A folha salarial dos policiais militares é paga com
o dinheiro do Fundo

O Fundo
Constitucional é calculado com base na variação de receita corrente líquida da
União dos anos anteriores. No primeiro ano de existência do fundo, em 2003,
esse valor foi de R$ 2,9 bilhões. De lá para cá, ele teve correções até
alcançar o montante repassado pela União ao DF no ano passado, que foi de R$
12,39 milhões.
Técnicos da
Câmara Legislativa identificaram que a receita corrente líquida da União foi
atualizada para cima em relatórios de execução orçamentária do governo federal,
após o repasse do Fundo Constitucional. Para eles, a diferença deveria ter sido
incluída também no cálculo do fundo. A diferença anual não chega a 1% mas, no
acumulado dos últimos 12 anos, o montante total que deixou de ser repassado ao
DF chama a atenção, especialmente em tempos de crise financeira no Palácio do
Buriti.
Além da
diferença no cálculo por conta da atualização das receitas correntes líquidas
da União, o levantamento realizado pelo gabinete do deputado Wasny de Roure
contabilizou recursos autorizados, mas não empenhados no orçamento. A perda,
nesse caso, chegou a R$ 477,4 milhões. O estudo critica a inclusão, no cálculo
do FCDF, de recursos de um fundo para a saúde de militares.
O deputado
Wasny de Roure se reuniu com o secretário da Fazenda, Leonardo Colombini, e com
o presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal, Renato Rainha, para
apresentar o estudo. Ele também protocolou o documento na Secretaria de
Orçamento Federal. O parlamentar espera que, a partir de agora, o valor do
Fundo Constitucional seja calculado com base nos valores atualizados. “Pedimos
que o governo federal reveja os cálculos. Isso vai representar um ganho
expressivo para o Distrito Federal”, comentou o deputado.
A Secretaria
de Fazenda confirmou que a cidade vem perdendo recursos do Fundo
Constitucional, mas informou que não tem informações exatas sobre a diferença
que deixou de ser repassada. “Muitos valores perdidos ocorreram por motivos
como a falta de nota de empenho emitida pelo órgão e as notas de empenho
classificadas como restos a pagar, além do próprio cancelamento de empenhos
inscritos em restos a pagar”, informou, em nota, a secretaria. “Além disso,
existem questões diversas a serem administradas, como demandas judiciais nas
licitações e questionamentos do Tribunal de Contas do DF. Quando há esse tipo
de retenção, o órgão fica impedido de empenhar”, justifica.
A secretaria
informou que, a fim de solucionar o problema, os técnicos têm adotado
procedimentos “para evitar que falhas administrativas atrapalhem a condução do
pagamento dos fornecedores do GDF. Já no governo federal, a Fazenda negocia uma
saída com os responsáveis pelo Fundo, para que o DF não seja prejudicado e
possa ter o direito de usar novamente os valores”.
Com base na
Constituição
O Fundo
Constitucional do DF foi criado em 2002, pela Lei Federal 10.633. A base legal
foi o artigo 21 da Constituição Federal, que estabelece a responsabilidade da
União em “organizar e manter a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de
Bombeiros, bem como prestar assistência financeira para a execução de serviços
públicos, por meio de fundo próprio”. Hoje, os recursos pagam folha e
equipamentos da segurança pública e quitam parte do salário dos servidores da
saúde e da educação.
Fonte: Por Helena Mader,
Correio Braziliense, foto: Monique Renne/CB/D.A Press - 2/2/14/Edson Sombra