quarta-feira, 8 de abril de 2015

Sindicalistas afirmam que fraudes não justificam mudanças nas regras no seguro-desemprego

Eles participaram de audiência pública sobre a medida provisória que alterou as regras para a concessão do benefício; debate continua nesta quarta com economistas e estudiosos

Representantes de centrais sindicais negam que fraudes sejam responsáveis pelo aumento dos gastos com o seguro-desemprego. Eles participaram de uma audiência pública na comissão de deputados e senadores que discute a medida provisória que alterou as regras de concessão do benefício.
A MP ampliou o tempo de contribuição para o acesso do trabalhador ao seguro-desemprego. Ela foi editada no final do ano passado e faz parte do ajuste fiscal, que inclui ainda outras duas medidas provisórias e um projeto de lei, todos em tramitação no Congresso Nacional.
O secretário de administração e finanças da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, disse que as fraudes existem, mas elas são pequenas diante dos números do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, que financia a concessão do seguro-desemprego. Quintino também é o presidente do Conselho Deliberativo do FAT, órgão de gestão do fundo.
Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados
“Há evidentemente fraudes, e nós trabalhamos para evitar as fraudes. Mas se nós considerarmos que o FAT hoje tem um orçamento de quase R$ 70 bilhões, o valor das fraudes hoje é insignificante diante desse montante que o FAT opera atualmente com seus recursos. Então nós caracterizarmos aqui a necessidade de fazer ajustes no seguro-desemprego, especialmente, e no abono salarial com o
argumento que há fraudes, não acredito que isso seja justificativa para fazer essa alteração tão drástica para os trabalhadores.”
Tanto ele como outros sindicalistas que participaram do debate lembraram que o governo havia se comprometido, no ano passado, a não mexer em nenhum direito trabalhista sem antes ouvir as centrais. A falta de diálogo foi uma das principais críticas dos representantes das centrais.
Os sindicalistas também propuseram uma série de medidas para o governo aumentar a arrecadação, como a criação do imposto sobre grandes fortunas.
Para o presidente da comissão que analisa a medida provisória, a audiência pública serviu para mostrar que o texto não será aprovado da forma que veio do governo. Segundo o deputado Zé Geraldo, do PT do Pará, é preciso construir uma proposta de consenso, ouvindo o governo e os sindicalistas. A regra também vale para a medida provisória, analisada em outra comissão, que altera regras de pensão por morte e auxílio doença.
“Então junta os trabalhadores do campo e os trabalhadores da cidade, não tem como aprovar do jeito que ela foi redigida. Daí o grande esforço nosso, dos dois presidentes e dos dois relatores, no diálogo com a sociedade civil e com os ministros.”
A comissão mista que analisa as mudanças no seguro-desemprego volta a se reunir nesta quarta-feira para ouvir economistas e estudiosos. Na quinta haverá uma audiência pública conjunta sobre a MP que alterou a pensão por morte para ouvir os ministros do Planejamento, da Previdência Social e do Trabalho.
Reportagem – Janary Júnior


Fonte: RADIOAGENCIA