Para o diretor de
documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap),
Antônio Augusto de Queiroz, faltou também diálogo com a classe trabalhadora
Debatedores dizem que governo federal errou ao
optar por medida provisória em vez de projeto de lei para mudar as regras sobre
a concessão de pensão por morte e do auxílio-doença.
O debate aconteceu nesta terça-feira (7) na
comissão mista de deputados e senadores que analisa a medida provisória
(664/14) que faz parte do chamado ajuste fiscal.
Segundo os especialistas, a proposta adotada pela
presidente Dilma Rousseff restringiu o diálogo nas casas legislativas, já que a
medida provisória, que possui força de lei, produz efeitos imediatos, mesmo
antes de sua aprovação pelo Congresso Nacional.
Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados
![]() |
Antônio Augusto de Queiroz: o governo foi deselegante |
Segundo o diretor de documentação do Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz,
faltou também diálogo com a classe trabalhadora.
"O governo conduziu mal. Foi deselegante, para
não dizer desrespeitoso, com um dos principais parceiros: os trabalhadores.
Eles reconhecem que o governo do PT mudou um paradigma importante nas relações
de trabalho, substituindo
por uma relação autoritária, sem diálogo, em vez de
um mecanismo de diálogo, de entendimento."
Para o representante do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Caetano, a medida adotada pelo governo foi
corajosa, mesmo não concordando com a edição de uma medida provisória para
executá-la.
"Então, [a presidente] teve a coragem de tomar
uma medida que não vai gerar grandes benefícios agora, e vai beneficiar muito
mais à frente, do que agora. Então, são medidas corajosas nesse aspecto. Esse é
um mérito que deve ser colocado. O que eu julgo de negativo não é muito o
mérito, mas a forma. A questão de você ter feito uma alteração desse estilo por
medida provisória e não por um projeto de lei."
Já para o deputado Arnaldo Faria de Sá, do PTB
paulista, as mudanças são uma afronta aos trabalhadores de todo o País.
"Vou atrapalhar o quanto puder. Vou complicar
aqui na comissão, no Plenário, porque querer por o trabalhador como bucha de
canhão. A Dilma vai acordar. Ela disse na campanha: não vou mexer [nos direitos
trabalhistas] nem que a vaca tussa. O pior que a vaca tossiu e está indo para o
brejo."
Nas próximas audiências públicas, a comissão mista
que analisa as mudanças nas regras sobre a concessão de pensão por morte
receberá representantes das centrais sindicais e do governo federal.
Reportagem – Thyago Marcel
Fonte:
RADIOAGENCIA