sexta-feira, 20 de abril de 2012

Quatro milhões de crianças e adolescentes até 17 anos já trabalham no Brasil



Na zona rural, os menores ajudam os pais na lavoura e, nas cidades, meninas negras trabalham em casas de família como empregadas domésticas. Uma realidade que parece invisível está perto de muita gente.



No Brasil, 123 mil crianças de 5 a 9 anos trabalham para ajudar a família, sacrificam a infância e, na maioria das vezes, os estudos, que garantiriam melhor posição no mercado de trabalho. Entre 10 a 13 anos, o número é de 785 mil. Os dados, que constam de um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), são preocupantes, embora o país tenha progredido. Segundo a OIT, se forem incluídas faixas etárias até os 17 anos, são quatro milhões de crianças e adolescentes no trabalho. Há 20 anos, esse número era de 20 milhões. É o que mostra o "Globo News Miriam Leitão" desta semana.
Muito do trabalho infantil parece invisível para a sociedade, apesar de estar dentro das casas de muita gente. Quase 400 mil crianças e adolescentes, principalmente meninas negras, trabalham como empregadas domésticas hoje no Brasil, apesar de esse trabalho ser proibido para menores de 18 anos, segundo a constituição brasileira. “Quando a mãe sai de casa e deixa um filho cuidando da casa, substituindo a responsabilidade do adulto, isso também é considerado trabalho infantil. Isso é diferente das tarefas cotidianas do lar que fazem parte do processo de socialização e aprendizagem, como estender a cama, ajudar a lavar a louça”, explica o coordenador de projetos da OIT, Renato Mendes.

Segundo o procurador e diretor da Associação Nacional de Procuradores do Trabalho, Maurício de Mello, o custo do trabalho infantil para o País é grande. “Há um custo no ponto de vista da previdência, no ponto de vista da saúde pública, do prejuízo que causa para a economia como um todo crianças que não tiveram uma formação adequada e que vão ser profissionais menos capacitados no futuro”, avalia o especialista.