O
primeiro congresso sindical do PSDB em São Paulo foi palco para os principais
líderes do partido atacarem o governo federal e defenderem tucanos envolvidos
em acusações de envolvimento com o empresário Carlos Cachoeira.
No evento, realizado com
apoio de empresários e grandes construtoras, os tucanos criticaram o que
chamaram de "aparelhamento dos sindicatos" e conclamaram os
trabalhadores a protestar contra a "desindustrialização do país".
Em seu discurso, o senador
Aécio Neves (PSDB-MG), cotado para disputar a Presidência da República em 2014,
citou a presidente Dilma Rousseff e disse que há um "ufanismo
desenfreado" sobre seu desempenho. "Há um ufanismo desenfreado com os
índices de aprovação da presidente Dilma. Mas se aprofundarmos os dados,
veremos que 60% da população está insatisfeita com a saúde", disse.
Em outra frente, líderes do
partido defenderam o andamento das investigações envolvendo o empresário Carlos
Cachoeira, acusado de explorar o jogo ilegal e manter uma rede de influência
com eMpresários e políticos, mas acusaram o governo de estar direcionando o
escândalo para a oposição. "Sou a favor da CPI, desde que ela não esteja a
favor de uma maioria", afirmou o presidente nacional do PSDB, deputado
federal Sérgio Guerra (PE).
"Na última semana só
saíram vazamentos contra nós. O PT quer segurar o governador deles, de
Brasília, o Agnelo (Queiroz) que já está na forca falando de Goiás e de
Minas", disse Guerra,
Escutas feitas pela Polícia
Federal indicaram o envolvimento de Cachoeira com o governador de Goiás,
Marconi Perillo (PSDB), e a nomeação de uma prima do contraventor no governo de
Minas, quando o hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG) era governador do Estado.
Hoje, a Folha mostrou que Cachoeira mantinha
contatos com um diretor da empreiteira Delta em São Paulo. "O próprio
Marconi se colocou à disposição da investigação, foi o primeiro a propor ir
depor na CPI. Agora, pede ao PGR [procurador-geral da República] que o investigue.
Ele vai sair desse episódio como entrou: absolutamente seguro", disse
Guerra.
O governador Geraldo Alckmin
defendeu as investigações. "Os contratos da Delta em São Paulo, a maioria,
já foi concluída. Mas investigar é sempre bom", disse.
SERRA
Durante o evento, Alckmin e
Guerra enalteceram a candidatura do ex-governador José Serra à Prefeitura de
São Paulo. Serra, ao discursar, mesclou temas nacionais com os do
"cotidiano" nas cidades e pediu que os sindicalistas filiados ao PSDB
se mobilizem para a eleição municipal.
"O futuro começa
agora", afirmou. "Proponho que o núcleo sindical faça propostas para
as cidades, para que possamos montar a plataforma tucana para 2012", disse
Serra.
O congresso também evidenciou
o desconforto de Serra com relação a Aécio. Hoje, aFolha publicou entrevista na qual o senador
diz que, mesmo se for eleito prefeito em 2012, Serra pode deixar o cargo para
disputar a Presidência em 2014.
A declaração vai na contramão
da estratégia de Serra,m que tenta afastar de todo modo especulações sobre o
abandono da prefeitura.
"Eu não poderia esperar
do Aécio se não essa manifestação de generosidade. Mas, de fato, não está na
minha agenda, não cogito me candidatar a presidente", disse Serra, ao ser
questionado sobre as declarações do senador.