quinta-feira, 19 de abril de 2012

Especialistas alertam para que cortes de juros não fiquem só no marketing



A presidente Dilma Rousseff venceu a queda de braço com os bancos privados. Ontem, depois de duas semanas de ofensiva do governo federal para que as instituições reduzam os custos dos empréstimos, Itaú Unibanco e Bradesco, os dois maiores bancos sem participação governamental, anunciaram corte nas taxas de juros cobradas de empresas e consumidores. Eles foram os últimos do setor a seguir o exemplo dado pelos estatais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, que publicaram novas tabelas no início do mês.

O Santander, que na terça-feira havia divulgado novos índices para empresas, também anunciou ontem uma nova opção de conta-corrente, com juros de cheque especial a partir de 4%. O Banco de Brasília aproveitou a oportunidade e cortou em até 50% as taxas para empresas, depois de reduzir, na semana passada, os custos para pessoas físicas.

Em meio ao embate, Dilma chegou a considerar a redução dos spreads — diferença entre o que os bancos pagam aos investidores e o que cobram dos devedores — uma questão de honra. Agora, apesar da vitória, analistas ressaltam que os clientes devem pressionar as instituições para que as novas tabelas sejam cumpridas e não se resumam a uma grande estratégia de marketing. “O problema é o consumidor se entusiasmar, mudar de banco e, depois que chegar lá, perceber que as novas taxas não são para ele”, alertou Fábio Gallo Garcia, professor da Escola de Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV).