Comissão
aprovou projeto de decreto legislativo que susta os efeitos do decreto assinado
pelo presidente Jair Bolsonaro. Decisão do colegiado deve ser apreciada no
Plenário ainda nesta quarta-feira
O PDL já tinha sido levado à CCJ na última quinta-feira (5/6). Após o debate, cientes de que o cenário era desfavorável ao Planalto, alguns parlamentares da base, incluindo o líder do governo no Senado, Major Olímpio (PSL-SP), pediram a realização de uma audiência pública, mas não foram bem-sucedidos.
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Bolsonaro e aliados no dia da assinatura do decreto que facilita posse de armas(foto: Wilson Dias/Agência Brasil) |
Senadores votaram, na manhã desta quarta-feira
(12/6), na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa, o
projeto de decreto legislativo (PDL) que susta os efeitos do decreto do
presidente da República, Jair Bolsonaro, que facilita o acesso às armas à
população. O texto aprovado na comissão segue agora para o Plenário, onde deve
ser apreciado ainda hoje e com urgência.
O decreto das armas cumpre uma promessa de
campanha de Bolsonaro, mas é visto por parte dos parlamentares como
inconstitucional e perigoso, além de tirar do Congresso a prerrogativa do
debate sobre o tema, exorbitando as funções específicas dos poderes.
Os senadores favoráveis ao PDL citam, como argumento para derrubar a medida de Bolsonaro, dados sobre a violência no Brasil, como o Atlas da violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento mostra que, em 2017, 65,6 mil pessoas morreram assassinadas no país, sendo que 47,5 mil, pouco mais de 72%, foram vítimas de armas de fogo.
Os senadores favoráveis ao PDL citam, como argumento para derrubar a medida de Bolsonaro, dados sobre a violência no Brasil, como o Atlas da violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento mostra que, em 2017, 65,6 mil pessoas morreram assassinadas no país, sendo que 47,5 mil, pouco mais de 72%, foram vítimas de armas de fogo.
O PDL já tinha sido levado à CCJ na última quinta-feira (5/6). Após o debate, cientes de que o cenário era desfavorável ao Planalto, alguns parlamentares da base, incluindo o líder do governo no Senado, Major Olímpio (PSL-SP), pediram a realização de uma audiência pública, mas não foram bem-sucedidos.
Debate acalorado
O senador Fabiano Contrato (Rede-ES) argumentou
que o decreto de Bolsonaro fere a Constituição Federal e o Estatuto do
Desarmamento, que é uma lei federal. "Um decreto presidencial não pode
violar uma lei federal. Trata-se de uma ação populista, imediatista, que transfere
a responsabilidade do poder executivo de pacificação armando a população",
atacou.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi na
mesma linha: "Quem está falando da inconstitucionalidade e da exorbitância
do decreto é a consultoria técnica da Casa. Aponta inconstitucionalidade e, por
nove vezes, diz que o decreto extrapolou o poder regulamentar. O presidente
quis animar sua base social".
Já Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) foi irônico em sua
fala. "Parece que estamos em um paraíso de segurança pública. Os governos
desrespeitaram as urnas do referendo e impediram cidadãos de ter acesso a armas
de fogo", afirmou, fazendo referência ao referendo de 2005, no qual 63%
dos brasileiros votaram a favor do comércio de armas de fogo. Flávio Bolsonaro
argumentou, ainda, que o tema já foi exaustivamente debatido nas
eleições.
Major Olímpio (PSL-SP), por sua vez, falou de
modo mais agressivo. "Deus é contra as armas, mas está do lado de quem
atira melhor", afirmou. "O que estamos discutindo, primeiro, é a
invasão de competência, está mais que demonstrado que não há. Soberania? O STF
defeca na nossa cabeça todos os dias. Hoje, vai cair o decreto e vai ser festa
na quebrada, nas facções. Só vai piorar para o cidadão. Parabéns, quem está
ganhando com isso é o mundo do crime", contra-atacou.
A senadora Elisiane Gama (Cidadania-MA)
rebateu. "O decreto presidencial não cumpre a lei. O Estatuto do
Desarmamento reduziu o número de homicídios. E o decreto muda a espinha dorsal
do desarmamento. No país, em 30% dos latrocínios, as vítimas são profissionais
de segurança que tentaram reagir. Nos Estados Unidos, de 100 que matam, 60 vão
pra cadeia. No Brasil, cinco. Não temos como comparar. A arma é indicativo
forte para termos mais violência. O Brasil mata mais que a Síria. Mais armas na
mão de brasileiros será mecanismo fácil para mais armas nas mão de
bandidos", disse.
Fonte: Correio Braziliense