Dadavai falar. Idalberto Matias de Araújo, o ex-agente do serviço secreto da Aeronáutica que está por trás dos mais recentes escândalos da República, decidiu aceitar a proposta do Ministério Público e da Polícia Federal e entrar no programa da delação premiada.
As vantagens do acordo são muitas. Em eventual condenação por suas ligações com o submundo político e da contravenção, terá a pena reduzida. Além disso, sua existência física estará garantida. E, o mais importante, resgatará a tranqüilidade da sua consciência.
O primeiro depoimento deve ocorrer nesta segunda ou terça-feira. Dadá será retirado da cela que ocupa no Comando Regional da Aeronáutica por agentes da Polícia Federal, de onde seguirá para a sede da instituição, no Setor de Autarquias Sul, em Brasília.
O compromisso assumido com o aval dos seus advogados é claro: falar o que sabe. A expectativa é de que sejam esclarecidos seus telefonemas gravados. Quem ganhava e quanto. Quem se vendia, quem se recusava a compor o esquema.
Se acionar o gatilho, como se espera, gente que já foi citada pode mesmo ser inocentada. Em compensação, há quem não apareceu até agora e que terá seus nomes estampados nas páginas policiais. Uma das fatias do bolo tem por recheio gente ligada ao governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz.
Os depoimentos de Dadá, que deverão ocorrer ao longo dos próximos 15 dias, servirão de subsídio à CPI do Cachoeira. Os representantes de Brasília com assento na Comissão Parlamentar de Inquérito estão ansiosos para saber a verdade sobre as ligações de Carlinhos Cachoeira e a Delta Engenharia com o Palácio do Buriti.
Advogados do araponga revelaram a Notibras, na noite deste domingo 22, que o ex-agente secreto da Aeronáutica dará nomes e apresentará provas. Ao menos dois secretários do governo de Agnelo Queiroz serão supostamente desmascarados. Também virão à tona nomes de diretores e gerentes de empresas públicas.
Desde que foi preso, Dadá tem usado muito do seu tempo para fazer anotações. Há percentuais de comissões pagas pela Delta Engenharia (que cuida do lixo no Distrito Federal) a figuras ilustres do Governo do Distrito Federal. No total, oito por cento sobre os cerca de 120 milhões de reais que a empresa fatura anualmente contra o Serviço de Limpeza Urbana.
Mas Dadá não apresentará apenas as anotações. Levará fotos de entregas de dinheiro. E torpedos gravados em seus aparelhos de celular. Em muitos deles, um dos secretários envolvidos usa por interlocutor um parente próximo, que cobra insistentemente o pagamento da propina 24 horas após a quitação das faturas.
Fonte: Notibrás