novacap, 80 caminhões, incluindo tratores e escavadeiras
prestam serviços de podas e limpeza. Em média, cada caminhoneiro recebe
aproximadamente R$ 7 mil por mês.
De acordo com relatos de caminhoneiros, Valdelino, que é amigo
pessoal do vice-governador Tadeu Filippelli, usou o dinheiro para comprar
ônibus escolares. O presidente da
cooperativa teria confirmado isso em uma
reunião com um grupo de cooperados na última semana, justificando que o atraso
nos salários se deu por conta do pagamento destas despesas, fato que indignou
os trabalhadores. “Como ele pode pagar despesas pessoais com o nosso salário, e
a gente ficar passando dificuldades? Isso é um absurdo”, questionou um dos cooperados.
Um motorista, que não quis se identificar, confirma as denúncias.
Ele, entretanto, apenas trabalha para um dos cooperados há três anos. O
empregado afirma que a Coopercam sempre atrasa o pagamento aos donos dos
caminhões, mas neste ano, o pagamento demorou além do normal. “A gente se vira
de uma forma ou de outra. Temos que deixar um dinheiro reservado por que não dá
para depender desse salário”, reclama.
Outro cooperado afirmou que em alguns momentos Valdelino ameaçou,
dizendo que aqueles que não estivessem satisfeitos, poderiam pedir para sair.
“Ele nos disse uma vez que se a gente não gostasse, no outro dia seria
substituído por um de seus caminhões”, explica.
Nervoso - A reportagem entrou em contato
com o presidente do Coopercam, Valdelino Barcelos. Por telefone, ele não negou
nem confirmou que que teria caminhões de sua propriedade prestando serviços
para a Novacap, fato também denunciado. Para Barcelos, todas as acusações
feitas pelos cooperados partiu de uma “uma minoria”. O presidente da Coopercam
afirmou ainda que estes cooperados teriam feito “vales” – tipo de adiantamento
de pagamento, fato negado por um dos caminhoneiros. “Nunca houve nenhum tipo de
ajuda por parte da Coopercam. Essa história de vales não aconteceu”, relata.
Valdelino Barcelos ficou irritado com os questionamentos. Quando
começávamos a conversar sobre o valor dos contratos da Coopercam com a Novacap,
o presidente da entidade desligou o telefone retrucando o que lhe foi
perguntado. “Isso é uma palhaçada”, disparou ele.
Dinheiro tem - De acordo com informações da
Novacap, não há motivos para atrasos. “Os pagamentos da Coopercam estão todos
em dia e a Novacap se resguarda contratualmente pela manutenção dos serviços e
dos equipamentos alugados”, explicou a empresa.
A Coopercam também tem contrato com a Secretaria de Educação num
valor de aproximadamente R$ 8 milhões. No ano passado, foi assinado a
prorrogação de mais 12 meses do contrato e um aditivo de R$ 560 mil e está em
vigência até 10 de outubro deste ano. Mas é um contrato pequeno em relação a
outro assinado em 2008, de R$ 40 milhões.
Valdelino Rodrigues Barcelos conseguiu alguns contratos junto ao
GDF após as eleições de 2010. Ele tentou uma vaga de deputado distrital. Obteve
11 mil vagas, mas ficou com a suplência. Em sua prestação de contas no Tribunal
Regional Eleitoral (TRE-DF) consta apenas despesa de R$ 41.326,75.
Por Elton Santos
Fonte: Guardian Noticias