![]() |
. |
Os
técnicos que pediram exoneração são Andréa Bastos, assessora da Diretoria de
Pesquisas, responsável por substituir o diretor de Pesquisas e principal
interlocutora junto a área econômica da instituição; Marcos Paulo Soares,
coordenador da Coordenação de Metodologia e Qualidade, responsável pela
definição da amostra nas pesquisas realizadas pelo IBGE; Barbara Cobo,
coordenadora da Coordenação de População e Indicadores Sociais, responsável por
planejar, coordenar e executar estudos populacionais e pesquisas estatísticas
para a caracterização da situação social e demográfica do País; assim como
gerentes da área de demografia, como Leila Ervatti, informa nota distribuída
pelo sindicato de servidores do instituto, o Assibge.
“O
mais importante núcleo técnico ligado ao Censo Demográfico acaba de anunciar um
pedido coletivo de exoneração por compreender que o processo vem sendo
conduzido de forma inadequada, em desatenção às evidências técnicas
sistematizadas em estudos sólidos apresentados à direção do IBGE”, justifica a
nota.
O
anúncio foi feito durante o debate de lançamento da campanha Todos Pelo Censo
2020, no Rio, onde fica a sede do instituto. No evento, que reuniu cerca de 300
pessoas, três ex-presidentes do órgão fizeram a defesa pública da manutenção do
Censo conforme formulado pela equipe técnica: Roberto Olinto, Wasmália Bivar e
Eduardo Nunes. Todos lembraram a excelência do trabalho exercido pelo instituto
e pediram aos servidores presentes, vários em cargo de gerência atualmente, que
não abandonem suas posições, apesar das supostas pressões e ingerências sobre o
trabalho técnico do órgão.
“Os
funcionários do IBGE não podem brigar. Não saiam, resistam, desobedeçam se não
for uma ordem decente, não cumpram”, aconselhou Eduardo Nunes, que presidia o
IBGE no Censo de 2010.
“Não
tem sentido chegar a uma polêmica sobre essa operação clássica com
características técnicas”, discursou Roberto Olinto, substituído no fim de
fevereiro pela atual presidente, Susana Cordeiro Guerra. “Há uma tentativa de
descrédito à equipe do IBGE sistematicamente.”
Os
técnicos presentes desconstruíram argumentos da nova direção para justificar a necessidade
de um censo mais enxuto. Wasmália Bivar, que antecedeu Olinto na presidência,
lembrou que pesquisa amostral não alcança o nível municipal e que o órgão já
utiliza registros administrativos há décadas na sua produção, apesar das
dificuldades de obter informações com regularidade de órgãos oficias. “Quem
trabalha sabe como é árduo manter esse acesso de forma consistente ao longo do
tempo”, relatou Wasmália.
A
ex-presidente lembrou ainda que o instituto já integra a Comissão de
Estatísticas das Nações Unidas e que estuda e firma parcerias com países que
produzem estatísticas de forma bem-sucedida, em uma crítica à busca de Susana
por consultorias do Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento.
“Convidamos quem fez, não quem ouviu falar de quem fez”, disse Wasmália.
O
Censo Demográfico foi orçado pela equipe técnica em pouco mais de R$ 3 bilhões,
mas Susana Cordeiro Guerra anunciou que fará o levantamento com R$ 2,3 bilhões.
“O Censo deixou de ser Censo. O Censo virou uma contagem rápida de população”, criticou Eduardo Nunes.
“O Censo deixou de ser Censo. O Censo virou uma contagem rápida de população”, criticou Eduardo Nunes.
O
evento, apoiado por representantes da Associação Brasileira de Estudos
Populacionais (Abep), reuniu deputados federais, deputados estaduais e
vereadores de diferentes partidos. Participaram ainda Márcio Pochmann,
ex-diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e professor do
Instituto de Economia da Unicamp; Roberto Nascimento, ex-presidente da Fundação
João Pinheiro; Eduardo Rezende Francisco, professor de Data Science,
GeoAnalytics e Big Data da Fundação Getúlio Vargas (FGV); Cláudio Egler,
professor de geoeconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
Ricardo Ojima, presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais
(ABEP); e Kátia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
Fonte:
Correio Braziliense