sexta-feira, 24 de maio de 2013

Distritais querem referendo para privatizações no DF

BRB é uma das estatais do DF Foto: Seeb Brasília
A sessão ordinária da Câmara Legislativa, desta quinta-feira (23), foi transformada em comissão geral para discutir a preservação do patrimônio público do Distrito Federal. Proposto pelo deputado Chico Vigilante (PT), o debate teve como foco o Projeto de Emenda à Lei Orgânica (PELO) nº 52/2013, que estabelece a necessidade de uma lei específica e a realização de um referendo popular em casos de privatização de empresas e sociedades de economia mista de propriedade do DF.

A alteração na Lei Orgânica também prevê que empresas cuja privatização foi aprovada pelos brasilienses cumpram metas de qualidade de serviço e atenda os objetivos sociais inspiradores da fundação da estatal. Chico Vigilante explicou que o
objetivo do PELO, de sua autoria, é garantir que qualquer iniciativa de alienação de estatais seja exaustivamente examinada. "Esse é um dispositivo que já existe, por exemplo, em Minas Gerais, e que evitou a privatização da CEMIG, a companhia energética", observou o distrital.

Em seu pronunciamento, o deputado Agaciel Maia (PTC) observou que as privatizações costumam ser precedidas de processos de sucateamento das empresas para vendê-las abaixo do preço de mercado. "Num País que precisa de infraestrutura, vender estatais a multinacionais é vender a dignidade do povo", afirmou o parlamentar.

A líder do governo, deputada Arlete Sampaio (PT), argumentou que a crise internacional revelou "a falácia do discurso neoliberal" favorável à autorregulamentação dos mercados e a uma menor interferência do Estado na economia. Já Raad (PPL) disse que sempre foi contra a venda do Banco Regional de Brasília (BRB) ao Banco do Brasil, apesar de ter feito parte da base do governo que iniciou negociações para a venda da instituição.

Estatais – Os presidentes do BRB, Paulo Roberto de Lima, e da Companhia Energética de Brasília (CEB), Rubens Fonseca, ressaltaram a importância das empresas públicas para a estabilidade econômica. "As nações com estatais bem geridas enfrentam de forma mais amena a atual crise internacional", ponderou o presidente do BRB, que destacou ainda a participação dos bancos públicos brasileiros na redução das taxas de juros e na ampliação do crédito.

Rubens Fonseca tratou de desmistificar a ideia de que as empresas privadas prestam, por natureza, serviços melhores que os das empresas estatais. "A CEB chegou a ser a melhor concessionária do país. Este ano, a presidente Dilma fez intervenções em oito distribuidoras privadas de energia", observou. Já a representante do Metrô-DF, Simone da Silveira, relatou os projetos de expansão da empresa, com novas estações em Ceilândia, Samambaia e na Asa Norte, e anunciou a realização de concurso público para o segundo semestre.

Participação – Para o diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas (STIU-DF), Jeová de Oliveira, o PELO nº 52/2013 fortalece a participação popular nas decisões do Estado. "É comum assistirmos decisões que não constavam nos programas de governo e contrariam suas próprias teses. Tudo isso sem consultar a população". A Central Única dos Trabalhadores também manifestou sua posição contrária às privatizações. "As empresas privadas querem entrar no negócio quando o jogo já está ganho. O ônus das privatizações sempre estoura nas costas dos trabalhadores", afirmou o diretor executivo da CUT-DF, Francisco Hélio de Barros. 


Fonte: CLDF