sexta-feira, 27 de abril de 2012

Aécio se irrita com pergunta sobre prima de Cachoeira

O senador Aécio Neves (PSDB) se irritou ao ser questionado nesta sexta-feira sobre a nomeação de uma parente de Carlinhos Cachoeira no governo de Minas Gerais. Indagado por um repórter se ele acreditava que poderia ser investigado pela CPI que apura a relação entre o contraventor e políticos, o ex-governador partiu para o ataque: "Não seja ridículo. Isso é tão ridículo quanto à sua pergunta."
Aécio participou nesta sexta-feira de um encontro de líderes sindicais que reuniu a cúpula tucana. Escutas telefônicas da Polícia Federal revelam que Demóstenes Torres (sem partido-GO) intercedeu diretamente a Aécio e arrumou um emprego comissionado no governo mineiro para uma prima de Cachoeira. Mônica Silva Vieira assumiu em 25 de maio de 2011 o cargo de diretora regional da Secretaria de Estado de Assistência Social em Uberaba.
Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo da PF em fevereiro, é acusado de comandar um esquema de exploração de máquinas de caça-níqueis. Demóstenes Torres, que deixou o partido para evitar ser expulso, é alvo agora de um processo no Conselho de Ética que decidirá se cassará ou não o seu mandato. Aécio não caiu no grampo, mas ele é mencionado por Demóstenes e Cachoeira. As denúncias envolvendo políticos ao nome de Cachoeira avolumaram-se nas últimas semanas. Um outro nome tucano citado em gravações da PF é o de Marconi Perillo. O governador de Goiás tinha confirmado sua presença no evento desta sexta-feira, mas cancelou. Procurada pelo iG, sua assessoria não foi encontrada para explicar o motivo de sua ausência.

Perillo viu sua situação se agravar quando foram reveladas gravações em que seu nome é diretamente citado em conversas entre integrantes do grupo de Cachoeira sobre pagamentos. Na quinta-feira, o governador se colocou à disposição da Procuradoria-Geral da República para a abertura de uma investigação contra ele mesmo.

O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, foi à defesa de Perillo e disse que "essa semana, foi uma metralhadora giratória contra o partido (o PSDB)". Guerra tem dito com frequência que os vazamentos da Operação Monte Carlo têm sido seletivos contra a oposição. "O que eles querem é tumultuar o mensalão", completou.
Outro governador que teve seu nome citado nos grampos da PF é o petista Agnelo Queiroz, do Distrito Federal. A Delta Construções, empreiteira que está no centro das investigações relacionadas a Cachoeira, teria abastecido a campanha do atual governador, além de ter atuado no governo,indicando nomes para cargos.

Delta em São Paulo

A coluna Poder Online informou nesta sexta-feira que Heraldo Puccini Neto, diretor da Delta considerado foragido da Justiça, é responsável pelo Consórcio Nova Tietê, contratado pelo Dersa para a realização das obras da Nova Marginal durante a gestão de Serra em São Paulo.

Segundo representação do PT contra Serra, o lote 2, justamente a parte da obra em que a Delta participa, teve um contrato assinado no valor de R$ 287.224,552,79 com aditamento posterior de outros R$ 71.622.948,47.
Sobre o caso, Serra afirmou que acha positivo que a CPI faça seu trabalho de apuração, onde quer que existam suspeitas. "A gente não sabe para onde vai a CPI. Tudo que for investigado é bom. Inclusive em São Paulo", disse.
O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Barros Munhoz, disse acreditar que, naturalmente, a CPI vai ser encaminhada para uma investigação em São Paulo e não descarta uma comissão de inquérito na Alesp. Porém, ele ressaltou que já existe um número máximo de CPIs instaladas, o que torna as chances de isso acontecer praticamente nula. "Vamos ver como vai evoluir a CPI nacional. Eles têm competência para investigar, inclusive São Paulo."