Com R$
700 milhões acima do orçamento inicial, Estádio não está 100% concluído,
segundo TCDF
O Estádio Nacional Mané
Garrincha, em Brasília (DF), o mais caro entre as arenas construídas ou
reformadas para a Copa do Mundo 2014, custou até agora R$ 1,8 bilhão, segundo o
TCDF (Tribunal de Contas do Distrito Federal). E esta montanha de dinheiro
gasta no estádio ainda pode aumentar. Isso porque as obras de comunicação
visual, de urbanização e paisagismo no entorno da arena, além de uma estação de
energia solar fotovoltaica ainda não foram feitas. Nem todos esses gastos
estão incluídos no valor total da arena, de R$ 1,8 bilhão, como as obras de
comunicação visual: placas que mapeiam setores do estádio, sistemas de alerta,
advertência e emergência. ...
Já as obras de
paisagismo e urbanização e a estação fotovoltaica estão na previsão. Mas após a
conclusão dessas obras, o valor final do estádio pode
estourar, segundo o
TCDF.
Para a urbanização e o
paisagismo do entorno da arena multiuso há uma estimativa de custo aproximado
de R$ 230 milhões. A construção de uma usina fotovoltaica – de placas de
energia solar – custaria R$ 12,2 milhões.
Com custo inicial
estimado em R$ 1,1 bilhão, os gastos até agora já ultrapassam em R$
698.344.855,68 o preço inicial do Estádio.
Em resposta ao R7 DF a
Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital) informou que as obras de
urbanização e paisagismo da área do entorno do Estádio estão paralisadas
aguardando disponibilidade financeira. No contrato, a previsão de conclusão das
obras é até 2017.
Quanto à usina
fotovoltaica, em nota, a Terracap (Agência de Desenvolvimento do Distrito
Federal) disse que existe um convênio celebrado entre ela a CEB (Companhia
Energética de Brasília) e Novacap visando a implantação da usina. Segundo a
Agência de Desenvolvimento do DF, a partir do novo governo, a nova direção da
Terracap, resolveu suspender a implantação para que fosse feita uma análise
técnica mais detalhada e assim dar andamento à obra.
Questionada, a
Secretaria de Turismo do Distrito Federal disse que o Mané Garrincha,
reinaugurado em maio de 2013, já estava totalmente pronto na inauguração da
Copa das Confederações, em julho do mesmo ano. A Secretaria disse que a usina
solar e as obras de urbanismo não interferem no funcionamento do estádio.
Sede de secretarias
Em Brasília, o Estádio
Nacional Mané Garrincha não viu mais, desde a copa, as suas arquibancandas
lotadas apesar de ter sido palco de confrontos de grandes times e de shows
internacionais. Para minimizar a ociosidade do gigante, que tem capacidade para
70 mil torcedores, o Mané passou, a partir de março, a abrigar três secretarias
do Governo do DF.
São elas: Economia,
Desenvolvimento Humano e Social e de Esporte e Lazer, que funcionavam em um
prédio alugado na 509 Norte, em Brasília. Segundo o GDF (Governo do Distrito Federal),
a medida reduzirá as despesas da máquina pública em R$ 10,5 milhões por ano.
A ideia do governo, além
de ocupar o estádio, é reduzir custos com aluguéis de imóveis e melhorar as
condições do caixa do Distrito Federal que, atualmente, está praticamente
zerado.
O secretário da pasta
Antônio Paulo Vogel admite que a medida não é a ideal, mas alega ser necessária
porque o DF passa por um momento de “emergência financeira”. Segundo ele,
diferente do que muitos estão pensando, as secretarias não ficarão abrigadas
eternamente no Mané Garrincha, a ideia, é que elas mudem para o novo Centro
Administrativo em, no máximo, um ano.
— A melhor solução seria
a gente resolver todas as questões que pairam sobre a ocupação do novo Centro
Administrativo e ir para lá. Mas, agora estamos reduzindo o custo global com
aluguel e todos os gestores buscam redução desses valores. Nesse caso, o
estádio, com salas ociosas, foi a saída. A mudança é temporária, gostaria que
ficassem [no estádio] menos de um ano, mas vamos depender de solucionar os
problemas para ocupar o Centro Administrativo.
Em contato com o R7 DF,
o senador e ex-jogador de futebol Romário (PSB-RJ), crítico ferrenho dos
estádios erguidos para o mundial diz que a medida “não é a ideal”, mas
considera uma boa solução para que o Estádio Nacional Mané Garrincha se
mantenha sem gerar prejuízos aos cofres públicos do DF.
— Ainda é cedo para
dizer que o estádio se tornou um elefante branco. Afinal, apesar de poucos
jogos, há uma série de eventos não esportivos, como festas e shows. O problema
é o estádio não se manter e gerar prejuízo para os cofres públicos. A arena é
muito grande e vai ser muito difícil ter uma média de público como a da Copa,
mas os administradores precisam encontrar alternativas para o local gerar
renda. Não é o ideal, mas abrigar as secretarias foi uma boa solução, já que
gerou economia.
Fonte:
Portal R7, foto: Andre Borges/ComCopa