O magistrado resgatou dinheiro de traficante preso para comprar carro e
apartamento de luxo, segundo denúncia do Ministério Público Federal
O Ministério Público Federal apresentou denúncia
contra o juiz federal Flávio Roberto de Souza, que ficou conhecido por dirigir
o Porsche de Eike Batista, informou nesta segunda-feira (6) a Procuradoria
Regional da República da 2ª Região (Rio de Janeiro).
Segundo a denúncia, o
juiz usou documentos falsos e informações mentirosas para enganar a Caixa
Econômica Federal e o Banco Central (BC) e resgatar R$ 838,5 mil...
As irregularidades,
segundo O Globo aconteceram durante em um caso investigado pela Operação Monte
Perdido, realizada pela Polícia Federal em 2013 contra o tráfico de drogas, em
que o traficante espanhol Oliver Ortiz de Zarate Martin foi preso. Os valores,
apreendidos pela Justiça, foram usados em proveito
próprio para comprar um
apartamento na Barra da Tijuca, no valor de R$ 650 mil, e um automóvel Land
Rover Discovery blindado, ano 2010.
Para conseguir liberar
os valores que estavam sob a guarda do Banco Central, Souza enviou uma
solicitação de restituição das quantias apreendidas alegando que estas faziam
parte de um contrato de compra e venda de um imóvel com Zarate Martin. No
entanto, os nomes dos proprietários - Marcos Vinicius Cantuária e Joaquim
Marcelo da Silva – eram falsos. Além disso, o juiz afirmou que o Ministério
Público Federal se manifestou a favor da liberação dos US$ 150 mil e € 108 mil.
A informação também era falsa.
“Sucede que, além da
promessa de compra e venda malograda após a prisão do traficante Oliver ser
absolutamente inverossível, e do esdrúxulo procedimento adotado pelo magistrado
ao trazer para a 3ª Vara a moeda estrangeira então guardada no Bacen para
somente após decidir sobre a sua restituição, as supostas pessoas de Marcos
Vinicius Cantuária e Joaquim Marcelo da Silva sequer existem, assim como fruta
da sua imaginação a suposta manifestação do MPF no sentido do acautelamento dos
valores em Juízo”, diz a denúncia dos procuradores regionais Flávio Paixão e
José Augusto Vagos.
Após conseguir que o
dinheiro fosse encaminhado para a 3ª Vara Criminal, o juiz compareceu ao local
no dia 5 de fevereiro de 2015 e retirou as somas utilizando um jornal para
cobrir o rosto. O magistrado ainda tentou pagar os proprietários do imóvel na
Barra da Tijuca com dinheiro em espécie, mas diante da negativa deles, trocou a
quantia em uma casa de câmbio.
Flávio Roberto de Souza
confessou o desvio no começo de março. Caso seja condenado por todas as
acusações, ele pode receber pena de 38 anos de prisão, segundo o G1. Ele está
afastado das atividades com uma licença médica e entrou com um pedido de
aposentadoria por invalidez, alegando problemas psiquiátricos.
Fonte: Revista Época - 07/04/2015