Após denúncia publicada no Correio,
a Polícia Civil anunciou a abertura de inquérito para apurar um dos mais
ousados casos de grilagem de terras públicas do Distrito Federal. Agentes da
Delegacia do Meio Ambiente (Dema) tentam descobrir como o empresário do ramo da
construção civil Sidney Pereira Lopes conseguiu criar, à revelia do Estado, um
condomínio de luxo em Vicente Pires. Ele levantava casas de até 900 metros quadrados
em menos de uma semana. Para isso, explorava 50 operários baianos, que viviam
em alojamentos precários no próprio canteiro de obras.
Ontem, mesmo dia da reportagem, todos os pedreiros
sumiram da Chácara 126. O parcelamento irregular, com 13 residências suntuosas
praticamente prontas para a entrega, agora se encontra vazio. Segundo vizinhos,
Sidney teria mandado, às pressas, os trabalhadores deixarem o local, com medo
de responder a uma ação na Delegacia Regional do Trabalho. Ele determinou a
remoção dos barracos e o fechamento do acesso que ligava as instalações improvisadas
dos funcionários às casas de luxo. As habitações de madeira erguidas por ele a
fim de abrigar os empregados eram mal ventiladas, com chão de terra batida e
sem banheiro. Os operários só tinham acesso a água e a luz por conta de
ligações clandestinas nas redes elétrica e de esgoto. A jornada de trabalho
ultrapassava 12 horas e rendia R$ 40 por dia. Sidney utilizava a mão de obra
barata para driblar um decreto do governo de 2006 que proíbe novas construções
na região administrativa, pelo menos até a conclusão da regularização da
cidade, prevista para sair até o fim do ano.
Fonte: Correio Braziliense