A proposta de restrição do
passe livre estudantil, a manutenção do secretário de Educação e a relação do
governador com a Câmara Legislativa reforçam o perfil determinado de Ibaneis
Rocha. Segundo semestre prevê embates com servidores públicos
O governador Ibaneis Rocha no centro das atenções: as decisões mais importantes passam pelo crivo do chefe do Palácio do Buriti(foto: Ed Alves/CB/D.A Press) |
Os
seis primeiros meses de gestão de Ibaneis Rocha sedimentaram o estilo do
governador. Ele demonstra perfil mais centralizador e, entre seus secretários,
nenhum tem protagonismo ou destaque. A discrição é a regra entre os integrantes
do primeiro escalão, e todas as ações importantes do Executivo local
obrigatoriamente passam pela cúpula do Palácio do Buriti. Ibaneis, às vezes,
toma decisões e faz anúncios sem planejamento, pegando de surpresa assessores
mais próximos. Um exemplo disso é a proposta de restringir o benefício do passe
livre, anunciada durante uma entrevista, em fevereiro, sem que os técnicos
responsáveis estivessem cientes da divulgação do projeto de lei.
Ibaneis
também demonstrou que não cede facilmente a pressões. Um episódio que demonstra
isso foi a manutenção do secretário de Educação, Rafael Parente, no cargo,
apesar das reclamações da bancada evangélica. Defensores do programa Escola sem
Partido, deputados e grupos conservadores fizeram protesto pedindo a cabeça de
Parente. Mas o chefe do Buriti aposta muito no perfil técnico do secretário da
pasta e não cogitou voltar atrás.
O
primeiro semestre de administração também marcou um período de relações duras
com a Câmara Legislativa. Depois de aprovar uma convocação extraordinária da
Casa poucas semanas depois da posse, para a votação da expansão do modelo do
Instituto Hospital de Base, Ibaneis pareceu ter uma base consolidada. Mas o
governador enfrentou meses difíceis no relacionamento com os distritais. Até
mesmo projetos para reduzir impostos, que pareciam de aprovação fácil, acabaram
ignorados pelos parlamentares.
A
pressão por cargos e espaço no governo cresceu e ficou clara a instabilidade da
base aliada, o que exigiu negociações isoladas sempre que um tema de interesse
do GDF chegava à Câmara Legislativa. Na semana passada, o governador anunciou a
retirada do projeto que mudaria as regras do passe livre. Diante da resistência
dos parlamentares e de protestos dos estudantes, Ibaneis preferiu fazer a
concessão para tentar avançar em outros temas, como a extinção das pecúnias.
Funcionalismo
Com
o fim do primeiro semestre do governo, a pressão do funcionalismo público sobre
Ibaneis deve crescer. Os sindicatos deram um voto de confiança ao governador e
esperaram avanços nas negociações. Mas a tendência é de que a resistência se
intensifique a partir de agora, especialmente diante da elaboração de uma Lei
de Diretrizes Orçamentárias sem previsão de aumentos salariais ou de
contratações.
O
presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta,
Autarquias e Fundações do DF, Ibrahim Yusef, diz que a categoria está
mobilizada, mas aguardará um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF)
sobre os ajustes. Um recurso extraordinário na pauta da Corte avaliará a
legalidade de aumentos salariais sem previsão na Lei Orçamentária Anual. O caso
estava na pauta de 13 de junho, mas foi adiado para 25 de setembro. “O governo
condiciona o pagamento dos reajustes a uma decisão do Supremo; então, vamos
aguardar e torcer para que os ministros do STF façam justiça. Os servidores
fazem jus a esse reajuste, aprovado pela Câmara Legislativa em 2013”, explica
Yusef.
Com
dificuldades orçamentárias e problemas de gestão, Ibaneis deixou claro o desejo
de privatizar empresas públicas. O primeiro passo para isso foi a aprovação da
mudança por acionistas da CEB Distribuição. Com a decisão, o GDF ficará com, no
máximo, 49% das ações da empresa, que acumula prejuízos e corre o risco de
perder a concessão. Também estão na mira do governo para privatização o metrô e
a Caesb. O Banco de Brasília (BRB) escapou dessa onda. Ibaneis aposta em ações
com a instituição para fomentar programas de crescimento e de apoio.
Outra
vitória importante do chefe do Buriti para sinalizar a intenção de avançar nas
concessões foi a conclusão da licitação do Arenaplex, que inclui o Estádio
Nacional Mané Garrincha. Este mês, depois de dezenas de questionamentos do
Tribunal de Contas do DF, a concorrência pública foi encerrada.
"O
governo condiciona o pagamento dos reajustes a uma decisão do Supremo; então,
vamos aguardar e torcer para que os ministros do STF façam justiça. Os
servidores fazem jus a esse reajuste, aprovado pela Câmara Legislativa em
2013”, Ibrahim Yusef, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos
Civis da Administração Direta, Autarquias e Fundações do DF.
Fonte:
Correio Braziliense