segunda-feira, 27 de abril de 2015

TCDF: Custo do Mané Garrincha pode ultrapassar R$ 1,8 bilhão

Com R$ 700 milhões acima do orçamento inicial, Estádio não está 100% concluído, segundo TCDF



O Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília (DF), o mais caro entre as arenas construídas ou reformadas para a Copa do Mundo 2014, custou até agora R$ 1,8 bilhão, segundo o TCDF (Tribunal de Contas do Distrito Federal). E esta montanha de dinheiro gasta no estádio ainda pode aumentar. Isso porque as obras de comunicação visual, de urbanização e paisagismo no entorno da arena, além de uma estação de energia solar fotovoltaica ainda não foram feitas.  Nem todos esses gastos estão incluídos no valor total da arena, de R$ 1,8 bilhão, como as obras de comunicação visual: placas que mapeiam setores do estádio, sistemas de alerta, advertência e emergência. ...

Já as obras de paisagismo e urbanização e a estação fotovoltaica estão na previsão. Mas após a conclusão dessas obras, o valor final do estádio pode
estourar, segundo o TCDF. 

Para a urbanização e o paisagismo do entorno da arena multiuso há uma estimativa de custo aproximado de R$ 230 milhões. A construção de uma usina fotovoltaica – de placas de energia solar – custaria R$ 12,2 milhões. 

Com custo inicial estimado em R$ 1,1 bilhão, os gastos até agora já ultrapassam em R$ 698.344.855,68 o preço inicial do Estádio. 

Em resposta ao R7 DF a Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital) informou que as obras de urbanização e paisagismo da área do entorno do Estádio estão paralisadas aguardando disponibilidade financeira. No contrato, a previsão de conclusão das obras é até 2017. 

Quanto à usina fotovoltaica, em nota, a Terracap (Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal) disse que existe um convênio celebrado entre ela a CEB (Companhia Energética de Brasília) e Novacap visando a implantação da usina. Segundo a Agência de Desenvolvimento do DF, a partir do novo governo, a nova direção da Terracap, resolveu suspender a implantação para que fosse feita uma análise técnica mais detalhada e assim dar andamento à obra.

Questionada, a Secretaria de Turismo do Distrito Federal disse que o Mané Garrincha, reinaugurado em maio de 2013, já estava totalmente pronto na inauguração da Copa das Confederações, em julho do mesmo ano. A Secretaria disse que a usina solar e as obras de urbanismo não interferem no funcionamento do estádio. 

Sede de secretarias

Em Brasília, o Estádio Nacional Mané Garrincha não viu mais, desde a copa, as suas arquibancandas lotadas apesar de ter sido palco de confrontos de grandes times e de shows internacionais. Para minimizar a ociosidade do gigante, que tem capacidade para 70 mil torcedores, o Mané passou, a partir de março, a abrigar três secretarias do Governo do DF.

São elas: Economia, Desenvolvimento Humano e Social e de Esporte e Lazer, que funcionavam em um prédio alugado na 509 Norte, em Brasília. Segundo o GDF (Governo do Distrito Federal), a medida reduzirá as despesas da máquina pública em R$ 10,5 milhões por ano.

A ideia do governo, além de ocupar o estádio, é reduzir custos com aluguéis de imóveis e melhorar as condições do caixa do Distrito Federal que, atualmente, está praticamente zerado.

O secretário da pasta Antônio Paulo Vogel admite que a medida não é a ideal, mas alega ser necessária porque o DF passa por um momento de “emergência financeira”. Segundo ele, diferente do que muitos estão pensando, as secretarias não ficarão abrigadas eternamente no Mané Garrincha, a ideia, é que elas mudem para o novo Centro Administrativo em, no máximo, um ano.

— A melhor solução seria a gente resolver todas as questões que pairam sobre a ocupação do novo Centro Administrativo e ir para lá. Mas, agora estamos reduzindo o custo global com aluguel e todos os gestores buscam redução desses valores. Nesse caso, o estádio, com salas ociosas, foi a saída. A mudança é temporária, gostaria que ficassem [no estádio] menos de um ano, mas vamos depender de solucionar os problemas para ocupar o Centro Administrativo.

Em contato com o R7 DF, o senador e ex-jogador de futebol Romário (PSB-RJ), crítico ferrenho dos estádios erguidos para o mundial diz que a medida “não é a ideal”, mas considera uma boa solução para que o Estádio Nacional Mané Garrincha se mantenha sem gerar prejuízos aos cofres públicos do DF.

— Ainda é cedo para dizer que o estádio se tornou um elefante branco. Afinal, apesar de poucos jogos, há uma série de eventos não esportivos, como festas e shows. O problema é o estádio não se manter e gerar prejuízo para os cofres públicos. A arena é muito grande e vai ser muito difícil ter uma média de público como a da Copa, mas os administradores precisam encontrar alternativas para o local gerar renda. Não é o ideal, mas abrigar as secretarias foi uma boa solução, já que gerou economia.


Fonte: Portal R7, foto: Andre Borges/ComCopa