quarta-feira, 29 de abril de 2015

Wasny de Roure: União deveria R$ 2 bilhões ao DF

A folha salarial dos policiais militares é paga com o dinheiro do Fundo
O Distrito Federal deixou de receber quase R$ 2 bilhões em recursos do Fundo Constitucional desde 2003, valor que poderia ser destinado a obras na área de segurança pública ou ao pagamento dos salários de servidores da saúde ou da educação. As perdas foram causadas por divergências de cálculos dos valores repassados pelo governo federal ao DF. Os dados fazem parte de um levantamento, realizado pelo gabinete do deputado distrital Wasny de Roure (PT). O parlamentar apresentou o estudo à Secretaria de Fazenda, ao Tribunal de Contas do DF e à Secretaria de
Orçamento Federal e pediu a revisão da forma de cálculo do montante repassado ao DF para acabar com essas perdas. ...

O Fundo Constitucional é calculado com base na variação de receita corrente líquida da União dos anos anteriores. No primeiro ano de existência do fundo, em 2003, esse valor foi de R$ 2,9 bilhões. De lá para cá, ele teve correções até alcançar o montante repassado pela União ao DF no ano passado, que foi de R$ 12,39 milhões. 

Técnicos da Câmara Legislativa identificaram que a receita corrente líquida da União foi atualizada para cima em relatórios de execução orçamentária do governo federal, após o repasse do Fundo Constitucional. Para eles, a diferença deveria ter sido incluída também no cálculo do fundo. A diferença anual não chega a 1% mas, no acumulado dos últimos 12 anos, o montante total que deixou de ser repassado ao DF chama a atenção, especialmente em tempos de crise financeira no Palácio do Buriti. 

Além da diferença no cálculo por conta da atualização das receitas correntes líquidas da União, o levantamento realizado pelo gabinete do deputado Wasny de Roure contabilizou recursos autorizados, mas não empenhados no orçamento. A perda, nesse caso, chegou a R$ 477,4 milhões. O estudo critica a inclusão, no cálculo do FCDF, de recursos de um fundo para a saúde de militares.

O deputado Wasny de Roure se reuniu com o secretário da Fazenda, Leonardo Colombini, e com o presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal, Renato Rainha, para apresentar o estudo. Ele também protocolou o documento na Secretaria de Orçamento Federal. O parlamentar espera que, a partir de agora, o valor do Fundo Constitucional seja calculado com base nos valores atualizados. “Pedimos que o governo federal reveja os cálculos. Isso vai representar um ganho expressivo para o Distrito Federal”, comentou o deputado. 

A Secretaria de Fazenda confirmou que a cidade vem perdendo recursos do Fundo Constitucional, mas informou que não tem informações exatas sobre a diferença que deixou de ser repassada. “Muitos valores perdidos ocorreram por motivos como a falta de nota de empenho emitida pelo órgão e as notas de empenho classificadas como restos a pagar, além do próprio cancelamento de empenhos inscritos em restos a pagar”, informou, em nota, a secretaria. “Além disso, existem questões diversas a serem administradas, como demandas judiciais nas licitações e questionamentos do Tribunal de Contas do DF. Quando há esse tipo de retenção, o órgão fica impedido de empenhar”, justifica.

A secretaria informou que, a fim de solucionar o problema, os técnicos têm adotado procedimentos “para evitar que falhas administrativas atrapalhem a condução do pagamento dos fornecedores do GDF. Já no governo federal, a Fazenda negocia uma saída com os responsáveis pelo Fundo, para que o DF não seja prejudicado e possa ter o direito de usar novamente os valores”. 

Com base na Constituição
O Fundo Constitucional do DF foi criado em 2002, pela Lei Federal 10.633. A base legal foi o artigo 21 da Constituição Federal, que estabelece a responsabilidade da União em “organizar e manter a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, bem como prestar assistência financeira para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio”. Hoje, os recursos pagam folha e equipamentos da segurança pública e quitam parte do salário dos servidores da saúde e da educação.

Fonte: Por Helena Mader, Correio Braziliense, foto: Monique Renne/CB/D.A Press - 2/2/14/Edson Sombra