quarta-feira, 8 de abril de 2015

Ex-juiz de caso enganou Caixa e BC para desviar R$ 830 mil

O magistrado resgatou dinheiro de traficante preso para comprar carro e apartamento de luxo, segundo denúncia do Ministério Público Federal
O Ministério Público Federal apresentou denúncia contra o juiz federal Flávio Roberto de Souza, que ficou conhecido por dirigir o Porsche de Eike Batista, informou nesta segunda-feira (6) a Procuradoria Regional da República da 2ª Região (Rio de Janeiro).

Segundo a denúncia, o juiz usou documentos falsos e informações mentirosas para enganar a Caixa Econômica Federal e o Banco Central (BC) e resgatar R$ 838,5 mil...

As irregularidades, segundo O Globo aconteceram durante em um caso investigado pela Operação Monte Perdido, realizada pela Polícia Federal em 2013 contra o tráfico de drogas, em que o traficante espanhol Oliver Ortiz de Zarate Martin foi preso. Os valores, apreendidos pela Justiça, foram usados em proveito
próprio para comprar um apartamento na Barra da Tijuca, no valor de R$ 650 mil, e um automóvel Land Rover Discovery blindado, ano 2010.

Para conseguir liberar os valores que estavam sob a guarda do Banco Central, Souza enviou uma solicitação de restituição das quantias apreendidas alegando que estas faziam parte de um contrato de compra e venda de um imóvel com Zarate Martin. No entanto, os nomes dos proprietários - Marcos Vinicius Cantuária e Joaquim Marcelo da Silva – eram falsos. Além disso, o juiz afirmou que o Ministério Público Federal se manifestou a favor da liberação dos US$ 150 mil e € 108 mil. A informação também era falsa.

“Sucede que, além da promessa de compra e venda malograda após a prisão do traficante Oliver ser absolutamente inverossível, e do esdrúxulo procedimento adotado pelo magistrado ao trazer para a 3ª Vara a moeda estrangeira então guardada no Bacen para somente após decidir sobre a sua restituição, as supostas pessoas de Marcos Vinicius Cantuária e Joaquim Marcelo da Silva sequer existem, assim como fruta da sua imaginação a suposta manifestação do MPF no sentido do acautelamento dos valores em Juízo”, diz a denúncia dos procuradores regionais Flávio Paixão e José Augusto Vagos.

Após conseguir que o dinheiro fosse encaminhado para a 3ª Vara Criminal, o juiz compareceu ao local no dia 5 de fevereiro de 2015 e retirou as somas utilizando um jornal para cobrir o rosto. O magistrado ainda tentou pagar os proprietários do imóvel na Barra da Tijuca com dinheiro em espécie, mas diante da negativa deles, trocou a quantia em uma casa de câmbio. 

Flávio Roberto de Souza confessou o desvio no começo de março. Caso seja condenado por todas as acusações, ele pode receber pena de 38 anos de prisão, segundo o G1. Ele está afastado das atividades com uma licença médica e entrou com um pedido de aposentadoria por invalidez, alegando problemas psiquiátricos.


Fonte: Revista Época - 07/04/2015